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Produtividade da soja x aplicação de bioestimulantes

Rafael Rosa Rocha Engenheiro agrônomo, mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (UNEMAT) e assistente técnicoafaelrochaagro@outlook.com

Soja – Crédito: shurtterstock

A soja é a principal cultura de grãos no Brasil e tem sido verificado um constante aumento no seu custo de produção. O uso de bioestimulante e de bactérias promotoras do crescimento pode contribuir para reduzir estes custos, além de aumentar a produtividade de grãos.

O emprego de bioestimulantes no tratamento de sementes de soja mostra resultados promissores na potencialização do crescimento radicular e melhor absorção de N, economia de energia, aumento da resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos e consequente efeito positivo na produtividade.

Os bioestimulantes podem ser constituídos, entre outros, por nutrientes, hormônios, extrato de algas, aminoácidos, ácidos húmicos e fúlvicos e vitaminas que são ofertadas às plantas, de modo que apenas absorvam, encurtando os processos metabólicos, culminado em uma economia de energia que pode ser usada para aumentar a produção. Em função disso, cada vez mais se tem realizado trabalhos buscando entender e verificar a ação destes produtos em plantas.

Algas

Nos diversos rótulos, formas e substâncias existe uma linha de bioativadores formulados com o extrato da alga marinha Ascophyllum nodosum, mundialmente reconhecida por promover o crescimento das plantas e melhorar sua resistência frente aos estresses e ao ataque de pragas e doenças.

Essa variedade de alga é usada na agricultura há séculos e as pesquisas que atestam seus benefícios são amplamente difundidas, além de se tratar de uma matéria-prima limpa e renovável. Entre os muitos benefícios do produto estão: estimula o maior crescimento radicular e vegetativo; proporciona maior vigor e sanidade de raízes, folhas e frutos; potencializa a absorção e aproveitamento dos nutrientes disponíveis para as plantas; aumenta a tolerância da planta por estresses; proporciona maior brotação das gemas; indução e desenvolvimento de flores; melhora da escala de classificação dos frutos e incremento de produtividade. E o melhor disso tudo é que essa linha é 100% natural.

Atuação

Os bioestimulantes, por apresentarem em sua composição reguladores vegetais, atuam em todo o metabolismo vegetal, promovendo o desenvolvimento e crescimento da planta. Os reguladores atuam no crescimento por alongamento, extensão da parede celular e na germinação das sementes, por induzirem a síntese de enzimas que promovem a quebra e a mobilização de substâncias de reserva no endosperma das sementes.

Atuam, também, no crescimento pelo alongamento do caule, no desenvolvimento reprodutivo, além de afetar a transição do estado juvenil para o maduro, bem como a indução da floração e o estabelecimento da vagem, e ainda no comprimento dos internódios, na área foliar e no acúmulo de matéria seca, além de mobilização de nutrientes, formação e atividade dos meristemas apicais, quebra da dominância apical, retardamento da senescência de folhas e frutos, superação de gemas, síntese de proteínas, retardando a senescência, promoção de resistência a doenças, entre outras atuações, que contribuem para o ideal desenvolvimento da planta.

Tudo isso contribui para a formação de um maior número de vagens e enchimento de grãos, o que resulta em maior produtividade.

Como usar

O bioestimulante pode ser utilizado via semente de soja, com o tratamento de sementes, pouco antes da semeadura, ou também em aplicações no sulco de plantio. Também pode ser aplicado via foliar, em diferentes estádios, tanto no vegetativo quanto no reprodutivo. A quantidade de produto a ser utilizada depende de qual bioestimulante você adquirir. Na bula há indicação da dosagem ideal.

A aplicação de bioestimulante via semente busca estimular a germinação e emergência de maneira uniforme, favorecendo principalmente o crescimento do sistema radicular e também auxiliar a planta à maior tolerância a estresses e no sistema de autodefesa.

Com maior desenvolvimento do sistema radicular, as plantas conseguem melhorar o aproveitamento de água e nutrientes no perfil do solo. Isso impulsiona o crescimento da parte aérea, podendo refletir na produção. Além disso, plantas com sistema radicular mais profundo suportam por mais tempo condições de déficit hídrico.

