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Produção de mamão no Brasil

Marcelo de Souza Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor do curso de Agronomia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF – Garça – SP)
mrcsouza18@gmail.com
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia e professora – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (UNIFIO)
aline.gouveia@unifio.edu.br
Veridiana Zocoler de Mendonça
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP/FCA
veridianazm@yahoo.com.br

O Brasil ocupa posição de destaque no cenário internacional de produção de mamão, contribuindo com cerca de 13% da produção mundial, o que equivale a 1,6 milhão de toneladas da fruta. Cultivada em uma área de 27,6 mil hectares, ocupa a segunda posição no ranking dos principais países produtores, ficando atrás da Índia, que produz 5,5 milhões de toneladas, equivalente a 44,5% do mamão produzido no mundo (Faostat).
O mamão é cultivado em todas as regiões do nosso país, com destaque para o extremo sul do Estado da Bahia e o norte do Estado do Espírito Santo, com produtividades médias de 64,8 t ha-1 e 51,5 t ha-1, respectivamente, superiores à média nacional em 2019, que foi de 48,38 t ha-1.
Vale ressaltar que os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais também vêm se destacando na produção de mamão nos últimos anos.

Oferta x demanda

A oferta de mamão no mercado interno sofre pouca sazonalidade em função da época do ano, fato associado ao cultivo dessa frutífera o ano inteiro. Contudo, em virtude dos menores preços praticados nos meses de setembro a janeiro, entende-se que a oferta neste período seja ligeiramente maior.
A cadeia produtiva do mamão emprega cerca de 33 mil pessoas, movimentando R$ 900 milhões no mercado interno e o total arrecadado com exportações já supera US$ 50 milhões. A União Europeia consumiu cerca de 87% do mamão brasileiro, mantendo-se como o principal mercado externo.
Vale lembrar que as exportações da fruta para os Estados Unidos também foram positivas. Embora os embarques de mamão para os EUA ainda sejam inferiores aos do Bloco Europeu, o total embarcado aumentou 14% em volume e 28% em receita, sobretudo no primeiro semestre de 2020, visto a menor produção mexicana não conseguir suprir o abastecimento de todo o mercado norte-americano, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex).

Custo e receita

O custo de implementação e manutenção de um plantio de mamão é variável, pois depende de diversos fatores, como local de instalação, uso ou não de irrigação, disponibilidade de mão de obra, entre outros.
A receita está ligada a fatores como oferta/demanda, tipo de mercado (interno ou externo), qualidade do produto e localização do mercado, ficando a estimativa do resultado financeiro na dependência da quantificação desses fatores. Para uma lavoura com densidade de 1.666 plantas ha-1, com uso de irrigação, estima-se um preço médio no 1º, 2º e 3º anos de produção de US$ 4.348,93, US$ 3.389,85 e US$ 2.027,80, respectivamente.
Neste sistema de produção, considerando o fluxo de custos e receitas para um período de três anos, projeta-se uma margem bruta negativa no primeiro ano, enquanto que, nos anos seguintes, ela se torna positiva, com rentabilidade líquida, considerando o fluxo total, de US$ 14.203,55, ou seja, uma excelente oportunidade de investimento.
A perspectiva de manutenção do elevado custo de produção ligado ao aumento marcante do dólar nos últimos anos influenciou a alta do peço dos insumos utilizados no campo, limitando a entrada de novos produtores.

Em 2020

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É importante destacar que a rentabilidade unitária do mamão apresentou menor índice no ano de 2020, em função da queda dos preços em alguns períodos, da maior disponibilidade da fruta, ocasionada pelos investimentos em área nos anos anteriores, e pelo surgimento da pandemia Covid-19.
A pandemia afetou a comercialização do mamão, principalmente no período de abril a maio de 2020, devido à paralisação e/ou redução de capacidade de restaurantes, hotéis, escolas e outros serviços de alimentação. O maior impacto sentido foi para o grupo Formosa, que acaba sendo o mais procurado por estas atividades, resultando em sobras no campo.
Na parcial do ano de 2020 (janeiro a setembro), o grupo Formosa foi vendido em média por R$ 0,47 kg-1 no Norte do Espírito Santo, valor 63% inferior ao do mesmo período do ano de 2019 e 13% menor que o mínimo estimado para cobrir os custos de produção.
Já o grupo Havaí ou Papaya, tipo 12 a 18, foi comercializado por R$ 0,91 kg-1 no Sul da Bahia, preço 66% menor e apenas 28% maior nas mesmas comparações, segundo afirma o Centro de Estudos Avançados em Economia (CEPEA-Esalq/USP).
Nos últimos meses de 2020, com a flexibilização da quarentena no País e a consequente retomada de algumas atividades, houve influência positiva nas vendas de mamão – cenário que deve seguir melhorando, de forma gradual. Porém, ainda pesa sobre o comércio desta fruta a economia nacional enfraquecida, que deixou o mercado mais sensível às elevações de preços.

Em 2021

A perspectiva para os próximos anos é a disponibilização de variedades de mamoeiro resistentes às principais doenças da cultura, tecnologias que melhorem a qualidade fitossanitária, organoléptica e a vida útil dos frutos, bem como a aplicação de práticas de manejo racional para o uso de solo e água nos pomares.
Com a execução desse plano estratégico, espera-se contribuir para um crescimento cada vez maior da cadeia do mamoeiro no Brasil. Segundo a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a meta é contribuir para o aumento sustentável da produtividade média nacional do mamoeiro em 12% até 2035, priorizando-se a redução no custo de produção.

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