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Quais as melhores opções para a próxima safrinha?

Oliver Fernandes Graduado em Agronegócios e Gestão Públicafernandeso6264@gmail.com

Milho – Crédito: Shutterstock

O aumento da área de cultivo e médias produtivas de milho segunda safra vêm na esteira de bons panoramas da cultura da soja e que proporcionam ao produtor a oportunidade de plantios em épocas mais antecipadas

A safra 2019/20 é bastante representativa para os produtores de milho no Brasil, pois pela primeira vez na história da agricultura nacional foi possível ultrapassar a marca de 100 milhões de toneladas produzidas.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), há 40 anos precisávamos importar o cereal. No entanto, atualmente exportamos milho para mais de 60 países.

Segundo a Conab, nas últimas safras a área plantada e, consequentemente, a produção total de milho na safrinha foi em torno do dobro da produção de milho em 1ª safra.

É importante lembrar ao agricultor da importância da prática de Manejo Integrado de Pragas (MIP) para preservar os benefícios do plantio.

Por que o milho é o mais indicado

Hoje, temos investimentos altos que, aliados aos ajustes nas tecnologias e colaboração do clima, fazem com que a produtividade da safrinha suba ano a ano. O milho é a segunda maior cultura de importância na produção agrícola no Brasil, sendo superado apenas pela soja, que lidera a produção de grãos no País.

Os produtores adotam o plantio de milho em aproximadamente 20% das áreas, em cada ano, com o objetivo de melhorar a estruturação do solo e aumentar o rendimento das lavouras de soja. Essa estratégia ganhou importância em Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Regiões recomendadas para o milho

Por pertencer ao grupo de plantas C4, o milho apresenta taxa fotossintética elevada, podendo atingir taxa maior que 80 mg.dm-2 h-1, respondendo com elevados rendimentos ao aumento da intensidade de iluminação.

Falando de clima, o milho responde à interação de vários fatores climáticos, os de maior influência sobre a cultura são a radiação solar, a precipitação e a temperatura. Uma redução de 30 a 40% da intensidade luminosa ocasiona atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares tardias, mais carentes de luz.

Nas regiões sul e nordeste, a temperatura representa o fator mais limitante. Durante o período de germinação, as temperaturas ideais do solo para a cultura de milho estariam entre 25 e 30ºC, sendo que temperaturas do solo inferiores a 10ºC ou superiores a 40ºC ocasionam prejuízo sensível à germinação.

Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores a 26ºC aceleram o desenvolvimento dessa fase, e as inferiores a 15,5ºC o retardam. Cada grau acima da temperatura média de 21,1ºC nos primeiros 60 dias após a semeadura pode acelerar o florescimento entre dois e três dias.

Quando a temperatura é superior a 35ºC ocorre diminuição da atividade da redutase do nitrato, podendo alterar o rendimento e a composição proteica dos grãos. Verões com temperatura média diária inferior a 19ºC e noites com temperatura média inferior a 12,8ºC não são recomendados para a produção de milho.

O milho tem sido plantado principalmente no período chuvoso, uma vez que a cultura demanda um consumo mínimo de 350-500 mm para garantir uma produção satisfatória sem necessidade de irrigação.

Regiões recomendadas para a cultura do sorgo

No Mato Grosso, o sorgo já é conhecido como a cultura mais tolerante a condições de estresse hídrico, o que permite um período maior de cultivo, outra característica importante deste cereal, utilizado para alimentação animal e humana.

O grão de sorgo é comercializado de 75% a 90% do valor do grão de milho, e vem crescendo nos últimos anos no Brasil, principalmente no período da safrinha. O cereal é o quinto mais produzido em todo o mundo, atrás apenas do trigo, arroz, milho e cevada. O sorgo é usado na dieta alimentar humana na forma de farinhas em países da África, da Ásia e da América Central.