O uso de bioestimulante em soja via foliar tem a função de continuar o desenvolvimento radicular em aplicações em estádio vegetativo, além de incrementar o número de vagens, número de grãos e produção por planta em aplicações em estádios reprodutivos.

Porteira adentro

O uso de bioestimulantes na cultura da soja tem sido amplamente estudado em diferentes estádios fenológicos, buscando melhorar a fisiologia da planta, refletindo em aumento de produtividade.

Segundo Bertolin e colaboradores, em 2010, em seu estudo os resultados foram que o bioestimulante proporciona incremento no número de vagens por planta e produtividade de grãos, tanto em aplicação via sementes quanto via foliar. 

Outros ganhos expressivos em estudos notam que a utilização de biostimulantes em sementes de soja ocasiona um incremento na assimilação de N na forma de nitrato na fase inicial. Essa característica é de extrema relevância, pois quando as plântulas dependem essencialmente do N do solo.

Considerando que a fixação biológica se estabelece a partir de V3, o crescimento inicial das plantas depende de outras fontes de nitrogênio, seja do solo, do fertilizante aplicado ou da reserva da própria semente.

Os resultados da influência dos bioestimulantes em soja, especialmente em relação à produtividade, têm sido mais expressivos em situações de estresse. Quando há falta de chuva, temperaturas muito elevadas, alta incidência de pragas e doenças, o uso de bioestimulante tem levado benefícios à lavoura. Já foi relatado incremento de 37% de produtividade em uma lavoura de soja com uso de bioestimulante em relação a uma em que não foi utilizado.

Já Cavalcante e colaboradores, em 2020, concluíram que o emprego em tratamento de semente promove uma maior capacidade de suportar um período de déficit hídrico. O uso de bioestimulantes promoveu aumentos significativos na produtividade na cultura da soja, além de maior proteção à planta.

Erros

Por apresentarem em sua composição mistura de compostos, deve-se atentar a vários fatores. Concentrações inadequadas ou doses altas resultam em desenvolvimento vegetativo excessivo ou desequilíbrio hormonal na planta, acarretando em perdas de produção, ou doses baixas das recomendações acabam não entregando ou não auxiliam as plantas a expressarem suas possibilidades.

Fatores como aplicações em estádios errados de desenvolvimento da planta também são um aspecto que deve ser avaliado cuidadosamente. Fatores climáticos e nutricionais também podem interferir, contribuindo para resultados não satisfatórios.

Assim, para evitar problemas, o produtor deve procurar informações junto ao agrônomo e/ou técnico responsável, para que possa ser feita a recomendação adequada, tanto da concentração como da época ideal de aplicação.

Além disso, se o produtor não estiver familiarizado com o emprego do bioestimulante, pode realizar testes de concentrações e épocas de aplicações em pequenas áreas, antes de realizar sua aplicação em área total. Dessa forma, o produtor chegará a resultados que correspondem à melhor realidade de sua região e de seu modo de produção.

Mesmo que sua utilização não reflita sempre no aumento de produtividade, é favorável o uso de um produto que contém elementos que equilibram o balanço hormonal da planta.

Viabilidade

Na prática de aplicação do bioestimulante, seja via semente ou via foliar, o custo de produção não seria tão impactado, pois utilizaria o produto em operações que você já realiza. Se você fornecer o bioestimulante nas sementes de soja, pode realizar a aplicação no mesmo momento da inoculação.

Caso faça via foliar, você pode utilizar o bioestimulante com as pulverizações de agroquímicos para controle de pragas e doenças. Desse modo, no custo de produção o aumento seria apenas do valor do bioestimulante.

É importante considerar os benefícios para a planta que os usos desses produtos podem levar. Devido à composição distinta dos bioestimulantes, é interessante atentar para o emprego adequado desses produtos, principalmente no que se refere a doses, estádios de aplicação e associação com defensivos.

Uma vez identificado o adequado posicionamento, os bioestimulantes proporcionam efeitos benéficos para a cultura da soja, possibilitando assim rentabilidade com o cultivo de soja.

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