Ana Elisa Lyra Brumat
Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciências do Solo – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
anaelisalbrumat@gmail.com
O plantio do cafeeiro envolve uma série de aspectos agronômicos importantes para garantir um bom desenvolvimento e produtividade da cultura. Devemos levar em consideração vários aspectos agronômicos, como a escolha da variedade, solo, altitude e condições climáticas, pois as diferentes variedades têm requisitos específicos para cada região.

Foto: Miriam Lins
A escolha das cultivares é uma decisão crucial que impacta diretamente a produtividade e a qualidade do café. Essas características vão desde a adaptabilidade a condições de seca e cultivo a pleno sol, à resistência ao ataque de pragas e doenças e precocidade de colheita.
A altitude é outro fator que influencia na qualidade dos cafés. É recomendado o cultivo entre 600 e 1.500 metros de altitude, respeitando o espaçamento mínimo entre as plantas.
As variedades mais comuns no Brasil cultivadas para cafés especiais, por exemplo, são Bourbon amarelo ou vermelho e os Catucaís, ambos com indicação de cultivo em altitude superior a 800 metros.
Além disso, a oferta de água em condição de plantio garante o bom pegamento das mudas e desenvolvimento radicular, e na florada do cafeeiro para garantir que a planta produza flores e “segure” os grãos.
Os métodos mais utilizados para a irrigação são por gotejamento e microaspersão, pois são localizados, evitando perda e aumentando a eficiência da irrigação.
As mudas e o solo
No plantio, deve-se escolher mudas vigorosas, com boa formação radicular, que foram aclimatadas (rustificadas) antes de irem a campo e saudáveis, livres de pragas e doenças. O sistema de propagação vegetativa é amplamente utilizado na formação de mudas.
O solo deve ser preparado com aração e gradagem, correção da acidez com o uso de calcário juntamente com o preparo do solo antes do plantio (transplantio) das mudas, que deve ser feita em covas com espaçamento que varia entre 3.000 até 7.000 plantas por hectare, dependendo da cultivar.
Atualmente, usa-se o espaçamento mais adensado, cerca de 2,5 – 3,2 m x 0,5 m entre ruas e linhas. Em suma, quanto menor o espaçamento, menor o rendimento por planta, mas a produtividade por hectare é maior.
Manejos gerais
Em algumas ocasiões, é necessário o replantio de algumas mudas, e com isso a proteção contra ventos fortes e incidência solar é necessária nas primeiras semanas após o plantio/replantio, que deve ser realizado geralmente na estação chuvosa ou quando as mudas estiverem em estado de dormência.
O solo deve ser bem drenado para evitar danos às raízes ao longo do ciclo da cultura, já que é uma cultura perene, ou seja, se produz por muitos anos. Também deve ser feita análise química para a recomendação da adubação da cultura.
Indica-se, ainda, podas de formação e manutenção da cultura, que ajudam no controle de pragas e doenças e auxiliam na colheita.
A colheita pode ser feita de forma manual ou mecanizada, contudo, a colheita mecanizada só é possível em áreas com relevo plano a ondulado. O manejo na pós-colheita também é muito importante no processo de produção para garantir a qualidade dos grãos de café.
Condições para o café de qualidade
Algumas das condições ideais para o cultivo são: solos profundos, de textura média, bem drenados, de boa fertilidade, pH entre 6,0 e 6,5 e com conteúdo de matéria orgânica. As condições climáticas ideais são: temperatura média entre 18 e 24°C, sem propensão a geadas e temperaturas muito frias, e precipitação bem distribuída, entre 1.200 – 2.000 mm ano-1.
Contudo, o cultivo do café enfrenta uma série de desafios que podem variar entre as regiões produtoras, como a suscetibilidade a doenças, como a ferrugem do café, e pragas, como a broca-do-café, sendo que o controle eficiente desses problemas exige medidas preventivas e a aplicação adequada de produtos fitossanitários.
Além disso, é importante um bom manejo integrado de pragas e doenças.
Flutuações de mercado
O preço do café também é suscetível a flutuações no mercado internacional, o que pode afetar a rentabilidade dos produtores, sendo um dos principais desafios econômicos da cultura.
Muitas vezes, a produção envolve custos significativos, incluindo insumos agrícolas, mão de obra e tecnologia. Manter a competitividade no mercado global pode ser um desafio em face desses custos, além da pressão crescente por práticas agrícolas sustentáveis e a demanda por cafés certificados.
Em termos de gestão ambiental e social, a falta de mão de obra qualificada para as atividades como a colheita e condições de trabalho, direitos trabalhistas e bem-estar social precisam ser atendidos.