Plantas daninhas na cebola reduzem a produtividade

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plantação de cebola
Crédito: Luiz Gustavo Grecco

Jéssica Lino Gomes
jessica.lino@ufv.br
Manoel Nelson de Castro Filho
manoel.nelson@ufv.br
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Mariane Gonçalves Ferreira Copati
Engenheira agrônoma, mestra e doutora em Fitotecnia – UFV
marianegonferreira@gmail.com

A interferência exercida pelas plantas daninhas reduz significativamente o crescimento das plantas de cebola, sendo uma das causas que leva à redução na produtividade da cultura. A interferência das plantas daninhas resulta na redução do porte e desenvolvimento inicial lento da cultura; as folhas ficam pequenas, delgadas e com pouca área foliar.

Na fase de bulbificação, a interferência das plantas daninhas provoca a bulbificação prematura e a parada precoce da emissão de folhas, o que resulta na produção de bulbos pequenos. Ademais, podem reduzir a produção de cebola por serem hospedeiras de pragas e patógenos da cultura.

Prejuízos das plantas daninhas na cebola

A cebola é uma das hortaliças mais sensíveis à interferência das plantas daninhas. A redução na produção de bulbos pode chegar a 30%, 68% e 94% quando o período da interferência após a emergência for de quatro, cinco e seis semanas, respectivamente.

Resultados de pesquisas realizados pela Embrapa apontam que, em média, os períodos críticos para a interferência das plantas daninhas na cultura são entre os dias 21° ao 63° para semeadura direta e do 27° ao 56° para transplante de mudas.

Regiões mais afetadas

Todas as regiões produtoras de cebola são sujeitas à alta incidência de plantas daninhas, uma vez que a alta fertilidade e a umidade do solo dos cultivos são altamente favoráveis ao seu desenvolvimento.

Ademais, deve-se considerar que fatores climáticos influenciam diretamente na incidência de plantas daninhas em algumas regiões de cultivo de hortaliças, principalmente no que diz respeito à pluviosidade, umidade do ar e do solo, e temperaturas.

Mesmo em regiões em que a pluviosidade é baixa, o uso da irrigação favorece o desenvolvimento das plantas daninhas. No entanto, em cultivos irrigados o controle é facilitado, se comparado a regiões com alta pluviosidade.

As regiões sul e sudeste são as principais produtoras de cebola no País, respondendo por aproximadamente 82% da produção nacional. Nesse contexto, devido ao Sul apresentar maior pluviosidade média, maiores dificuldades no controle são observadas nessa região.

As plantas daninhas causam grandes problemas à cebola, uma vez que a planta apresenta porte baixo e desenvolvimento inicial lento, permitindo a rápida germinação e emergência das plantas daninhas em qualquer fase de seu desenvolvimento.

Plantas daninhas na cebola: controle preventivo e curativo

Dentre os métodos de controle de plantas daninhas mais utilizados na cultura da cebola, destacam-se o cultural, o mecânico e o químico. Para escolha do melhor método, devem ser observadas a espécie da planta invasora predominante na área de plantio, a época de emergência e seu estádio de desenvolvimento.

O método mecânico é menos recomendado, uma vez que não elimina as plantas daninhas nas fileiras de plantio, e por muitas vezes danifica o sistema radicular e as folhas da cebola. Com isso, o uso de controle químico vem sendo considerado o método mais eficiente no manejo de plantas daninhas para essa cultura.

A escolha dos produtos deve ser em função de sua eficácia, da segurança, economia e recomendações técnicas. O período ideal para aplicação de herbicidas se dá no estabelecimento das plantas transplantadas, uma vez que se apresentam com déficit hídrico, reduzida atividade metabólica, e assim ocorre menor absorção e translocação dos herbicidas pelas mesmas, minimizando os possíveis danos por toxicidade.

Atenção

Nenhuma medida de controle é totalmente eficiente se utilizada de maneira isolada, sendo, portanto, o manejo integrado o mais indicado. Vale salientar que fatores como a escolha adequada de cultivares para cada situação de plantio é uma das práticas mais importantes, principalmente quando associada à rotação de culturas, ao manejo adequado da irrigação, à adubação do solo, ao espaçamento entre linhas, ao plantio em épocas adequadas, dentre outras.

Em sistemas agroecológicos, nos quais não é permitido o uso de herbicidas, o manejo de plantas indesejáveis pode ser realizado por métodos como a solarização do solo, ou pelo uso da cobertura do canteiro com papel-rolo.

Técnicas e produtos inovadores

Como técnicas de controle inovadoras pode-se citar o uso de coberturas plásticas do solo, conhecido como mulching, que visa controlar a incidência de plantas daninhas, além de melhorar a qualidade da lavoura, evitar erosão do solo e melhorar a capacidade de retenção de água.

Além disso, a utilização de híbridos corretos é imprescindível. Deve-se optar por aqueles que possuem alto potencial, quando cultivados em ambiente favorável, com bom arranque inicial, sendo essa uma vantagem em relação às plantas daninhas.

A escolha e a eficiência de cada um dos métodos de controle podem variar conforme as espécies de plantas daninhas existentes na área de cultivo, as condições climáticas, o tipo de solo, os tratos culturais, a rotação de culturas e a disponibilidade de herbicidas seletivos e registrados para a cultura.

