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Pulverização com drones e aviões

Autores

Vitor Muller Anunciato 
vitor.muller@gmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Proteção de Plantas e doutorandos em Agronomia – UNESP/FCA
Leandro Bianchi
leandro_bianchii@hotmail.com
Samara Moreira Perissato
samaraperissato@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres em Produção Vegetal e doutorandos em Agronomia – UNESP/FCA
Ronaldo Machado Junior
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e doutorando em Genética e Melhoramento – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
ronaldo.juniior@ufv.br
 

Crédito Shutterstock

A utilização de drones ou aviões na pulverização tem muitos passos em comum com a aplicação terrestre, diferenciando-se principalmente pelo nível de detalhamento a ser empregado. Ambos necessitam, por exemplo, de cuidados com as condições climáticas ideais para o voo e no preparo da calda de pulverização.

Essa é mais concentrada para os drones quando comparado à pulverização com aviões, sendo que em aviões utiliza-se em média 40 litros de água para cada 100 ml de defensivo agrícola, enquanto que os drones cinco litros para cada 100 ml, respectivamente.

Essa diferença de volume de calda se dá pela técnica de aplicação por ultrabaixo volume (8-12 litros/ha) e também pela altitude de voo dos drones, que é mais baixa do que a altura de aplicação dos aviões, que em média realizam aplicações com voos rasantes a três metros de altura em relação ao solo.

Precisão nas operações

Drones e aviões utilizam mapas gerados por GPS para definir o local de aplicação e as rotas que devem ser tomadas durante a pulverização. Os mapas gerados são seguidos pelo piloto com o auxílio do GPS do avião.

Para os drones, os mapas da lavoura são inseridos no software do drone, que levanta voo autonomamente, dirige-se até o ponto da lavoura onde necessita realizar a pulverização (por georreferenciamento), realiza o procedimento com a quantidade de produto previamente determinada e retorna ao local de origem, onde é reabastecido e repete-se a operação.

Drones e aviões são ferramentas similares, contudo, cada qual apresenta características específicas, como o rendimento, por exemplo. Uma aeronave varia entre 70 e 100 hectares/hora, enquanto um drone grande pode atingir cerca de 20 hectares/hora. Para compensar seu menor rendimento, os drones normalmente realizam pulverizações mais localizadas e precisas.

Alguns tipos de drones que possuem a capacidade de pairar no ar podem fazer aplicações planta por planta. Uma ferramenta não substitui a outra, pois cada uma tem suas vantagens e desvantagens, logo, essas técnicas são alternativas e ferramentas para ser conciliadas juntamente com a aplicação terrestre

Benefícios

A pulverização aérea, seja ela por drones ou aviões, permite uma aplicação muito mais rápida que os meios tradicionais. É possível pulverizar regiões e plantações em condições mais adversas (morros, encostas e plantas com porte elevado).

Como não há contato da máquina (avião ou drone) com o solo, é possível realizar aplicações com o solo encharcado. Essa característica também não gera possíveis danos, como compactação, disseminação de doenças e o amassamento das plantas, que pode representar a perda de três sacas por hectare, na cultura da soja, tomando como base uma produtividade de 60 sacas por hectare.

Outra grande vantagem na aplicação aérea é a viabilização da pulverização em plantas de grande porte, como cana-de-açúcar, bananeiras e silvicultura. Em contrapartida aos benefícios da aplicação aérea, o custo ainda é mais elevado em relação a terrestre, por exigir mão de obra especializada, além de ser necessário a presença de uma pista de decolagem e pouso, na área a ser pulverizada.

Erros

Um dos principais erros na utilização da pulverização aérea está associado à tecnologia de aplicação, muitas vezes o espectro de gotas formado não é adequado, diminuindo a eficiência da pulverização e favorecendo a deriva, o que pode causar a contaminação de áreas vizinhas.

A descalibração do GPS também é um erro frequente, no caso de aviões a aplicação é realizada em faixas de 15 a 20 metros, mas estas faixas podem se sobrepor ou não estar continuas se o GPS não estiver bem ajustado, deixando algumas áreas sem receber a dosagem certa e outras com superdosagem.

E, por fim, as condições meteorológicas são outra fonte de erro recorrente na pulverização aérea, as condições a serem monitoradas se dividem em temperatura, velocidade do vento e umidade. Em relação ao vento, é desejável que haja certa velocidade, mas que não ultrapasse os 15 km/h para não haver deriva do defensivo.

A falta de vento, por outro lado, pode deixar a gota suscetível à inversão térmica, fenômeno no qual é trocado a camada de ar que está em contato com a lavoura com a camada de ar que está mais acima, esse fenômeno faz com que as partículas de pulverização que estejam em suspensão subam e se percam.

Em relação à umidade, vale destacar que em plantas o alvo não pode estar sob estresse hídrico e nem ocorrer uma chuva forte após a aplicação, pois assim pode-se diminuir a eficácia do produto.

Para evitar os erros advindos dá má calibração e/ou falha do equipamento se faz necessário a constante manutenção e aferição do equipamento, a utilização de papel hidro sensível e outras ferramentas de calibração do equipamento de pulverização devem ser empregados. Para verificação do GPS, pode-se calibrar as faixas, verificando a cobertura das faixas com papel hidro sensível. Esses procedimentos garantem a boa deposição dos defensivos, garantindo a eficiência desejada.

Em relação às condições meteorológicas, deve-se atentar para a velocidade do vento, realizar pulverizações preferencialmente nas primeiras horas da manhã e, se possível, pulverizar as plantas de três a sete dias depois da chuva. Cuidando desses parâmetros meteorológicos, consegue-se garantir condições ideais de pulverização.

Custo

A Embraer, em seu site, cotou o custo para as pulverizações: R$ 8,00/ha para pulverização terrestre; R$ 9,33/ha para pulverização aérea utilizando gasolina de aviação e R$ 5,90/ha para pulverização aérea com motor a etanol. Esse levantamento da Embraer não leva em consideração o índice de amassamento. Quando colocado o custo das perdas por amassamento da cultura, o custo da pulverização aérea pode ser até 2,7 vezes menor que a pulverização terrestre.

Algumas aeronaves podem custar até US$ 1 milhão e para valer a pena o investimento precisa cobrir no mínimo 25 mil/ha ao ano. Para o grupo de agricultores que cultivam acima de 8 mil/ha, esse custo se paga em aproximadamente quatro anos.

Para agricultores que cultivam áreas menores, aeronaves mais baratas ou a terceirização do serviço são alternativas viáveis. Outra possibilidade para agricultores que queiram adotar a pulverização aérea e ter menor gasto inicial são os drones que possuem modelos que variam de US$ 15 mil até 400 mil. Essa é uma alternativa mais barata e que pode se pagar em dois anos, existindo também prestadores de serviço terceirizado, mas ainda são poucos em relação aos prestadores de serviço da aviação agrícola.

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