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Processamento – A nova forma de agregar às frutas e hortaliças

Além de oferecer maior comodidade aos consumidores, que adquirem um produto já lavado e cortado, a produção de vegetais e hortaliças minimamente processados agrega valor aos produtos, o que tem atraído a atenção de agricultores em todo o Brasil.

Ainda que muitos acreditem que as hortaliças e vegetais minimamente processados são industrializados, isso não acontece. O termo “minimamente” é utilizado justamente porque as hortaliças e vegetais passam por um processo simplificado de produção, preservando praticamente todos os aspectos e características dos produtos in natura e acrescentando o benefício da comodidade, por ser um produto pronto para o consumo (lavado, descascado, cortado, sanitizado e fracionado de forma conveniente).

Caio Pulce Moreira, especialista em projetos da AJM Equipamentos, confirma que a principal vantagem oferecida pelas hortaliças e vegetais minimamente processados é a comodidade e praticidade para o consumidor, além de ser uma solução para a rotina corrida das famílias e pessoas que moram sozinhas, que ainda assim não abrem mão de produtos naturais e mais saudáveis, outra forte tendência mundial.

Para o público institucional (restaurantes, escolas, hospitais, etc.), ele informa que as vantagens mais valorizadas são a redução de mão de obra, economia de água, eliminação de desperdícios, redução da área de trabalho, dos custos de armazenamento, de lixo e a padronização dos cortes.

Mais rentabilidade do campo

Para o produtor rural, as agroindústrias, associações de produtores e unidades de processamento, o valor agregado de venda pode chegar a até 30 vezes o do produto in natura. “De forma geral, para iniciar uma unidade pequena, correta e com baixo investimento, recomendamos que se inicie com o Cortador de Folhas e Hortaliças e a Centrífuga industrial própria para vegetais e hortaliças, além de pequenas adequações no espaço físico e acessórios do processo (balanças, mesas, tanques, seladoras etc.). O valor do investimento é variável e específico para cada ideia de negócio (porte pequeno, médio ou grande), mas é importante contar com especialistas para orientar quanto ao melhor investimento”, pontua Caio Moreira.

Tendência de consumo

Pela experiência de Caio Moreira na montagem de unidades de processamento em todo o Brasil, ele estima que, atualmente, aproximadamente entre 5 e 15% da população consuma diariamente alimentos minimamente processados, demanda que vem crescendo rapidamente a cada ano.

“Mesmo durante o atual período de crise, muitos de nossos clientes têm aumentado a produção e investido em novos equipamentos, inclusive também para reduzir o custo da mão de obra. As etapas mais trabalhosas e obrigatórias que exigem um investimento inicial é o corte e a secagem. Já as outras etapas são menos trabalhosas e podem ser feitas de forma manual inicialmente, observando o porte do projeto e a intenção de cada empreendedor”, considera o especialista.

Por outro lado, projetos intermediários e mais mecanizados, com menos mão de obra, exigem mais equipamentos.

Praticidade para o dia-a-dia

Carlos Eduardo Felício é diretor comercial da Felício Horticultura, no Sítio Santa Cruz, localizado em Patrocínio Paulista (SP). Na década de 90, os irmãos Sérgio e Pedro Felício iniciaram o cultivo de hortaliças no intuito de agregar renda mais rapidamente, pois trabalhavam com culturas de giro mais demorado, como batata e milho.

Já nos anos 2000, Carlos, filho de Sérgio, e João Felício, seu tio, iniciaram a produção própria de hortaliças, seguindo os passos da família e tendo como referência seus conhecimentos de cultivo na produção de HF.

Com dificuldades para manter o quadro de funcionários somente com essa produção, pois no período de verão a exigência de mão de obra era maior, mas no inverno era preciso dispensar pessoal, os sócios decidiram buscar outra forma de renda para fugir dessa oscilação. Foi então que, no ano de 2012, criaram uma linha de produtos processados, já que eles trabalhavam diretamente com supermercados e viam demanda por esses alimentos nas lojas de fornecedores concorrentes.

Neste mesmo ano eles construíram uma pequena área de processamento, com três cômodos pequenos: uma área de lavagem, uma de seleção e corte manual e uma de embalagem e refrigeração. “Confesso que cheguei a pensar em desistir do segmento de processados, pois trabalhamos praticamente seis meses no prejuízo, já que não tínhamos nenhuma experiência na área nem onde buscar informação sobre a manipulação. Tivemos que aprender com nossos erros, e ir filtrando somente os processos que iam dando certo, sem contar que um produto novo leva tempo até a aceitação do cliente final”, relata Carlos.

E pelo pouco capital financeiro disponível dos sócios, o processamento dos alimentos começou de forma manual, como a lavagem e o corte. “Compramos somente uma pequena centrífuga, que é a base da boa conservação e da embalagem dos alimentos secos. A partir daí as vendas começaram a melhorar e a aumentar o giro de produtos, o que nos despertou para aumentar o mix oferecido. Foi em 2014, na tradicional Hortitec, feira que acontece em Holambra (SP), que tivemos contato com o pessoal da AJM. Optamos, então, por mecanizar o processamento, o que melhorou 100% do processo, tanto em qualidade como em volume”, conta o empresário.

