Autor
Amélio Dall’Agnol
Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Soja
amelio.dallagnol@embrapa.br
O boro (B) é um elemento químico essencial para o crescimento vegetal. Sabemos que os solos ácidos, arenosos e pobres em matéria orgânica são, via de regra, deficientes em B, sendo necessário suplementá-los com o nutriente para atender as necessidades nutricionais de cultivos como a soja, que necessitam de pequenas quantidades para desenvolver-se normalmente.
O B é classificado como micronutriente, visto ser absorvido em quantidades muito pequenas pelas plantas, ante a quantidade demandada em macronutrientes (N, P e K). Apenas para ilustrar, para cada tonelada de grãos de soja produzida, são absorvidos pela lavoura cerca de 80 kg/ha de N, contra apenas 80 gramas de B.
Na ausência do nível de B necessário para a cultura, o solo precisa ser suplementado ou disponibilizado via foliar, quando sua deficiência for detectada. Dada a reduzida quantidade do produto requerida pela lavoura, sua distribuição uniforme no campo é dificultada.
Embora o B seja necessário em pequenas quantidades, ele é tão importante quanto os macronutrientes, uma vez que a produtividade de um campo de produção agrícola é determinada – não pela quantidade de fertilizantes disponibilizados à cultura – mas pelo nutriente indispensável e presente em menor quantidade. É a Lei do Mínimo, de Liebig.
Via de regra, os solos brasileiros são deficientes em B (o nível crítico no solo é 0,3 mg/dm3), mas sua deficiência em soja é rara e difícil de visualizar. As cultivares respondem diferentemente à falta ou excesso de B.
Sua falta nas lavouras pode promover abortamento de flores e vagens, redução do crescimento da planta e do seu sistema radicular. Sem a presença de B pode não haver produção, porque sua falta inibe a germinação do grão de pólen e o crescimento do tubo polínico, indispensáveis para a formação do grão. Eventualmente, pode ocorrer excesso de B no solo, o qual se manifesta pelo amarelecimento total das folhas.
Disponibilidade
O pH é fator determinante na disponibilidade de B, sendo que a máxima disponibilidade ocorre na faixa de pH entre 6,0 e 7,0. Acima ou abaixo desses níveis, podem ocorrer deficiências do nutriente, razão pela qual o excesso de aplicação de calcário pode tornar o solo excessivamente alcalino e determinar a deficiência de B. A mobilidade do B na planta é bastante restrita para a maioria das espécies de plantas, mas sua mobilidade no solo é alta.
O B é bastante necessário no metabolismo de carboidratos, na absorção de água, na síntese de proteínas e no desenvolvimento das raízes, entre outros. Sua presença é mais requerida na fase reprodutiva das plantas – pegamento de flores e granação, principalmente.
Além das condições do pH no provimento do nível de B necessário ao desenvolvimento normal das plantas, a presença de bons níveis de matéria orgânica no solo também contribui para o fornecimento do B requerido pelas mesmas.
O produtor deve monitorar a fertilidade de seu solo por meio de análises químicas periódicas, tanto de macro quanto de micronutrientes. No caso de suspeita de deficiência de B, o recomendado é fazer uma análise do tecido foliar.
Na eventualidade de identificar-se deficiência de B nas plantas de soja (pela análise foliar), a suplementação do nutriente deve ser realizada preferencialmente nos estádios V4 ou V5.