24.6 C
Uberlândia
segunda-feira, fevereiro 17, 2025
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosProdução de girassol: Cuidado com as demandas nutricionais

Produção de girassol: Cuidado com as demandas nutricionais

Gabriel SchaichEngenheiro agrônomo Physioatac Consultoriacontato@physioatac.com

Girassol – Crédito Shutterstock

Apesar da descendência europeia, a cultura do girassol apresenta boa adaptação ao clima tropical brasileiro e em função de sua rusticidade e boa tolerância a seca, sua produção avança como uma opção de manejo de segunda safra ou “safrinha” e, por apresentar uma demanda hídrica menor que o milho, permitiu o aumento de seu cultivo nos Estados de MT, GO e MG neste período, tornando estes os principais produtores da cultura no Brasil.

Em função do sistema radicular agressivo composto por uma raiz pivotante semelhante à soja, a cultura acessa profundidades não exploradas normalmente por outras culturas de grãos, o que, aliado à baixa exportação dos nutrientes via grãos, a torna uma ferramenta na ciclagem de nutrientes, com uma rápida liberação destes no solo em função de sua baixa relação carbono/nitrogênio nos tecidos.

Diferentemente de outras culturas, o girassol apresenta um desenvolvimento lento no início do ciclo até o aparecimento do botão floral e, a partir dali, ocorre uma mudança drástica em termos de atividade metabólica visando à formação e enchimento dos grãos que, em função de seu alto teor de óleo e proteína, apresentam até o final do florescimento um aumento na demanda por nutrientes e água. Por este motivo, é a fase onde normalmente identificamos os problemas relacionados à nutrição.

Limitações nutricionais

Além dos tradicionais manejos com nitrogênio, fósforo (P₂O₅) e potássio (K₂O), utilizados de acordo com as limitações da área em uma média de 40 a 80 quilos por hectare, em função de sua morfologia com grande inflorescência dotada de sementes com alto teor de óleo, outros nutrientes tornam-se limitantes à produção e merecem atenção.

Dentre eles, uma atenção especial deve ser dada ao micronutriente boro, normalmente deficiente nos solos brasileiros e que, especificamente para cultivos de alta demanda, como canola e girassol, pode influenciar grandemente a produção final.

Sua liberação para as plantas é influenciada diretamente pelas condições de umidade e temperatura do solo, uma vez que na ausência destes fatores, a decomposição da matéria orgânica seria muito lenta, a ponto de suprir a demanda deste elemento pelas culturas.

O elemento boro apresenta inúmeras funções na planta e sua importância para o girassol está na formação estrutural propriamente dita da planta e fecundação das flores, que após polinizadas por insetos, como abelhas, precisa realizar o crescimento do tubo polínico para posterior fecundação, um processo altamente demandante por boro.

A falta deste nutriente pode causar limitação no crescimento e falhas nos grãos, reduzindo significativamente a produtividade da cultura.

[rml_read_more]

Manejo

Dentre as opções de manejo, seja via solo ou folha, diferentes fontes de boro apresentam boa performance em cultivos de plantas oleaginosas, como o girassol. Em função da baixa mobilidade deste nutriente, quando aplicado via folha, as aplicações via solo apresentam, de modo geral, maior resposta, seguido de manejos aplicados via pulverização em pré-semeadura.

Neste sentido, se destacam fontes como o tetraborato de sódio e a ulexita, fertilizantes granulados que podem ser aplicados antes da semeadura, e o ácido bórico e o octaborato de sódio, sais solúveis que podem ser diluídos e aplicados em pré-semeadura via pulverização.

Independentemente da fonte utilizada, para uma boa safra devemos sempre pensar em ajustar o manejo de fertilizantes à demanda do cultivo. Fornecer boro à cultura do girassol é um exemplo deste equilíbrio, uma estratégia viável e assertiva rumo a boas produtividades.

GirassolQuais os benefícios para o solo e próximas safras?

Mariane Gomes NovalskiGraduanda em Agronomia – Unifio/Ourinhos (SP)mgnovalski@gmail.com

Adilson Pimentel Júnioradilson_pimentel@outlook.com 

Aline Mendes de Sousa Gouveiaaline.gouveia@unifio.edu.br

Engenheiros agrônomos e professores – Unifio/Ourinhos

O cultivo de girassol vem se tornando cada vez mais visado entre os produtores de culturas anuais. A planta é nativa da América do Norte e se destaca no cenário mundial, sendo a terceira oleaginosa mais plantada atualmente.

Se existe uma planta versátil, o girassol é uma delas, pois dela aproveitamos tudo. Das raízes, haste e restos florais que ficam no campo podemos reciclar diversos nutrientes importantes paras os futuros cultivos, além da matéria orgânica deixada sobre o solo, que eleva a porosidade e contribui para a diversidade da microbiota do solo.

Das folhas podemos aproveitar a ensilagem, e de suas belas flores podemos extrair as sementes, que são a parte mais visada para o óleo e de onde indiretamente é obtido o mel de abelhas, que visitam suas flores, contribuindo para a efetiva polinização.

Benefícios do cultivo

O cultivo de girassol se tornou uma ótima opção no sistema de rotação e sucessão de culturas em regiões onde há grande produção de grãos, principalmente. Para o médio e o grande produtor rural, ele preenche as necessidades de opção de rotação e sucessão de culturas, com vantagens sobre as outras plantas.

