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Quais são as novas variedades de alface com mais vigor e precocidade?

Autores

Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano – campus Morrinhos
rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br
Ana Paula Gonçalves Ferreira
ganapaula61@gmail.com
Gabriela Araújo Martins
gabrielaaraujo506@gmail.com
Graduandas em Agronomia – IF Goiano – campus Morrinhos
Fotos: Shutterstock

A alface do tipo lisa é tradicionalmente utilizada em saladas, enquanto que a americana, ou crespa, é mais preferida pela indústria de processamento mínimo por tolerar melhor o processamento, na rede de lanchonetes em sanduíches, devido a sua crocância, sabor e textura.

No Brasil, as alfaces mais conhecidas e consumidas são as crespas e as lisas, algumas das quais foram melhoradas para o cultivo de verão ou adaptadas para regiões tropicais, com temperaturas e pluviosidade elevadas, mas nos últimos anos também aparecerem cultivares roxas e com as folhas frisadas.

Praticamente todas as cultivares de alface desenvolvem-se bem em climas amenos, principalmente no período de crescimento vegetativo. A ocorrência de temperaturas mais elevadas acelera o ciclo cultural e, dependendo do genótipo, pode resultar em plantas menores, em função do pendoamento ocorrer mais precocemente.

Necessidade de novas variedades de alface

Na disputa pelo melhor produto, em um mercado cada vez mais competitivo, os produtores de alface têm buscado maneiras de aperfeiçoamento de suas técnicas, para alcançar uma alta eficiência na produção e na comercialização de produtos. Nas últimas décadas, impulsionado pelo mercado vegetariano, vegano e fitness, houve um aumento significativo da demanda por alface, e, consequentemente, por novas variedades que sejam mais resistentes a pragas e doenças, produtivas, nutritivas e que possuam uma melhor adaptação da cultura para cada região do país.

Entre as diversas cultivares disponíveis encontra-se uma ampla gama de diversidade de cores, consistência, formas e tamanho. Para a obtenção de uma maior produtividade, a escolha de uma semente de alta qualidade fisiológica é essencial, pois dessa forma será possível que se obtenha rápida e uniforme germinação, além de um maior vigor no seu desenvolvimento.

Evolução do melhoramento genético

Para uma melhoria da produção agrícola, a pesquisa agronômica é uma grande aliada no desenvolvimento de tecnologias para obter uma satisfatória qualidade dos produtos. Portanto, o uso de cultivares melhoradas geneticamente têm se aliado a um bom manejo ambiental, ocorrendo, dessa forma, melhor adaptação do genótipo, fazendo com que, dessa forma, a planta possa expressar seu máximo potencial produtivo.

Demanda

Em nosso país, as variedades de alface que apresentam maior procura são as crespas e lisas, e, devido a sua alta demanda, os melhoristas optaram por desenvolver variedades com maiores adaptações ao clima tropical.

Ainda, a alface do tipo americana tem se destacado por sua maior oferta no mercado e é uma das preferidas pela indústria para fins de processamento mínimo, nas redes de lanchonetes, devido a sua crocância, paladar e textura, além da sua resistência e conservação pós-colheita, transporte e manuseio, se comparada às outras cultivares.

Inicialmente, as características modificadas partiam da premissa de que as variedades de alface fossem tolerantes a altas temperaturas, além da resistência ao florescimento precoce e às pragas. Dessa forma, e em função da melhor adaptação ao ambiente, torna-se importante o desenvolvimento de variedades as quais sejam eficientes no uso da água e mais resistentes a altas temperaturas em função do aquecimento global.

Vigor e precocidade

Atualmente, o banco de germoplasma das empresas e instituições de pesquisas oferecem excelentes opções para suprir o mercado dos processados, que procuram materiais grandes e compactos, como o consumidor tradicional, que prefere alfaces de tamanho menores.

Além de tolerantes ao calor, as novas cultivares apresentam resistência às principais doenças fúngicas da cultura, a exemplo da fusariose, além dos nematoide de galhas radiculares, do gênero Meloidogyne. Estas são características relevantes, em razão de que a principal dificuldade que os horticultores enfrentam no cultivo de alface é o manejo de doenças.