Já no ano passado a Felício Horticultura passou por sua terceira expansão, melhorando cada vez mais sua qualidade e alavancando as vendas. Para Carlos, a maior vantagem de trabalhar com os minimamente processados está na variedade de verduras e legumes que podem ser manipulados, possibilitando, ainda, adequar a venda referente a cada estação do ano, com produtos voltados para o clima quente ou frio.

“Vejo que o mercado de minimamente processados ainda tem muito para crescer, pois, pelo que observo no dia-a-dia dos consumidores, quem começa a comprar essa linha volta a consumir, devido ao ganho de tempo de preparo, evitar o desperdício, entre outros. No entanto, para aqueles que desejam entrar na atividade, é fundamental investir em equipamentos, pois só com eles é possível melhorar o volume processado e a qualidade de corte, que se torna padrão. Um alimento seco na embalagem aumenta sua durabilidade, com a menor ruptura possível”, afirma Carlos Felício.

Da hidroponia para o processamento mínimo

A Chácara Hidroverdi, localizada em Rondonópolis (MT), iniciou suas atividades no dia 03 de março de 2009, com a produção hidropônica de duas mil cabeças de alface/mês, tendo chegado, atualmente, a 24 mil/mês, além de outras variedades.

Robson Correa Dauzacker, diretor financeiro da empresa, conta que sua produção enfrentou muitas dificuldades devido ao calor, visto que a cidade tem um clima muito quente, umidade relativa do ar baixa e sem ventos, condições nada propícias para a produção hidropônica. Entretanto, com a maturidade esse obstáculo foi vencido.

“Depois de alguns anos começaram a aparecer nossos primeiros concorrentes. Foi aí que resolvi inovar e partir para uma nova linha de produtos. Após uma feira de eventos conheci a AJM e me apaixonei pelas possibilidades propostas pela equipe. Comecei as pesquisas, contatos com parceiros e fornecedores, e hoje temos uma linha de aproximadamente 120 itens em nosso portfólio. Atendemos a maioria dos restaurantes, hotéis, cozinhas industriais, lanchonetes e supermercados da cidade”, orgulha-se o empresário, que tem como objetivo atender as necessidades dos consumidores, que se mostram cada vez mais ocupados e sem tempo para rotinas antes comuns, como descascar uma abóbora.

A meta de Robson continua sendo inovar, diante da concorrência. Para o futuro, ele acredita que a tendência será do consumo de somente minimamente processados. “Acredito que os supermercados vão criar salas de manipulação de alimentos para eles mesmos fazerem esses produtos. Assim há ganho de tempo, padronização de produto e mais qualidade final. Orgulhamo-nos de sair na frente – fomos pioneiros em hidroponia, depois em minimamente processados, e-commerce e agora com app. Meus concorrentes ainda estão na fase de tentar conviver com as intempéries do tempo, para produzir alface”, pontua o empresário.

De produtores rurais a empresários do agronegócio

No início de suas atividades, há 20 anos, Lúcia Kanbe Yamasaki era produtora rural familiar de hortaliças, e vendia diretamente para o consumidor, em feiras livres e varejões, de forma convencional. “As hortaliças e legumes, além de serem perecíveis, sofrem sempre, ao longo do ano, os estresses devido ao clima, o que prejudica seu valor de comercialização. Por isso, senti a necessidade de agregar valor ao produto final, claro, observando o mercado consumidor e suas necessidades”, relembra ela.

Foi daí que Lúcia iniciou a produção de alguns itens processados, mas no começo sem resultado satisfatório quanto à qualidade, pois todo o sistema era manual, e não atendia as expectativas de vendas.

No momento em que estava planejando mecanizar o processo, a produtora recebeu uma proposta de viajar para o Japão, onde ficou durante 15 dias observando o comportamento dos consumidores que necessitam descartar menos lixo, têm menos tempo de preparar suas refeições e as famílias são cada vez menores, sendo que cada um tem seus afazeres, seja no estudo ou no trabalho, uma tendência hoje mundial.

“Ao voltar, tivemos o contato de nossos parceiros da AJM Equipamentos, e fui convidada para participar de um workshop sobre minimamente processados em Campinas (SP), o que reforçou ainda mais minha certeza de estar no caminho certo. Foram dois dias de troca de conhecimentos com empresas com mais experiência que eu e que também trouxeram informações de fora do País”, conta Lúcia. Hoje, com a produção de minimamente processados, a produtora abriu outras linhas de comercialização e distribuição de hortifrútis para mercados localizados nas zonas leste, norte, leste e oeste de São Paulo, sempre tendo a AJM como parceira nos equipamentos dos quais precisa.

“Nosso diferencial diante de nossos concorrentes é a qualidade que entregamos, desde a colheita, com a escolha das melhores hortaliças e legumes, e os cuidados com o processamento e embalagem, que também são muito criteriosos. Dedicamo-nos a fazer o melhor, sempre, porque somos parte importante da alimentação que chega à mesa dos brasileiros”, considera a empresária.

