20.6 C
Uberlândia
terça-feira, outubro 15, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosPlanta soja livre de transgênicos

Planta soja livre de transgênicos

Soja – Créditos: shurtterstock

Por César Borges* 

O Brasil é o maior produtor mundial de soja, uma potência que encontra mercado aberto e é reconhecido pela tecnologia e qualidade de seu produto. Uma parcela dos produtores rurais brasileiros – pequena, é verdade – ainda opta pelo plantio de soja livre, ou seja, não transgênica. Na safra 2021/22, estima-se que 2% da área cultivada em todo o país seja convencional, com Mato Grosso liderando, sendo responsável por cerca 45% dessa produção. No estado, 3,3% da área total será plantada com soja convencional. 

À frente do Instituto Soja Livre a partir de agora e pelos próximos dois anos, tenho a importante missão de fortalecer a imagem da soja convencional e fomentar o cultivo entre os produtores rurais brasileiros. Afinal, temos mercado aberto na Europa e um potencial se abrindo – a nossa principal cliente China. Só para se ter uma ideia, a classe média chinesa é maior que toda a população brasileira e eles precisarão do fornecimento regular de soja convencional para consumo humano.  

Uma pesquisa da empresa europeia Euromonitor revela que 55% dos consumidores daquele continente analisam o rótulo dos produtos em busca de indicação de que são alimentos livres de transgênicos, o que nos mostra que a qualidade pesa muito na hora das compras. A pesquisa indica ainda que 40% desse público está disposto a pagar mais por estes produtos, indicando que os consumidores de soja convencional e de produtos sustentáveis são um público fiel. 

Para o produtor rural também é um bom momento: a soja convencional está atrativa na comercialização, chegando a uma média de prêmio de US$ 6,00 por saca atualmente. Desta forma, a receita líquida fica positiva em relação à transgênica em até seis sacas a mais por hectare, chegando a mais de R$ 800 por hectare. 

Mas para chegarmos a uma grande área plantada de soja livre de transgênicos, precisamos percorrer um caminho de foco em tecnologia e marketing. Os produtores rurais brasileiros sabem fazer o seu trabalho dentro da porteira e não é à toa que se destacam mundialmente pela eficiência.  

O trabalho de comunicação e imagem do Brasil no exterior precisa ser bem feito e é algo discutido pelo agronegócio de forma geral há um bom tempo. É urgente mostrarmos nosso potencial, nossa forma de trabalhar e nossos produtos para o mundo. 

Neste esforço de comunicação, é fundamental divulgarmos o bem-sucedido modelo de trabalho que resultou na concretização da chamada “soja livre”, envolvendo consumidores, iniciativa privada e governo. Cada vez mais informados e exigentes, os consumidores clamam por produtos “limpos”, ambiental e socialmente corretos. 

Esta demanda foi prontamente identificada pelos elos da cadeia produtiva da soja. A pesquisa e o melhoramento genético nacional tiveram papel fundamental, sobretudo as sementeiras que se empenham em permanecer nesse nicho entregando excelência em qualidade. Os produtores ousaram, investiram e venceram o desafio de cultivar variedades convencionais, não-transgênicas. A indústria, de sua parte, abriu as portas para o grande mercado internacional, utilizando-se de sua expertise comercial e na experiência de desenvolvimento de produtos finais com as especificações reclamadas pelos consumidores.  

Todo esse esforço contou ainda com o apoio estratégico da Embrapa, que, de forma inovadora, investe na pesquisa, desenvolvimento e lançamento de variedades de soja não-transgênicas, de elevada resistência e alta produtividade. O resultado dessa soma de forças é a posição de destaque que a “soja livre” verde e amarela tem no mercado internacional.  

É preciso, entretanto, fazer mais.  

Cabe a nós mostrarmos a todos os consumidores que temos o produto que estão procurando, plantado e produzido com tecnologia e sustentabilidade. O Instituto Soja Livre buscará sempre estar à frente desta pauta como interlocutor dos produtores rurais, empresas, governos brasileiros e de outros países e, também, dos consumidores finais. 

*César Borges é empresário, conselheiro da Caramuru Alimentos e está presidente do Instituto Soja Livre (ISL) na gestão 2021-2023.  

ARTIGOS RELACIONADOS

Tecnologia da Epagri reduz riscos climáticos na agricultura familiar

Cobertura do solo com palhada é um dos princípios do SPDH

Safra recorde demanda tecnologia para solucionar gaps na logística

Entenda como inovações estão resolvendo questões para potencializar a eficiência do agronegócio em um momento importante para toda a economia do Brasil.

Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo, fala na 39ª Reunião de Pesquisa de Soja

Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo, é líder da pesquisa que identificou bactérias capazes de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas

Controle de pragas da soja via sementes

Artigo da Revista Campo & Negócios aborda o controle de pragas da soja via sementes. Confira como tratá-las e qual a influência na produtividade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!