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sexta-feira, abril 19, 2024
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Produção Lean na agricultura

Crédito Shutterstock

Daniela Andrade
Gerente de planejamento e controle de produção (PCP)
daniela.agronomia9@gmail.com

Podemos aplicar o Lean no agronegócio? Devemos. Princípios e ferramentas associados ao Lean Thinking são necessários no campo. O início dessa aplicação já vem apresentando resultados extremamente promissores – elevando a qualidade e produtividade do trabalho – e indica que a filosofia de gestão Lean tem muito a contribuir para as operações agropecuárias.

Mudanças

Tem-se vivenciado nos últimos anos no agronegócio um ambiente de mudanças significativas principalmente quando se pensa em gestão de custo e sustentabilidade dos processos.
Diante do atual cenário de competitividade as empresas do setor têm buscado e adotado ferramentas que trazem maiores rentabilidades sem perda de qualidade do produto final. Deste modo, é imprescindível o estabelecimento e implantação de estruturas organizacionais mais enxutas e flexíveis, combinada a uma abordagem sistêmica fortemente atrelada à redução de custos via eliminação de perdas.
Esta estratégia de mercado nos setores industriais é chamada de sistema Lean Production ou Produção Enxuta, que teve como origem o Sistema Toyota de Produção.

Fronteiras

Uma das mais recentes fronteiras do pensamento Lean é o agronegócio. Para a agricultura e pecuária esse conceito tem sido pouco explorado quando se trata das aplicações das ferramentas vinculadas ao pensamento Lean. Isso significa que podemos dar um salto no desempenho do setor e aumentar ainda mais o seu sucesso adotando uma filosofia e prática de gestão diferente, simples e inovadora.
A gestão Lean trata-se de um conjunto de princípios, fundamentos e técnicas de gestão, que representa fazer mais com menos – menos tempo, menos espaço, menos esforço humano, menos maquinário, menos material – e , ao mesmo tempo, dar aos clientes o que eles querem sem nunca perder o foco na qualidade.
O sistema Lean Production visa a identificação e minimização ou eliminação gradual das fontes de desperdícios/perdas, fundamentado em cinco princípios fundamentais: a definição de (i) valor, que é focado no cliente onde ele gera qual é esse valor, com isso determina-se a (ii) fluxo de valor, onde identifica quais etapas agregam e quais não agregam valor. Busca-se então à produção do produto utilizando-se de um (iii) fluxo contínuo; é a capacidade de produzir sem interrupções para atender às necessidades dos clientes com rapidez a partir de uma demanda eliminando estoque. Ou seja, usando lógica de (iv) produção puxada, que na agricultura pode ser considerada as vendas futuras a partir de uma estimativa de produção. A partir destes quatro princípios e da utilização de melhorias continuas (kaizen) é alcançado o quinto princípio fundamental que é a (v) perfeição do sistema, como destacado antes, a redução dos desperdícios proposta pelo Lean jamais pode afetar a qualidade do que é produzido chegando a perfeição.

Culturas beneficiadas

O agronegócio passou por intensas transformações com a vinda da agricultura de precisão, mecanização no campo, insumos agrícolas industriais e a biotecnologia, ampliando definitivamente o horizonte para a produção de alimentos de forma mais eficiente, portanto, com menos desperdícios. Então, todas as culturas podem e devem ser beneficiadas com a implantação do sistema Lean.
Para iniciar o agricultor precisa entender o fluxo de produção e seus possíveis erros assim as ferramentas de gestão Lean são capazes guiar o desenho e monitoramento do fluxo e seus obstáculos para mapear onde problemas podem acontecer e como evitá-los ou corrigi-los.
Para que o Lean funcione é essencial a participação do colaborador, principalmente daqueles que são os “chão de fábrica”. Esses colaboradores entendem todas as dificuldades do dia a dia e este deve estar treinado para desenvolver um pensamento Lean e criticar o processo através de uma metodologia.
Esse pensamento cria embasamento para resolução assertiva de problemas podendo ser bem elaboradas ou mais simples possíveis. Os problemas que são identificados como causa raiz estrutural ou que demande investimento devem ser analisados sua viabilidade e são para médio ou longo prazo.
Porém, quando se inicia e desenvolve o pensamento Lean a maioria dos desperdícios são resolvidos de maneira simples: modificando um local de uma mesa, por exemplo.

Produtividade

Os ganhos em termos de produtividade dependerão muito da dinâmica de cada agricultor. As experiências mostram que juntamente com as primeiras iniciativas de aplicação do pensamento Lean começam a aparecer resultados promissores, validando que esse conceito de gestão contribui de forma categórica para as operações do campo.
A técnica mostra ser complementar os avanços obtidos até aqui pelo agro nas últimas décadas, podendo levar o agronegócio a um novo patamar em termos de qualidade, produtividade, custos e eficiência.
Todavia uma operação para ser enxuta em qualquer setor carece de informações que retratem a realidade operacional e forneçam uma visão capaz de direcionar as decisões estratégicas. Para isso, é imprescindível um sistema de medição de desempenho com indicadores (KPIs) que possam monitorar os resultados alcançados com o emprego dos princípios do Lean Production.

Em campo

No plantio, por exemplo, a operação e a regulagem da semeadora influenciam diretamente na população final na lavoura e consequentemente na produtividade final da lavoura.
Quando estiver ocorrendo a operação de plantio pode-se medir o coeficiente de variação (CV). O CV que leva em conta a distribuição de plantas, o estande, e a porcentagem de falhas na linha e semente duplas. E se o coeficiente variar regula-se a máquina imediatamente e isso só será perceptível se for medido. Sem medir, torna-se um prejuízo oculto!
A partir do momento que identificado um desvio/problema deve-se ter a ação imediata se identificada e posteriormente aplicar-se ferramentas do Lean para identificar a causa raiz e fazer um plano de ação para que aquele desvio não ocorra mais.

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