Também tem importância energética como ingrediente da alimentação animal nos Estado Unidos, na Austrália e na América do Sul. Existem, basicamente, quatro tipos de sorgo: granífero, sacarino, vassoura e forrageiro. A planta de sorgo não suporta baixas temperaturas, e no Brasil é cultivado em regiões e situações de temperaturas médias superiores a 20ºC.

No Brasil o sorgo é plantado desde os solos heteromórficos das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos latossolos das regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semiáridas do Nordeste.

O sorgo é uma cultura 100% mecanizável e usa os mesmos equipamentos de plantio, cultivo e colheita utilizados para outras culturas de grãos, como a soja, o arroz e o trigo.

O cultivo do girassol

O nordeste brasileiro é outra região que vem testando o girassol, com grandes possibilidades de sucesso. Nessa região, consiste numa cultura de interesse para a pequena propriedade. Em relação à produtividade de girassol, enquanto a média mundial é de cerca de 1.300 kg/ha, com extremos de produção de 2.700 kg/ha na Suíça e de 300 kg/ha no Marrocos, observa-se que a produtividade somente se destaca na França, país com vasta tradição de pesquisas com girassol, com média de 2.500 kg/ha.

Considerando que o girassol é uma cultura de segunda safra (ou safrinha) no Brasil, baseado nas produtividades alcançadas, estima-se que o País poderá vir a ser um dos protagonistas na cultura.

Regiões recomendadas para o feijão

No Brasil, a oferta de feijão ocorre na primeira safra, principalmente nas regiões sul e sudeste e na região de Irecê, na Bahia, cuja colheita está concentrada nos meses de dezembro a março.

A colheita da segunda safra ocorre entre os meses de abril e julho e a terceira safra, em que predomina o cultivo de feijão irrigado, está concentrada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás/Distrito Federal e oeste da Bahia, sendo ofertada entre julho e outubro.

O feijão é cultivado em mais de 100 países, porém, 63% da produção mundial é obtida em apenas cinco, sendo o Brasil o maior produtor e consumidor de feijão-comum. Apenas 8,0 a 10% da produção mundial destinam-se à exportação. Da quantidade importada, a maior parte é de feijão preto, seguido pelo feijão de cores e menos que 1% é de outros tipos de feijões. Os principais países exportadores para o Brasil são Argentina, Chile, Estados Unidos e Bolívia.

As regiões produtoras variam durante o ano. Considerando somente o mercado atacadista da cidade de São Paulo, o mercado do feijão é abastecido como produto remanescente da colheita de dezembro, do próprio Estado, alguma produção colhida no mês e complementada com produto dos Estados do Sul e da produção de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso do Sul.

Em março, os Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já encerram a colheita. Em abril, inicia-se a colheita da segunda safra, que vai até junho. Nesse período, volta a entrar produto do próprio Estado, de Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso.

Rondônia desempenha um papel importante no abastecimento nesse período. No início de junho, Rio Grande do Sul e Santa Catarina encerram suas colheitas e iniciam-se as do oeste da Bahia. Entre julho e agosto, às vezes, o mercado recebe produto importado. Em setembro encerram-se as colheitas do Paraná e das lavouras irrigadas de São Paulo, Goiás, Bahia, Mato Grosso e de Minas Gerais.

Novembro é considerado período de entressafra, a oferta é baixa e se restringe às safras precoces de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

Regiões para consumo da canola

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É interessante saber que os primeiros experimentos da pesquisa com o cultivo da canola em regiões tropicais foram implantados no início dos anos 2000, nos Estados de GO, MT e PB. A canola é uma cultura típica de clima temperado, cultivada na América do Norte, Europa, Ásia e Austrália.

No Brasil, o cultivo está concentrado na região sul, onde as temperaturas amenas favorecem o desenvolvimento das plantas. Os plantios de canola em baixas latitudes (entre 6,0 e 13ºC) têm priorizado regiões mais altas (acima 600m) e com regime de chuvas suficientes para garantir umidade no desenvolvimento da cultura.

