Klinger Moreira Lima Júnior – klinger.junior97@gmail.com
José Vinicius Ribeiro Silva – ribeirojosevinicius7@gmail.com
Lenise Oliveira Coelho – Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e membros do Grupo de Estudos em Proteção de Plantas (GPRO) – lenisecoelho1@gmail.com
Pedro Menicucci Netto – Mestre em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federa de Lavras – pedromenicucci2010@hotmail.com
Para se obter altas produtividades dentro do sistema de produção agrícola, é necessário a adoção de medidas com intuito de manejar pragas, doenças e plantas daninhas. Desse modo, o uso de defensivos agrícolas é fundamental.
Contudo, durante a aplicação dos produtos químicos, podem ocorrer perdas por meio de evaporação, volatilização e deriva, de modo que o alvo não seja atingido com sucesso. Em vista disso, a tecnologia de aplicação de defensivos assume papel importante na qualidade e segurança das aplicações, de modo a minimizar perdas e contribuir para o melhor desempenho dos produtos aplicados.
Neste sentido, é importante o emprego de conhecimentos que proporcionem a correta deposição do produto biologicamente ativo no alvo (pragas, doenças e plantas daninhas), bem como o conhecimento de todos os parâmetros relacionados com as pulverizações.
Como se sabe, os defensivos agrícolas se apresentam de diferentes formas: gotas, pó ou grânulos. Portanto, é fundamental determinar quais os bicos e pontas adequados para cada aplicação, e os métodos de calibração dos diversos tipos de pulverizadores utilizados no campo.
Tecnologia de aplicação e tipos de ponta de pulverização
A maioria das aplicações realizadas no meio agrícola é feita por via líquida. Ou seja, pelo sistema que transforma uma massa líquida em pequenas gotas. Para que sejam atingidos de forma eficiente, cada alvo biológico requer um tipo de bico e ponta de pulverização específicos.
Antes que sejam definidos os melhores equipamentos para cada condição, é importante elucidar a diferença entre bicos e pontas: o bico de pulverização é o conjunto que inclui as peças chamadas de corpo, peneira, capa e ponta. Portanto, entende-se que as pontas fazem parte da composição de um bico, esta que é responsável pela formação das gotas.
A inspeção das peças que compõem o bico é fundamental para o sucesso da aplicação, e devem ser trocadas ao apresentar sinais de desgaste. A referência deve ser a vazão nominal (presente na tabela de cada fabricante). Desse modo, quando um bico apresentar vazão acima de 10% da vazão nominal de um bico novo, ele deve ser substituído.
Não é recomendado utilizar como referência as horas de trabalho para substituição dos bicos, uma vez que esse critério nem sempre expressa a qualidade da aplicação. Além disso, a limpeza dos bicos deve ser feita ao fim de cada aplicação, utilizando escovas ou ar comprimido.
Pontas
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Quanto às pontas, existem vários modelos disponíveis no mercado, de modo que cada uma produz um espectro de tamanho de gotas diferente, bem como larguras e padrões diferentes de deposição.
A escolha do tipo e tamanho de ponta mais adequada depende do alvo, do produto fitossanitário aplicado, da superfície tratada e do volume de calda utilizado. Os modelos mais utilizados são: pontas do tipo jato plano (ou leque), e pontas de jato cônico.
Pontas de jato plano: como o nome já indica, elas produzem um jato em uma única direção e o seu uso é indicado para alvos planos, como solo, ou culturas de perfil uniforme. É comum a associação desse tipo de ponta à aplicação de herbicidas, visto que muitos destes são aplicados na superfície do solo. Entretanto, essa ponta também pode ser indicada para aplicação de inseticidas e fungicidas ao solo, no sistema aplique-plante ou plante-aplique.
As pontas de jato plano ainda podem ser classificadas em seis subtipos: padrão, uniforme, pontas de baixa pressão, pontas redutoras de deriva, pontas de injeção de ar e leque duplo.
As pontas do tipo cone podem ser basicamente de dois tipos: “cone vazio” e “cone cheio”. A deposição no cone vazio se concentra somente na periferia do cone, sendo que no centro praticamente não há gotas. No cone cheio, seu interior também é preenchido por gotas, o que proporciona um perfil de deposição mais uniforme que o do cone vazio.
As pontas de jato cônico são utilizadas na pulverização de alvos irregulares, pois como as gotas se aproximam do alvo de diferentes ângulos, proporcionam uma melhor cobertura da superfície.
Em campo
As maiores médias de produtividades obtidas estão relacionadas com diversos fatores, entre eles a tecnologia de aplicação. Com a alta eficiência na aplicação, a qualidade das práticas culturais é superior, o que potencializa o teto produtivo da cultura e diminui gastos extras, que muitas vezes estão relacionados a uma baixa qualidade de aplicação.