Possui ampla adaptação a diferentes condições climáticas e regiões, o que permite o plantio em épocas marginais para as outras culturas, como a soja e o milho, dada a sua menor sensibilidade à seca e a baixas temperaturas. Assim, permite o uso da terra em épocas diferentes da tradicional.

Muito utilizado na adubação verde, principalmente por ser seu desenvolvimento inicial rápido, o girassol promove a ciclagem de nutrientes que estão em um perfil não explorado, como no caso, o potássio. Pouco desse nutriente é exportado para o grão, deixando-o quase por completo para a palhada, que se decompõe rapidamente, disponibilizando, assim, potássio para as culturas subsequentes.

Além do potássio, outros nutrientes, como o nitrogênio, cálcio e boro são também reciclados e prontamente disponibilizados, melhorando as qualidades química, física e biológica do solo.

Ainda, por ser o sistema radicular pivotante e ramificado, ele trabalha na descompactação do solo, beneficiando as culturas posteriores, bem como por ser um agente protetor de solos contra a erosão. Além disso, o girassol possui efeito alelopático sobre várias plantas daninhas, inibindo sua emergência, principalmente de gramíneas, diminuindo ou, em alguns casos, até mesmo dispensando a necessidade do uso de herbicidas.

Como implantar a técnica

A cultura do girassol é pouco influenciada pela altitude e pelo fotoperíodo das regiões brasileiras, mostrando-se relativamente tolerante ao estresse hídrico, exigindo de 500 a 700 mm de água no solo, e resistente a baixas temperaturas. Contudo, é sensível ao excesso de chuvas.

O ciclo da cultura pode variar de 100 a 150 dias, a depender da cultivar e da época de semeadura, que está relacionada com a região, em regiões mais quentes entre janeiro e março, em regiões mais frias e chuvosas de agosto a outubro, e das condições do ambiente.

A densidade de plantas pode atingir 40 mil plantas por hectare, com espaçamento de até 90 cm e profundidade de plantio entre 4,0 e 5,0 cm, evitando o secamento da superfície ou a demora na emergência.

Adubação verde

Como adubo verde, o girassol deve ser incorporado ao solo oferecendo diversas vantagens, principalmente aquelas relacionadas à melhoria da fertilidade do solo e à diminuição da incidência de plantas daninhas.

Para essa finalidade, seu ciclo deve ser curto, podendo ser deitado ou incorporado ao solo sem dificuldade a partir de 60 dias da semeadura. Produz de quatro a 15 toneladas de massa seca por hectare após 60 a 80 dias da semeadura, dependendo da época de plantio e da fertilidade do solo.

Tem relação C/N favorável à sua rápida decomposição e pronta disponibilização de nutrientes para a cultura sequente. Apresenta, ainda, baixo custo de instalação, pois o gasto de sementes por hectare é pequeno. Na maioria dos casos, não necessita de adubação química, quando a finalidade é a produção de massa para fins de adubação verde.

Em campo

Estudos indicam que algumas culturas podem ser plantadas pós a adubação verde com girassol, como no caso, o milho e a soja. São culturas que respondem muito favoravelmente, com significativo acréscimo de produtividade, chegando, em alguns casos, a mais de 30% de aumento.

Além disso, ocorre também a diminuição do custo de produção, pois a incidência de plantas daninhas diminui bastante. Pode, também, ser plantado para fins de adubação verde nas entrelinhas de culturas perenes, como café, citros e outras frutíferas.

Erros

Os erros que mais interferem na produção do girassol são: má condução na colheita, na regulagem do equipamento, causando perdas de caráter quantitativo e qualitativo dos grãos. A ineficiência na execução das atividades agrícolas acaba comprometendo os resultados esperados.

Investimento x retorno

O cultivo do girassol apresenta bom rendimento econômico em termos de investimento/retorno, por ser de fácil manejo e baixo investimento. Produz óleo comestível de excelente qualidade e propriedades medicinais, com mercado garantido nas classes mais privilegiadas, possibilitando o aproveitamento da capacidade ociosa da indústria de extração.

ARTIGOS RELACIONADOS

Desenvolvimento da tecnologia além da globalização

AutorSamuel Henrique Departamento de Marketing do Grupo Moviminas O desenvolvimento da tecnologia além da globalização transformou nossa forma de viver. Em questão de segundos conseguimos...

Holambra Cooperativa Agroindustrial lança caroço de algodão compactado para nutrição animal

Com desenvolvimento de uma embalagem especial, Cooperativa prevê alcançar produtores que não possuem capacidade de armazenamento do produto à granel

Recuperação de cafezais é uma necessidade

O Brasil é o maior produtor mundial de café há décadas e com isso as lavouras podem estar ficando velhas, desgastadas e/ou depauperadas. Por um motivo ou outro, algumas propriedades não acompanharam as inovações tecnológicas, seja por falta de capital para investir em reformas, por problemas de administração, por longos períodos de seca, por ocorrências de diversos problemas técnicos, ou às vezes por não suportar as crises do setor, que podem ser uma situação cíclica igual a qualquer outra cultura ou empreendimento.

Ácidos húmicos – Mais umidade para o solo

Nilva Teresinha Teixeira Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!