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sexta-feira, abril 19, 2024
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Recomendações de calagem para o café

Crédito Satis

Mauro Magalhães Leite Faria
mauro.faria@ufla.br
Marina Scalioni Vilela
marinasv3p@gmail.com
Alisson André Vicente Campos
alissonavcampos@yahoo.com.br
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia/Agronomia – ESAL – UFLA

Na maioria dos solos brasileiros onde estão implantadas lavouras cafeeiras que apresentam boas características físicas, porém, com características químicas inadequadas, como acidez, altos teores de alumínio, baixos teores de cálcio, magnésio e fósforo. Desta forma, a correção do solo se torna imprescindível para a implantação e manutenção da cultura nesses solos.
Assim, a aplicação de calcário e gesso tem que estar no planejamento de qualquer fazenda antes da implantação e mesmo com a cultura já desenvolvida. O calcário, além de ser um dos insumos mais baratos da agricultura, tem a capacidade de corrigir a acidez do solo, aumentando o pH, consequentemente, aumentando a disponibilidade dos nutrientes do solo para a planta, e por fim a eficiência dos fertilizantes aplicados.

Ação da calagem

A calagem também tem o poder de indisponibilizar o alumínio, que é um elemento tóxico à cultura, além de aumentar os teores de cálcio e magnésio, que são elementos essenciais a qualquer cultura.
Porém, o calcário, por suas propriedades químicas, tem baixa movimentação no solo, corrigindo o solo principalmente na região de sua aplicação. Por isso, para uma aplicação eficiente, além de usar a dosagem recomendada, deve-se fazer a incorporação o mais profundo possível, com uma mistura uniforme do solo e o corretivo, por meio de aração e gradagem.
Como o café é uma cultura perene, e após o plantio torna-se inviável a movimentação do solo, a correção do perfil deve ser muito bem feita antes do plantio, pois será a única oportunidade de fazer a incorporação do calcário.
A cultura do café pode ser explorada por muitos anos depois de sua implantação. Como aplicação de adubos nitrogenados, lixiviação de cátions, exsudação de H+ pela própria planta, entre outros, em alguns anos haverá novamente a acidificação do solo, tornando necessário novas aplicações de calcário, que deverão ser feitas apenas superficialmente, devido à dificuldade de incorporação em lavouras já implantadas.
Assim, terá sua eficiência principalmente nos primeiros centímetros do solo, com baixa ou lenta eficiência na correção do subsolo.

O gesso

O gesso tem características diferentes, com alta mobilidade no solo, conseguindo assim diminuir a disponibilidade do alumínio tóxico e fornecer cálcio e magnésio em maiores profundidades, porém, não possui a capacidade de corrigir o pH do solo.
Assim, o gesso se torna uma ferramenta que, se combinada à calagem, tem a capacidade de aumentar a exploração do solo pelo sistema radicular das plantas, aumentando a capacidade do aproveitamento de água e nutrientes localizados em maiores profundidades no solo, proporcionando à planta maior tolerância ao estresse hídrico de veranicos e da época seca. Além disso, aumentar a produtividade e, consequentemente, a lucratividade da cultura cafeeira.

Por onde começar?

Para a implantação da lavoura cafeeira, no momento da escolha da área deve-se realizar a amostragem de solo para que seja feita a análise detalhada da fertilidade do solo, da acidez, teores de macro e micronutrientes, de alumínio, de matéria orgânica, CTC efetiva e potencial, além da análise de textura do solo.
De posse de todas essas informações, um engenheiro agrônomo poderá calcular a dose de calcário a ser aplicada e conseguirá escolher o melhor calcário a aplicar. Como antes da implantação é a única oportunidade de se incorporar o calcário em profundidade, a análise de solo deve ser realizada tanto nas camadas de 0 a 20 quanto 20 a 40 cm, sendo a segunda profundidade de extrema importância para a correta aplicação de gesso.
Após a recomendação das doses de calcário e gesso, o produtor deve fazer primeiro a aplicação do calcário, se a dose for maior que 6 toneladas, deve-se parcelar a aplicação, sendo a primeira em toda a superfície do solo, antes da aração, e a segunda aplicação após essa prática.
Para a incorporação do calcário até uma profundidade de 40 cm, pode-se utilizar tratores de grande porte e arados ou grades aradoras com discos acima de 32 polegadas.
A aplicação e incorporação do calcário deve ser realizada pelo menos três meses antes do plantio das mudas, sendo ideal no final do período chuvoso (início de maio na maioria das regiões produtoras) para que o calcário tenha tempo e umidade no solo suficientes para sua reação, conseguindo corrigir o solo antes da implantação das mudas.
Como o calcário é um insumo considerado barato, o ideal é que se faça a aplicação e incorporação em área total, visando a correção de todo o solo. No momento da abertura dos sulcos para o plantio das mudas, recomenda-se que seja realizada uma nova aplicação de calcário no fundo do sulco, de acordo com a recomendação do agrônomo, visto que o sulco é aberto em maior profundidade.

Aplicação da gessagem

A aplicação do gesso pode ser feita de duas formas, visto que este possui alta mobilidade no solo. O agrônomo, em conjunto com o produtor, pode optar por aplicar o gesso a lanço em toda a superfície do solo, após o plantio das mudas, respeitando a dosagem recomendada, visando a melhoria química das camadas mais profundas, abaixo da camada onde foi feita a incorporação do calcário.
Também pode ser aplicado na superfície do solo apenas na região de exploração do sistema radicular da cultura. A aplicação do gesso pode ser realizada logo após o plantio, ou até mesmo no segundo ano de cultivo.
Quando a correção do solo for realizada em lavouras já implantadas, a análise de solo visando a aplicação do calcário deve ser realizada apenas na camada superficial, devido a sua baixa movimentação no solo.
Após a recomendação, este deverá ser aplicado apenas na superfície do solo, em área total ou em faixas, de acordo com a recomendação do agrônomo. A dose deve ser calculada visando a correção apenas da camada superficial. Já para o gesso, a análise deve ser realizada nas camadas subsequentes à aplicação do calcário e, de posse da recomendação do agrônomo, deve ser aplicado em faixas na superfície do solo na região de exploração do sistema radicular, para alcançar a profundidade esperada.

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