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Quais são os aspectos fitossanitários do repolho?

Autores

Herika Paula Pessoa
Engenheira agrônoma, mestra e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
herika.paula@ufv.br 
Ronaldo Machado Junior
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Genética e Melhoramento – UFV
ronaldo.juniior@ufv.br
Crédito Welson Perli

Dentre as pragas que atacam a cultura do repolho, pulgões como o Brevicoryne brassicae (possui coloração verde, recoberto por uma camada branca, cerosa, e vive na face superior da folha) e o Myzus persicae (coloração geral verde clara, vive na face inferior da folha) causam danos consideráveis, levando ao encarquilhamento das folhas e definhamento da planta. Além disso, os pulgões também são transmissores de partículas virais que atacam as brássicas.

Outras pragas importantes são a lagarta-rosca (Agrotis ypsilon), que ataca as plantas novas, tenras, à altura do colo, matando completamente a planta; o curuquerê-da-couve (Ascia monuste orseis), em que lagartas atacam as folhagens e a lagarta-mede-palmo (Trichoplusia nii). As lagartas transformam-se em crisálidas na própria folha envoltas por um casulo fino de teia branca, atacam as folhas e fazem buracos que deterioram a qualidade o produto.

A broca-da-couve (Hellula phidileali) é outra praga, em que as lagartas alimentam-se da parte tenra das folhas, abrem galerias no caule e posteriormente perfuram o meristema apical, recobrindo-o com uma teia fina.

A traça-das-brássicas (Plutella xylostella), nos primeiros dois ou três dias de vida, penetram no interior da folha a se alimentam do parênquima. Em seguida abandonam a galeria e passam a alimentar-se da epiderme da parte inferior da folha, também causando danos relevantes à cultura.

Algumas pragas secundárias são a capixaba (Lagria villosa), paquinha (Grillotalpa hexadactila), o grilo (Grillus assimilis), e a vaquinha (Diabrotica speciosa).

O manejo integrado de pragas é a alternativa mais sustentável e economicamente viável. Nesse contexto, proteger os insetos benéficos, predadores, parasitas de pragas e realizar a amostragens periódicas a fim de decidir o momento ideal para iniciar o controle com produtos químicos e ou biológicos é essencial.

Doenças

Em relação às doenças que atingem a cultura do repolho, aquelas que causam mais preocupação são:

Podridão mole: causada pela bactéria Ervinia carotovora, que ataca a fase final da cultura em época quente e úmida. A infecção se dá a partir de ferimentos ou desequilíbrio nutricional, encharcamento dos tecidos afetados, seguindo-se de podridão mole, com exudação de um líquido gelatinoso com odor desagradável. Como medidas preventivas para essa doença recomenda-se evitar ferimentos nas plantas durante as operações de cultivo, combate às pragas, adubação equilibrada, maior espaçamento, arejamento e rotação de cultura.

Podridão de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum): apresenta manchas encharcadas, de formato irregular, que posteriormente ficam cobertas pelos escleródios. No campo, observam-se os sintomas nas folhas e nos pecíolos mais próximos ao solo e na cabeça. Cabeças de repolho colonizadas pelo fungo normalmente apodrecem. Esse patógeno é favorecido por alta umidade e temperaturas amenas.

Podridão negra (Xanthomonas campestris): pode atacar a cultura em todas as fases do ciclo. Na sementeira provoca a queda dos cotilédones prematuramente, amarelecimento em forma em “V” com o vértice voltado para o lado de baixo, acompanhando as nervuras, que se mostram coloridas de pardo a negro. Ferimentos de qualquer natureza favorecem a infecção. Medidas preventivas: uso de cultivares resistentes, evitar períodos quentes e úmidos, e fazer rotação de cultura por dois a três anos.

Hérnia das brássicas (Plasmodiophora brassicae): ocorre nas regiões sul e sudeste, onde predominam temperaturas amenas e alta umidade relativa. As plantas podem estar afetadas, mas não mostram sintomas na parte aérea. Com o desenvolvimento da doença, ocorrem subdesenvolvimento e murcha em horas mais quentes do dia, formação de galhas nas raízes, em função da hipertrofia das células e dos tecidos colonizados pelo fungo. As galhas têm tamanho variado, desde poucos milímetros até dez ou mais centímetros de diâmetro. A doença é favorecida por solos ácidos e úmidos, com temperatura entre 20 e 25°C.

Pratinho, enfezamento, acefalia ou anel escuro: a doença foi identificada recentemente e vem causando danos a esta cultura, portanto, ainda é de etiologia desconhecida. Estudos recentes associam essa doença a um fitoplasma. Não há ainda certeza sobre os vetores, mas sugere-se que várias espécies de cigarrinhas estejam envolvidas na sua transmissão. Sintomas típicos são clorose foliar acentuada, enfezamento generalizado, avermelhamento intenso de nervuras, superbrotamento na base da planta, má formação da cabeça, folhas e órgãos florais. Um sintoma interessante é a formação de um anel escuro na haste, na região dos vasos condutores.

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