Benefícios

O maior potencial fisiológico possibilita uma produção de mudas de tamanho e qualidade uniformes, além de apresentar grande vantagem em mudas que são transplantadas por serem mais fortes e vigorosas. Além disso, algumas variedades apresentam resistência a vírus, pendoamento e florescimento precoce em regiões de clima quente ou com dias longos.

Importante lembrar que, devido ao seu ciclo curto, a produção de hortaliças se caracteriza por trazer alto investimento por unidade de área, exigindo bastante do solo, além de abundante mão de obra, manejo dos tratos culturais e habilidade técnica e administrativa do responsável técnico e produtor.

Desta forma, em pesquisas realizadas, foi descoberto que a alface em sistema de cultivo consorciado (cultivo de duas culturas ou mais na mesma área) com outras hortaliças tem seu potencial produtivo aumentado. Dentre as hortaliças em que foi verificada a viabilidade agronômica em consórcio com a alface se destacam o pimentão, cenoura, rúcula, tomate, repolho e rabanete, todas obtendo resultado significativo.

Uma tecnologia que tem sido adotada por possibilitar a maior produtividade e crescimento da cultura da alface é o mulching (cobertura do solo com lonas plásticas), que favorece principalmente a menor temperatura do solo, baixa evapotranspiração da alface e menor compactação do solo.

No campo

Em função principalmente das mudanças climáticas, as variedades de alface tolerantes ao calor ganharam destaque nos cultivos hidropônicos, em condições de campo ou ambiente protegido. Vale ressaltar que estas apresentam resistência às principais doenças da cultura, tais como a fusariose e os nematoides das galhas do gênero Meloidogyne.

Ainda, as novas cultivares, além de apresentarem alto vigor e precocidade, mostram maior produtividade, atingindo o seu ponto de colheita em período melhor que as variedades ainda não melhoradas. Dessa forma, quando submetidas a condições de campo, estas ficam menos expostas ao calor devido ao seu menor ciclo, não comprometendo, dessa forma, a produtividade final.

Outra vantagem prática seria a possibilidade de que, em um mesmo ano, houvesse grande número de colheitas devido ao melhor escalonamento da produção. Dessa forma, além de utilizar com melhor eficiência a área de cultivo, tem-se maiores chances de sempre disponibilizar produtos frescos ao mercado consumidor.

Erros

De maneira mais ampla, um dos principais erros cometidos pelos produtores ao usar variedades de alface modificadas geneticamente é abrir mão do manejo da cultura e dos tratos culturais. Tal prática acarreta no aumento da densidade de pragas e doenças no cultivo.

Para que esses erros não se tornem recorrentes e que os cultivos posteriores não sejam afetados, o ideal é que as medidas fitossanitárias e os tratos culturais sejam devidamente aliados às variedades melhoradas. Dessa forma, a produtividade final e o vigor dos produtos não serão afetados.

Custo-benefício

Dentre o segmento das folhosas em nosso País, a alface é a hortaliça mais consumida, representando metade de toda a produção e comercialização deste segmento. Para a produção de alface, os maiores custos se verificam mediante os serviços realizados no cultivo, os quais somam cerca de 70% no custo total.

Portanto, para que seja possível um gerenciamento mais eficiente, faz-se necessário um planejamento técnico e econômico que inicia-se com a escolha da melhor cultivar para cada situação de cultivo.

Tendências

A produtividade e, consequentemente, a produção das culturas agronômicas crescem a cada ano no Brasil e grande parte deste sucesso deve-se ao melhoramento genético com o desenvolvimento de novas variedade de qualidade superior.

As hortaliças, de maneira geral, são consumidas frescas, tanto as de frutos quanto as folhosas. Para que os consumidores prefiram esse alimento, ele precisa estar com boa aparência, sendo que o mercado consumidor atual está cada vez mais exigente.

Uma variedade, ou cultivar, com alto potencial genético é uma importante ferramenta no manejo integrado de doenças de plantas, visando a produção de alta qualidade fitossanitária, essencial para a sustentabilidade da agricultura moderna.

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