Em consequência, o controle de plantas daninhas e proteção em relação a pragas e doenças se torna mais eficaz, o que traz maiores ganhos em produtividade e lucro ao produtor. Para esses ganhos citados acima, é necessário utilização dos bicos corretos e respeitar as condições da planta e ambientais de aplicação.
Erros mais frequentes
Durante o processo de aplicação dos produtos químicos, até que atinjam o alvo podem ocorrer perdas, tanto na colocação do produto no seu alvo biológico como na perda de eficiência, devido a alguns fatores.
As perdas estão relacionadas com as condições ambientais no momento da aplicação, velocidade inadequada de trabalho, uso de equipamentos desregulados e inapropriados, escolha do produto incorreto e dose (subdose ou superdose), água utilizada e momento de aplicação, que deve levar em consideração o seu alvo.
Em relação às condições ambientais, deve-se levar em consideração temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, afim de evitar a evaporação, volatilização e deriva.
Para evitar as perdas, é necessário fazer a aplicação nas condições ideais, sendo elas: temperatura ambiente menor que 30°C, umidade relativa acima de 50% e ventos entre 3,0 a 10 km/h. Referindo-se a esses fatores, os mesmos estão relacionados à deriva, que é um dos erros mais graves em se tratando de herbicidas, pois pode atingir culturas vizinhas não tolerantes.
Desse modo, deve-se levar em consideração as propriedades físico-químicas do produto, o tamanho das gotas produzidas pelas pontas de pulverização, o tipo de bico utilizado e o uso de adjuvantes, para ajudar na colocação do produto em seu alvo.
Acerte no alvo
O uso de equipamentos regulados, com o volume de calda correto para cada tipo de defensivo, é indispensável para o sucesso da aplicação. Recomenda-se conferir todos os bicos antes de cada pulverização, com intuito de verificar o desgaste, entupimento, vazão e pressão de trabalho, para garantir que o produto seja colocado em quantidades corretas.
Além disso, para a escolha da ponta de pulverização, que está relacionada com o tamanho da gota, é necessário levar em consideração o tipo de produto que estamos trabalhando, se é de contato ou sistêmico. Produtos de contato precisam de uma maior cobertura foliar, ou seja, maior volume de calda e gotas menores, enquanto produtos sistêmicos exigem trabalhar com volumes de calda menores e gotas mais grossas.
Em relação à água, a sua qualidade é fundamental para máxima eficiência do produto. O pH, dureza, presença de matéria orgânica, argila e íons devem ser analisados antes da pulverização e levados a valores adequados de trabalho.
A dose deve ser sempre a recomendada em bula, para garantir a máxima eficiência na aplicação. Em relação ao momento de aplicação, quando nosso alvo são as plantas, evitar a aplicação de produtos fitossanitários em condições de estresse, pois a absorção será limitada, visto que o metabolismo estará reduzido.
Como agregar à técnica
Nas circunstâncias atuais, em que se busca maiores produtividades aliadas a um menor custo, a qualidade de aplicação, que está amplamente associada à tecnologia de aplicação, tem um papel fundamental. Com o uso de uma boa tecnologia de aplicação, é possível reduzir gastos com produtos, número de entradas na área, melhorar a eficiência e qualidade de aplicação, além de apresentar menores riscos ao aplicador, devido aos equipamentos utilizados na pulverização.
Vale ressaltar que a falta de conhecimento sobre a tecnologia de aplicação é um dos principais gargalos na agricultura tradicional, uma vez que nem todos os produtores têm acesso.
Custo envolvido
A mensuração do custo vai variar de região para região e se possui equipamento próprio. Para calcular o custo de aplicação, deve-se levar em conta a capacitação de funcionários por profissionais, conjunto de bicos corretos para cada tipo de aplicação, manutenção de equipamentos relacionados ao pulverizador, seja aéreo ou terrestre, utilização de adjuvantes corretos e tamanho da fazenda, em que grandes empresários do ramo conseguem melhores preços e condições de pagamento.
O custo sempre será maior, porém, o investimento traz grandes retornos ao produtor e ao ambiente.
Viabilidade
É evidente que a tecnologia de aplicação, visando sustentabilidade e sistemas de produção, só possui benefícios. O investimento, apesar de alto, se paga em pouco tempo, visto que, se utilizado de maneira correta, diminui o custo de produção.
Entre os benefícios, estão: diminui a perda de produtos, melhora a eficácia operacional da fazenda, diminui gastos com maquinário, além de garantir maiores produtividades, que é o objetivo principal dos produtores.