Autor
Paulo Christians
Diretor da Bejo Sementes do Brasil
Muitos nos perguntam o porquê da tão limitada oferta de genética diferenciada de repolhos no Brasil. Perguntam porque sabem que somos muito atuantes nessa cultura na Europa e em muitas outras importantes regiões produtoras.
Talvez a boa resposta passe pela baixa tecnificação e, portanto, rentabilidade da cultura. Muitas vezes o repolho no Brasil é plantado com pouco trato cultural, aproveitando-se os restos de adubos no solo, provenientes da cultura anterior.
A traça e as cigarrinhas requerem muito controle, tanto do próprio campo de produção como das áreas vizinhas. Nem sempre o pequeno produtor se atenta suficientemente a seus controles.
A rotação de culturas é fundamental para evitar tantos problemas sérios provenientes do solo, como a hérnia. Mas, o repolho ainda é uma das hortaliças mais baratas que se encontram nas feiras ou supermercados e, por isto, é amplamente consumido. E por ter grande aceitação, é muito plantado.
Muitas são as dificuldades para quem quer produzir repolhos de qualidade e ainda assim conseguir uma rentabilidade interessante. Os custos não são baixos para quem segue as receitas de tantos especialistas, desde o preparo de solo, passando pela produção de boas mudas, fazendo o correto controle de pragas e tomando medidas para que o produto chegue em boas condições ao consumidor.
Revolução tecnológica
Seguindo na busca de uma boa resposta à pergunta sobre a baixa oferta de genética, cremos que a cultura do repolho precisa passar por uma revolução tecnológica, que permita o investimento necessário e garanta rentabilidade a toda a cadeia, oferecendo assim uma qualidade superior ao mercado.
Estamos vendo surgir alguns projetos muito interessantes de plantio adensado, transplante e colheitas automatizadas e excelentes programas de manejo de pragas e nutrição. Será necessário ainda uma melhora grande no resto da cadeia, da porteira da fazenda à prateleira do mercado.
E, por que somos apoiadores dessa revolução tecnológica? Porque somente as boas práticas permitirão a rentabilidade do setor e, assim, estimularão o desenvolvimento de genética cada vez mais adaptada às nossas condições, que não são fáceis para o repolho. Como em tantas outras culturas, híbridos de ponta garantem a boa produção em mercados cada vez mais exigentes, sob condições cada vez mais adversas.
Concluindo: um grande mercado, como o brasileiro, só pode ser atendido com boas práticas e genética adaptada. A rentabilidade patrocina a pesquisa e gera resultados a todos.