No Mato Grosso, diversas iniciativas têm sido desenvolvidas. Para garantir o avanço da tropicalização da canola, um grupo de pesquisadores esteve na região prospectando demandas para detalhamento das inovações necessárias à viabilização do cultivo. Foram visitados experimentos na Universidade Estadual do Mato Grosso (UNEMAT – campus Tangará da Serra) e no município de Campo Novo do Parecis, localizados na região centro-oeste do Estado.

Regiões para cultivo do amendoim

Com pesquisas feitas pelo IBGE, o Estado de São Paulo, na região sudeste, é responsável por 75% da área total cultivada no País. No Nordeste, os principais Estados produtores são Bahia, Sergipe, Paraíba e Ceará.

O amendoim tem grande valor econômico no Brasil, sendo cultivados comercialmente nas regiões sudeste, sul, centro-oeste e nordeste. Na última década, três cultivares de amendoim foram lançadas para o mercado de alimentos.

O arroz

A lavoura de arroz irrigado no RS é considerada estabilizadora da safra nacional deste cereal, representando 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto) e gerando R$ 175 milhões em ICMS (Imposto para Circulação de Mercadorias e Serviços) e 250 mil empregos no Estado.

As várzeas subtropicais estão presentes nos Estados do Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e Paraná (PR). No RS, são encontrados cerca de 5,4 milhões de hectares de várzeas e em SC, aproximadamente 684 mil hectares. No PR, estima-se que existem cerca de 400 mil hectares, o que totaliza uma área de cerca de 6,5 milhões de hectares de várzeas na região sul do Brasil.

Nessas várzeas, anualmente, são cultivados com arroz irrigado cerca de 1,1 milhão de hectares, cuja produção supre mais de 50% da demanda nacional. Na região do Brasil Central há cerca de 12 milhões de hectares de várzeas, sendo a maior parte ainda sob mata ou pastagem nativa.

No Tocantins existem, atualmente, cerca de 40 mil hectares de terras sistematizadas para o cultivo de arroz irrigado. O cultivo do arroz irrigado presente em todas as regiões brasileiras destaca-se na região sul, sendo insignificante nas demais regiões.

A produtividade média está em torno de 6.400 kg ha-1, próxima das obtidas em países tradicionais no cultivo de arroz irrigado, ficando pouco abaixo das obtidas nos EUA, Austrália e Japão.

A quase totalidade do arroz produzido no Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresenta tipo de grão longo fino de alta qualidade de cocção, características exigidas no mercado brasileiro, principalmente nas regiões sul e sudeste. Cerca de 12% do arroz produzido no RS e 30% da produção de Santa Catarina são consumidos nos respectivos Estados, e o restante é exportado para os demais centros consumidores.

Soja em épocas antecipadas

Os benefícios da antecipação da cultura da soja vão além da colheita, gerando também a uniformidade de maturação, o plantio do milho safrinha com redução de plantas daninhas, um maior aproveitamento da umidade do solo e chuvas, a dessecação de plantas invasoras adultas, a eliminação de plantas daninhas jovens, o transporte de grãos com menos impurezas, entre outros.

Para uma dessecação eficiente é preciso monitorar a lavoura e identificar o momento em que a soja completa a sua maturação fisiológica. Neste momento os grãos passam a ter coloração amarelada e as plantas apresentam 75% das folhas e vagens amarelas.

Como não errar na escolha

Já faz certo tempo que a soja segue com importante destaque na produção brasileira de grãos, apresentando contínuos crescimentos, tanto na área plantada quanto na produtividade, tendo na eficiente adubação da soja um dos grandes responsáveis por esse sucesso.

Entretanto, a elevação do custo da adubação vem sendo motivo de grande preocupação dos agricultores, principalmente em razão do custo mais elevado na compra de fertilizantes. Por essa razão, é importante que nos atentemos às particularidades do manejo de adubação da soja, sem que existam desperdícios e que o potencial de produção da cultura seja assegurado.

