O projeto que avalia o desempenho de novas cultivares de café para Minas Gerais está na fase de colheita da primeira safra. E, para acompanhar e divulgar os trabalhos, os pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e da Embrapa Café, responsáveis pelo trabalho, têm promovido dias de campo em fazendas, que receberam as Unidades Demonstrativas no Estado.
Até agora foram realizados oito eventos e outros dois estão marcados, um deles nesta terça-feira (14), em Santo Antônio do Amparo, e outro no dia 28 de maio, em Viçosa. “O objetivo desses dias de campo é apresentar as cultivares, as características de cada uma, falar da importância da escolha em função do local e cultivo, sistema de produção e nos interesses do produtor”, informa o pesquisador da EPAMIG, Gladyston Carvalho, coordenador do projeto.
Os encontros tecnológicos tiveram início, no mês de fevereiro, com a realização de um dia de campo em São Roque de Minas, na região da Serra da Canastra. Na época a colheita não havia se iniciado e os pesquisadores elaboraram e apresentaram uma nota estimativa de safra, por meio da colheita de duas plantas representativas das cultivares. A partir de então, ocorreram eventos em Vermelho Novo (Zona da Mata), Carmo do Rio Claro, Nepomuceno e Carmo da Cachoeira (Sul de Minas), Unaí (Noroeste de Minas), Ibiá e Patos de Minas (Alto Paranaíba), que somados reuniram cerca de 1mil produtores, técnicos e consultores.
“Temos realizado a colheita das plantas em litros para demonstrar o potencial e a variação entre elas, além do diferencial de maturação, algo importante para o escalonamento de colheita, que visa otimizar o processo”, detalha Gladyston Carvalho.
O projeto “Validação de cultivares de cafeeiros e transferência de tecnologias para as regiões cafeeiras de Minas Gerais”, conta o apoio financeiro da Fapemig/ Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), do Consórcio de Pesquisa do Café, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do INCT Café, e terá vigência por quatro safras.
Intercâmbio de conhecimentos
O pesquisador Gladyston Carvalho ressalta a interação com produtores de diferentes realidades como um dos principais retornos do projeto. “Dependendo da região há predomínio de produtores familiares, em outras de produtores empresariais. Todos buscando informações, querendo saber sobre as cultivares, com questionamentos diversos sobre o que estão vivenciando em suas propriedades. Além da recomendação das cultivares avaliadas, temos falado sobre colheita, mecanização, adubação, resistência à ferrugem, aos nematoides e ao bicho mineiro, e resposta à poda. Esses encontros se tornam grandes debates, bastante relevantes”, afirma.
Outro ponto destacado pelo pesquisador é a possibilidade de transferência de conhecimentos e de tecnologias adaptadas ao contexto da região. “A distribuição geográfica dos ensaios, apesar de ser um complicador em termos de deslocamento da equipe, está possibilitando aos produtores de todo o Estado, o acesso ao que se tem de mais novo e mais moderno em termos de cultivares de café. Trata-se de um motivo de orgulho ver o impacto do projeto nesse momento. Percebemos que produtores de diferentes regiões de Minas Gerais estão pensando em produzir café de forma eficiente e lucrativa”.
Segundo o pesquisador, esse engajamento reflete-se na motivação da equipe de trabalho. “Para nós é uma alegria muito grande. Temos conseguido aumentar o nosso conhecimento sobre a cafeicultura e as cultivares e acreditamos estar no caminho para chegarmos a recomendações cada vez mais assertivas. Ao final de cada evento, temos a percepção de que essa interação, é uma relação de benefícios mútuos, para os produtores e para a pesquisa cafeeira. É uma caminhada longa e ainda não temos como ter resultados conclusivos com uma colheita, mas isso já nos orienta para um futuro que parece promissor para a pesquisa, para os produtores, para a EPAMIG, para a Embrapa e para a cafeicultura Minas Gerais e do Brasil”, finaliza.