A disponibilidade de herbicidas registrados, de mão de obra treinada e de bons equipamentos de aplicação são condições essenciais, principalmente no que diz respeito ao método químico.

Plantas daninhas na cebola: quais os erros e acertos

Os erros mais frequentes no manejo de plantas daninhas em cultivos de cebola provêm da falta de conhecimento da relação do sistema solo-planta. Pela falta de conhecimento dessa relação, os produtores acabam por tomar decisões de controle equivocadas, principalmente relacionadas ao momento exato e ao melhor método de controle adotado.

Quando se fala em conhecer a relação do sistema solo-cultura, nada mais é do que ter o conhecimento da área de cultivo, como: tipo e fertilidade do solo; plantas hospedeiras predominantes; principais métodos de controle já adotados na área escolhida para cultivo; características específicas da cultura principal e da planta hospedeira, como: morfologia radicular e foliar, forma de propagação, órgão comercial da planta principal (folha, caule, raízes, flores, frutos, tubérculos, bulbos, etc.).

A falta de conhecimento do Período Anterior à Interferência (PAI), Período Crítico de Prevenção da Interferência (PCPI) e Período Total de Prevenção à Interferência (PTPI), etc., tudo isso vai influenciar no momento exato e na melhor forma de controle a ser adotada.

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O controle inadequado de plantas daninhas antes e durante os primeiros dias do plantio da cebola é um dos erros mais frequentes, principalmente quando se realiza o plantio via sementes em vez de mudas. Sabe-se que as plantas daninhas, em sua maioria, apresentam elevado potencial competidor, se comparado à cultura principal.

Dessa forma, se o controle das plantas daninhas não for realizado de forma correta, no tempo exato, as perdas produtivas poderão ser elevadas. O período em que a comunidade infestante interfere na cultura assume grande importância para a adoção do programa de controle.

De forma geral, quanto maior for o tempo de convivência entre a cultura e a comunidade infestante, maior será o grau de interferência. Saber identificar a densidade e a distribuição das plantas oportunistas também são importantes fatores na determinação do grau de competição, e, com isso, adotar os melhores métodos de controle.

Manejo integrado de plantas daninhas na cebola

Outro erro frequente é a adoção de um único método de controle. O ideal seria o uso integrado dos métodos. Além disso, saber identificar a espécie invasora predominante, a época de emergência dessas e seu estádio de desenvolvimento é fundamental para se obter sucesso no controle.

Com relação ao controle químico, um erro frequente é a utilização de poucos princípios ativos. Há poucos herbicidas registrados para a cultura da cebola, o que induz o produtor a utilizar de poucos princípios ativos e em algumas situações utilizar produtos não registrados para a cultura (o que não é recomendado).

O uso exclusivo de um único princípio ativo, ou mesmo a não realização de rotação de culturas, pode ocasionar seleção de plantas daninhas, e com isso ocasionar perdas de produção, pois essas irão competir vorazmente por espaço, nutrientes, luz e água.

Conhecimento é fundamental

Ainda no que se refere aos herbicidas, a falta de conhecimento dos usuários sobre a escolha inadequada do produto; utilização de dosagens inferiores ou superiores às recomendadas; falha no ajuste do equipamento de aplicação e aplicação em épocas inoportunas tem impedido a obtenção de resultados positivos de controle.

Para evitar esses problemas, recomenda-se buscar informações técnicas dos produtos químicos com profissionais competentes. Qualquer herbicida possui limitações inerentes às suas características intrínsecas, devendo-se, portanto, conhecê-las a fim de procurar sempre tirar o máximo proveito da potencialidade dos mesmos.

Além disso, é muito importante realizar testes de aplicação prévios, para assim não correr riscos de danificar a cultura principal. 

Custos envolvidos

Estratégias para prevenir e combater as plantas daninhas na cultura da cebola devem ser utilizadas em conjunto. O custo vai variar, dependendo do grau de infestação, das espécies de plantas predominantes e do método de controle utilizado.

Os custos iniciais serão com a prevenção, com a utilização de medidas que visam impedir a introdução ou a disseminação da espécie indesejada. Nesse caso, são adotadas medidas como: uso de sementes de elevada pureza e vigor, sementes registradas e certificadas, que tragam garantia de qualidade para o cultivo.

A limpeza de equipamentos utilizados no preparo do solo é de suma importância; assim como a utilização de materiais de boa qualidade, isentos de propágulos de alguma espécie.

Quando se trata do transplante de mudas, deve-se adquirir mudas de qualidade, isentas de inóculos ou, quando forem produzidas na propriedade, deve-se atentar para escolha de sementeiras de qualidade, além de manter o controle manual das plantas daninhas.

Outros custos vão envolver a contratação de mão de obra, máquinas e implementos para realizar o controle e a compra dos herbicidas.

Em alguns casos, é válido a utilização de cobertura morta que, apesar do preço mais elevado, é uma prática eficiente no controle de plantas daninhas. Em grandes áreas, o controle químico torna-se o mais atrativo economicamente. Isso porque há redução de custos com mão de obra, pelo fato de diminuir o número de entradas na lavoura e a mecanização do processo de aplicação.

Se quiser ler mais conteúdos como este sobre a cultura do tomate, acesse o site da Enza Zaden.

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