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Plantio na hora certa reduz perdas de produtividade no trigo

Sérgio Ricardo Silva

Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Trigo

sergio.ricardo@embrapa.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O Brasil tem cultivado anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares de trigo, com produtividade média de 2.450 kg/ha nos últimos 10 anos, sendo, portanto, uma cultura de grande relevância para a economia nacional.

Os principais produtores de trigo do Brasil são Paraná e Rio Grande do Sul, que juntos têm representado quase 90% da produção do País (2008-17). Em termos de produtividade média nos últimos 10 anos, temos duas situações: para o trigo irrigado destacam-se o Distrito Federal (5.788 kg/ha) e Goiás (4.861 kg/ha); e para o trigo de sequeiro temos SC (2.712 kg/ha), PR (2.524 kg/ha) e RS (2.270 kg/ha) como os mais produtivos.

As maiores produtividades de trigo no Brasil têm sido obtidas em propriedades irrigadas de Minas Gerais e no perímetro agrícola do DF, com valores superiores a 7.000 kg/ha. No entanto, quando se considera apenas o trigo de sequeiro, podemos destacar como ambientes altamente produtivos a região dos campos gerais do Paraná (como Ventania e Ponta Grossa), e regiões de maior altitude dos três Estados do Sul, destacando as microrregiões de Guarapuava (PR), Abelardo Luz (SC) e Vacaria (RS), onde é comum a obtenção de produtividades entre 05 e 06 t/ha.

Sérgio Ricardo Silva, pesquisador da Embrapa Trigo - Crédito Arquivo pessoal
Sérgio Ricardo Silva, pesquisador da Embrapa Trigo – Crédito Arquivo pessoal

Tecnologias

Dentre as tecnologias disponíveis para o aumento da produtividade do trigo podemos destacar:

u Melhoramento genético, que permite a geração de novas cultivares de trigo com maior potencial produtivo, resistência a doenças e adaptação a diversos ambientes edafoclimáticos.

u Manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras, utilizando o conhecimento acumulado sobre a relação hospedeiro-patógeno-clima, que permite a indicação de técnicas culturais e agronômicas mais assertivas para cada situação e sistema de produção, incluindo a rotação de culturas, a opção por cultivares mais resistentes, a escolha da época apropriada de semeadura para promover o “escape“ de doenças e, quando necessário, o controle químico baseado no monitoramento e em índices de intensidade de danos econômicos.

A disponibilidade de novos e modernos equipamentos de pulverização tem possibilitado ao agricultor a realização do controle químico de pragas, doenças e plantas invasoras em grandes extensões de área e em curto espaço de tempo, permitindo a realização das atividades nos momentos mais apropriados.

u Adubação eficiente, realizada nos estádios fenológicos-chaves para potencializar a formação dos componentes vegetais de produção (perfilhos/planta, espiguetas/espiga e número de grãos-espigueta), utilizando fertilizantes com composição balanceada dos nutrientes e com aditivos para aumentar a eficiência dos adubos (como inibidores de urease).

u Irrigação, utilizada em áreas altamente tecnificadas, principalmente no Cerrado brasileiro, onde o trigo faz parte do sistema de rotação de culturas sob pivô central.

u Zoneamento agrícola, que associa milhares de informações de clima, solo e material genético, de modo a permitir o melhor posicionamento e a melhor época de semeadura de cada cultivar para cada ambiente edafoclimático, objetivando reduzir os riscos de perdas de produção devido ao déficit hídrico, geadas e chuva na colheita.

Trigo irrigado no Cerrado - Crédito Sérgio Ricardo
Trigo irrigado no Cerrado – Crédito Sérgio Ricardo

Desempenho da cultura

O bom desempenho da cultura do trigo depende de fatores ambientais e daqueles relacionados ao manejo agronômico, dentre os quais podemos destacar:

Fatores climáticos: disponibilidade hídrica adequada nos diferentes estádios fenológicos da cultura, principalmente nos primeiros 20 dias após a semeadura e na fase de enchimento de grãos. Temperaturas mais frias (em torno de 10-19 °C), principalmente para promover o perfilhamento e para minimizar o surgimento de doenças de espiga (giberela e brusone).

Fatores edáficos e relevo: solos com boa capacidade de armazenamento de água, porosos e não compactados ou adensados. Altitudes acima de 700 m, que propiciam clima mais ameno durante o ciclo da cultura e menor evapotranspiração, aumentando a eficiência de uso de água pelas plantas.

Rotação de culturas: promove a redução de pragas e de inóculo dos principais fungos causadores de doenças foliares do trigo (como as manchas amarela e marrom), além de melhorar a ciclagem de nutrientes e a estruturação física do solo.

O Brasil cultiva anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares de trigo - Crédito Shutterstock
O Brasil cultiva anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares de trigo – Crédito Shutterstock

Época ideal de semeadura

A época ideal de semeadura do trigo considera dois fatores principais: maximizar a produtividade por meio do cultivo em épocas mais favoráveis ao desenvolvimento das plantas; e minimizar os riscos de perdas oriundas de fatores ambientais adversos, como comentado anteriormente.

Para ilustrar as recomendações do ZARC, temos os exemplos abaixo para algumas regiões tritícolas:

Trigo irrigado no Distrito Federal - Crédito Sérgio Ricardo
Trigo irrigado no Distrito Federal – Crédito Sérgio Ricardo

–Na região tropical, mais quente e com inverno seco (Cerrado de MG, GO e DF), o principal objetivo é evitar a deficiência hídrica nos estádios de enchimento de grãos. Portanto, a semeadura deve ser realizada mais cedo, no primeiro trimestre do ano, nos períodos específicos estabelecidos pelo ZARC para cada região e cultivar. Porém, outro fator de risco não contemplado pelo ZARC deve também ser considerado, isto é, a ocorrência de brusone.

–No norte do Paraná, quente e com chuvas razoavelmente bem distribuídas ao longo do ano, o foco é evitar chuvas na colheita, sendo a época de semeadura indicada para o período compreendido entre o final de março e o início de maio. Àsemelhança do comentado anteriormente, o risco de brusone também deve ser levado em consideração. Deste modo, agricultores e pesquisadores têm observado que há redução de brusone quando se posterga o início da época de semeadura para meados de abril.

–No centro-sul do PR, em SC e no RS, é priorizada a estratégia de escape de geadas nos estádios fisiológicos compreendidos entre 07-10 dias antes até 05-07 dias após o florescimento. Portanto, a semeadura deve ser realizada mais tarde, normalmente de junho até agosto.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de julho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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