Somos o que comemos

Edna de Jesus Reis Cardoso e Nábia Ribeiro Camilo são sócias da Bela Hortifruti, sediada em Brazlândia, próximo a Brasília (DF). Fundada há dois anos, desde o primeiro dia as duas empresárias já sabiam o que queriam e que, com trabalho duro, alcançariam o sucesso em um futuro breve.

“Fiz faculdade de Design e criei kits processados, o que abriu minha mente, me fez feliz e realizada. Compramos o local com duas redes de supermercados, pouco maquinário, sem câmara fria e gerador de energia. Com a dedicação, profissionalismo e amor ao que fazemos conquistamos mais de 70 clientes fixos, com um maquinário 100% melhor”, conta Edna Cardoso.

Já Nábia Camilo, bióloga e engenheira de alimentos há mais de 15 anos, cuida da qualidade da produção e, juntas, as sócias atendem diversos clientes, inclusive hospitais, graças à paixão e foco no que fazem. “Não paramos mais de crescer e em poucos meses pretendemos entrar na área de orgânicos”, revela Nábia.

Praticidade

Na opinião das empreendedoras, o setor de minimamente processados vai evoluir ainda mais devido à praticidade no preparo dos alimentos. “Basta abrir o produto que está pronto para o consumo, garantindo maior segurança na aquisição de hortaliças limpas e embaladas, alta qualidade sanitária, produtos frescos, saudáveis, padronizados, além da redução do desperdício e perdas, com custo-benefício bastante positivo”, pontua Edna.

Ainda segundo ela, atualmente 60% da população já conhece e consome esse tipo de produto. “O mercado de vegetais minimamente processados vem crescendo gradativamente ao longo dos anos, pois cada vez mais os consumidores buscam alimentos frescos e mais práticos. Embora os hábitos alimentares tenham grande variação nas diferentes partes do mundo, o consumo de vegetais minimamente processados pode ser considerado uma tendência mundial. Cada vez mais pessoas vêm compreendendo a importância de uma alimentação mais saudável e estão em busca de qualidade de vida e longevidade”, ressalta a empresária.

Edna e Nábia concordam que o surgimento das máquinas lavadoras, de corte, descasque e outras no mercado é a solução para o delicado e difícil problema de lavagem profunda e cortes padronizados. “Existem vários modelos, cada um com sua finalidade ou tipo de corte e lavagem, facilitando uma produção muito maior, eficaz e bela. Ressaltamos que 70% da nossa produção é própria, o que faz com que a qualidade e frescor sejam um grande diferencial. Somos detalhistas na armazenagem e aparência de todos os nossos itens”, afirmam.

Sobre a apresentação dos produtos, as sócias têm o lema: “Primeiro comemos com os olhos, em seguida vem o olfato e depois, o paladar”. E sobre a alimentação saudável: “Nós somos o que comemos”.

Tempero e saúde no mesmo prato

Giuliana Menconi Breda, assim como seu marido, José Maria Breda Jr, são engenheiros agrônomos e proprietários da empresa de minimamente processados Tempere, na cidade de São José do Rio Pardo (SP)

A ideia de entrar no segmento surgiu com a visão de crescimento deste mercado, pela necessidade da família moderna em que a dona-de-casa também é empresária, empreendedora ou trabalha fora de casa, não disponibilizando de tempo para preparar alimentos saudáveis para sua família.

“Decidimos, por um período de um ano antes de começar as atividades, iniciar um estudo e pesquisas em todo o setor que envolve a atividade, como: pós-colheita, processos, máquinas, embalagens, logística etc. No começo de 2015, então, a Tempere abriu suas portas. Tivemos dificuldades com a sazonalidade e qualidade dos produtos oferecidos pelos parceiros, pois diferente do que muitos pensam, no minimamente processado temos que trabalhar com matérias-primas de altíssima qualidade. E o sistema de troca adotado pelos supermercados que dificulta e pode até inviabilizar o negócio”, lembra Giuliana Breda.

Uma das conquistas ressaltadas por ela foi começar a produzir de acordo com as demandas de verduras e legumes, garantindo qualidade e segurança na cadeia alimentar. “Outra conquista foi a satisfação de clientes fiéis que temos hoje. Vejo nesse mercado o futuro, sem desperdícios, com alimentos frescos, saudáveis e práticos para o preparo”, considera a empresária.

Do amador ao profissional

Quando indagada sobre a concorrência, ainda que ache saudável ter opções para o consumidor, Giuliana Breda assinala que muitos aventureiros têm se arriscado na atividade, com os ‘picadinhos caseiros’, mas as empresas profissionais de minimamente processados, como a Tempere, que respeita e segue as normas exigidas pelo setor alimentício e vigilância sanitária, segue metodologias técnicas específicas para cada produto processado, utilizando equipamentos eficientes e elaborados para o processo dentro das normas de segurança, como maquinas de corte, centrifuga e lavadores. “Neste caso o consumidor escolhe o que quer consumir”.

Estágio atual da Tempere: “Sempre em busca de melhoras e crescimento, sem interferir na qualidade”. 

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