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Qual o poder do bioestimulantes na agricultura?

Autor

Paulo Roberto de Camargo e Castro
Doutor e professor titular – ESALQ/USP
prcastro@usp.br
Gabriela Romêro Campos
Graduanda em Engenharia Agronômica – ESALQ/USP

Crédito: Shutterstock

O bioestimulante obtido do extrato de alga Ascophylum nodosum foi aplicado na irrigação de Arabidopsis thaliana sob condições de salinidade. Prithiviraj, na Truro University, observou que a fertirrigação de A. thaliana com extrato de A. nodosum melhorou o desempenho da planta-teste sob condições de estresse salino.

Utilizando a técnica de micro arranjo, o autor notou que no primeiro dia 16% dos genes expressos eram fatores de transcrição e 2,2% eram reguladores de estresse biótico. Os extratos de algas estão relacionados com a repressão e expressão de genes que podem promover mudanças na síntese de proteínas e enzimas necessárias ao vigor e tolerância das plantas contra estresses.

Mostrou-se que componentes lipofílicos (LPC) da alga marrom A. nodosum aumentaram a tolerância ao frio em A. thaliana. Deste modo, investigou-se se LPC induziu mudanças no transcriptoma e metabolônica da Arabidopsis sob estresse de frio.

Extratos de algas atuam nas plantas por meio de elicitores capazes de promover a expressão e repressão gênica. Em seguida ocorre a transcrição capaz de ativar enzimas como a nitrato redutase, promovendo maior absorção de nitrogênio e transporte do nutriente, melhorando a nutrição mineral das plantas.

A transcrição também ativa proteínas da membrana, facilitando o movimento de íons e a nutrição. Além disso, incrementa a atividade de fosfatases capazes de aumentar a absorção de fósforo a ser utilizado pelo vegetal.

Finalmente, a transcrição pode levar à formação de um complexante que pode incrementar a mobilidade de diversos nutrientes essenciais.

Aplicações agrícolas

Os bioestimulantes foram introduzidos de forma mais efetiva como insumos agrícolas nos últimos anos como fitoquímicos de menor impacto na natureza, podendo, por meio de mais pesquisa e desenvolvimento, demonstrarem seu potencial de eficiência.

Observou-se, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, que aplicações de aminoácidos mostraram aumentos na atividade enzimática, incrementando a nitrato redutase, que catalisa os três últimos passos na redução do nitrato a nitrito em folhas e raízes de soja.

Também aumentaram a atividade da glutamina sintetase, que catalisa a condensação de glutamato e amônia para formar glutamina no metabolismo do nitrogênio. Aminoácidos incrementam a concentração de proteínas totais solúveis, macromoléculas orgânicas formadas pela sequência de vários aminoácidos unidos por ligações peptídicas, com diversas funções na planta.

Além disso, verificou-se que aminoácidos aplicados em videira ‘Rubi’ durante as fases vegetativa e vegetativa + reprodutiva tenderam a aumentar a relação diâmetro/comprimento das panículas.

Finalmente, observamos que aminoácidos aplicados na fase vegetativa + reprodutiva tenderam a aumentar a produção do cafeeiro ‘Icatu’. Extratos da alga Ascophyllum nodosum em doses de 8,0 ml L-1, utilizados no tratamento por imersão durante 10 minutos, em sementes de feijão ‘Alvorada’, aumentaram a porcentagem de plântulas normais, a velocidade de germinação, o índice de vigor, o comprimento das plântulas e a uniformidade da emergência.

Também incrementou o teor de prolina em plantas sob déficit hídrico. O extrato de alga em 100 ml/100 kg de sementes aumentou a altura da soja ‘TMG 115 RR’, o comprimento das raízes, o número e a massa de vagens e de grãos colhidos.

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