Somente com a quantidade de nutrientes essenciais às plantas de soja, em quantidade adequada para o seu pleno crescimento e desenvolvimento, e livre da presença de elementos tóxicos durante todo o seu ciclo, será possível alcançar alta produtividade.

Destaca-se também a dose do fertilizante, local de aplicação e o momento da aplicação dos fertilizantes e corretivos. Erros na definição dos fatores descritos, como na dose de fertilizantes e corretivos, por exemplo, podem levar a resultados que dificilmente serão revertidos no curto prazo.

A importância da soja para a produtividade

A soja é a principal cultura agrícola do País, sem falar na importância econômica para a balança comercial brasileira. A soja é a principal fonte de renda do País e dos produtores rurais, tanto que lidera o ranking de produtos mais exportados há mais de 22 anos, ou seja, desde que o Brasil passou a registrar e divulgar os dados de vendas ao exterior.

O Brasil tem se tornado o principal fornecedor do grão para os chineses, maiores compradores mundiais do produto. A área de soja no Brasil passou de 11,3 milhões de hectares para pouco mais de 35,7 milhões de hectares, avanço de 216%. Aliado a isso, vem a produtividade média, que cresceu 43% desde 1997 até hoje, passando de 39,7 sacas, para 56,6 sacas. Estes dois fatores fizeram com que o Brasil conseguisse uma produção total atual de quase 120 milhões de toneladas.

Na terceira posição entre os que mais produzem soja está a Argentina, com uma produção próxima a 57 milhões de toneladas. Se na produção o Brasil bate na trave para ser o maior do mundo, nas vendas o País é campeão, com folga. Na última safra o País embarcou para o exterior nada menos que 101 milhões de toneladas, contra quase 60 milhões dos Estados Unidos.

O Paraguai vive uma situação parecida com a da Argentina, mas tem a vantagem de não ter um imposto tão elevado para o grão e, com isso, muitas vezes acaba vendendo seu produto para o próprio Brasil. Em 2018 embarcaram 190 mil toneladas para os brasileiros.


A realidade do campo

Para uma rotação de culturas verdadeiramente eficaz, é recomendável começar com um planejamento sólido: é preciso compreender a aptidão agrícola de cada cultura e como elas vão interagir entre si. Esse é um projeto de longo prazo, mas deve ser flexível para que o produtor possa atender demandas de comercialização dos produtos.

Cleber Veroneze Filho é agricultor e proprietário da fazenda Alvorada, em Maringá (PR), onde produz 470 ha de milho, chegando a 110 sc/ha de produtividade, com rentabilidade de 50 sc/ha.

“Culturas de inverno para nossa região são, primeiramente, milho e segunda opção trigo, porém, o trigo é escolhido somente em última instância. Escolhi o milho porque ele apresenta maior rentabilidade e estabilidade de mercado. Os benefícios começam por ser uma cultura que nos últimos anos tem trazido aumento de rentabilidade e novas tecnologias, com aumento de produtividade significativa na safrinha”, relata o produtor.

As expectativas de Cleber são relativas à produtividade, que pode ser abaixo da média devido ao atraso do plantio da soja, atrasando o plantio do milho, porém, com boa rentabilidade devido ao preço do milho.

No manejo, ele faz duas aplicações de fungicida, em pré e pós-pendoamento, sendo que na primeira é utilizado nitrogênio líquido. “Meu cultivo de milho é feito 100% consorciado com braquiária. Faço a semeadura da mesma na terceira caixa, no momento do plantio do milho”, conclui.

– A produção total de milho na safrinha foi em torno do dobro da produção de milho em 1ª safra

– O sorgo é conhecido como a cultura mais tolerante a condições de estresse hídrico

– O girassol é uma boa opção de safrinha

– A colheita da segunda safra ocorre entre os meses de abril e julho

– A canola está concentrada na região sul

– O cultivo do arroz irrigado destaca-se na região sul

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