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Respostas do milho à adubação nitrogenada

Autor

Alex Mendonça de Carvalho
Doutor e professor de Agricultura – Unesp – Registro
Leandro José Grava de Godoy
Doutor e professor de Fertilidade do Solo, Nutrição e Adubação de Plantas – Unesp – Registro
legodoy@registro.unesp.br

Do ponto de vista agrotecnológico, a cultura do milho vem sofrendo várias transformações. Dentre estas estão incluídas, principalmente, melhorias das características agronômicas e de práticas de manejo que, no conjunto e adequadamente combinadas, têm propiciado aumento da produtividade e obtenção de excelentes resultados financeiros para os produtores que utilizam esses recursos.

A necessidade nutricional das plantas é um ponto importante e, com o aumento da produtividade da cultura, tem aumentado substancialmente. O milho responde progressivamente às altas adubações, desde que os demais fatores, como pragas, doenças, plantas daninhas e clima estejam em níveis ótimos.

Trabalhos com genótipos, densidades de planta e níveis de nitrogênio (N) evidenciam que, à medida que se eleva a densidade de plantas, são necessárias maiores doses de nitrogênio (Amaral Filho et al., 2005). Por outro lado, com a baixa disponibilidade deste nutriente, na qual se espera menor produção de grãos, a densidade ótima recomendada deve ser reduzida (Argenta et al 2001).

Essencialidade do nitrogênio

O nitrogênio é o elemento que proporciona maiores respostas no ganho de produtividade da cultura do milho (Bortolini et al 2001); seus efeitos são atribuídos ao crescimento do sistema radicular e aumento do comprimento da espiga e do número de espigas por planta (Bull, 1993).

Estima-se que a necessidade de adubação nitrogenada para produção de 1,0 t de grãos de milho varie de 20 a 28 kg ha-1. Sua absorção pela planta ocorre durante todo o ciclo vegetativo, sendo pequena nos primeiros 30 dias. Nesta fase, as plantas absorvem menos do que 0,5 kg ha-1 dia-1 (Argenta et al 2002).

A maioria das recomendações de adubação nitrogenada para as culturas baseia-se na expectativa de produtividade de grãos e no teor de matéria orgânica do solo. Elas são fundamentadas na hipótese de que a matéria orgânica irá liberar nitrogênio em tempo hábil para uso das plantas, além do nitrogênio fornecido pelos fertilizantes, satisfazendo as necessidades das culturas (Argenta et al, 2002).

Além da quantidade de nitrogênio presente na matéria orgânica, outros processos importantes que governam o ciclo do nitrogênio no solo são a mineralização e a imobilização. Assim, a quantidade de nitrogênio que é disponibilizada para as plantas de milho, a partir da matéria orgânica, depende muito do ambiente, o qual altera a resposta de produtividade de grãos à aplicação do fertilizante nitrogenado.

Eficiência

Outro ponto importante a ser observado no manejo da adubação nitrogenada é quanto à sua baixa eficiência, o que se deve a quatro processos que atuam simultaneamente de forma direta: as perdas por volatilização de amônia e a desnitrificação, o escorrimento superficial, a lixiviação e a imobilização microbiana.

Por sua vez, a utilização do N-fertilizante pelas plantas pode ser maximizada, localizando-se o adubo na região mais ativa do sistema radicular, aplicando-se o fertilizante no estádio fisiológico da cultura de maior demanda pelo nutriente, aliando condições adequadas de regime hídrico a práticas de manejo. Técnicas surgidas recentemente propõem o aumento das doses de N aplicadas na semeadura, com diminuição da adubação nitrogenada em cobertura.

Recomendações

No Estado do Paraná recomenda-se, para milho safra, aplicar de 30 a 50 kg ha-1 de nitrogênio no momento da semeadura e de 20 até 280 kg ha-1 de N em cobertura, quando as plantas estiverem com duas a seis folhas totalmente desenvolvidas.

A dose em cobertura deverá ser ajustada em função da cultura anterior e da produtividade de grãos esperada da cultura do milho. Geralmente, quando a cultura antecessora é uma leguminosa, deve-se utilizar 60 kg ha-1 de N a menos do que quando a cultura anterior é uma gramínea.

A dose de N em cobertura deve ser parcelada se for maior que 80 kg ha-1 em solos arenosos (teor de argila menor que 15%) ou se for maior que 120 kg ha-1, em outras texturas de solo. Uma parte da dose deve ser aplicada quando as plantas estiverem com duas a quatro folhas desenvolvidas e o restante quando as plantas estiverem com seis a sete folhas. Para o milho de segunda safra as doses de N devem ser menores.

No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, as doses de N recomendadas para a cultura do milho são ajustadas de acordo com o teor de matéria orgânica do solo, cultura antecedente (leguminosa, gramínea ou consorciação/pousio) e produtividade de grãos esperada.

As doses variam de 40 a 90 kg ha-1 de N para produtividades de até 6 t ha-1 de grãos. Para rendimentos maiores deve-se acrescentar 15 kg ha-1 de N a cada tonelada adicional de grãos a ser produzida.

Assim, para uma alta produtividade de grãos de 12 t ha-1 a dose de N a ser recomendada, para solo com baixo teor de matéria orgânica e gramínea como cultura antecedente, seria de 180 a 200 kg ha-1 de N. O ajuste da dose também pode ser feito em função da densidade de plantas. Quando esta for maior que 65 mil plantas por hectare deve-se acrescentar 10 kg ha-1 de N para cada incremento de cinco mil plantas por hectare.

Fontes de nitrogênio

Quanto às fontes convencionais de N, o sulfato e o nitrato de amônio podem proporcionar rendimento maior que a ureia quando aplicados em superfície, sem incorporação e em condições de pouca umidade do solo, altas temperaturas ou pouca palha. Em relação às fontes de N, atualmente, há no mercado fertilizantes de eficiência aumentada que podem proporcionar menores perdas do N para o ambiente e aumentar a eficiência de uso do N pela cultura do milho.

Os fertilizantes nitrogenados estabilizados são aqueles que possuem um inibidor, que pode ser um inibidor de urease, para reduzir as perdas por volatilização, ou um inibidor de nitrificação para reduzir as perdas de N por lixiviação.

Outra categoria são os fertilizantes nitrogenados de liberação controlada, que consistem em ureia recoberta com enxofre e polímero. Neste caso, a aplicação pode ser feita somente na semeadura, e pretende reduzir as perdas por volatilização, lixiviação e a mão de obra, dispensando a operação de adubação em cobertura. Outros fertilizantes nitrogenados podem conter micronutrientes como boro, cobre ou zinco, ou ainda aditivos que servem como substâncias bioestimulantes.

Tecnologias

Alguns sensores podem ser utilizados para auxiliar no manejo da adubação nitrogenada, como o clorofilômetro, medidor de NDVI (índice de vegetação por diferença normalizada), smartphone, etc., que fornecem índices, que juntamente com tabelas de adubação ou o uso de áreas de referência (pequenas áreas dentro da lavoura que recebam uma dose “ótima” de N), servirão para a tomada de decisão na hora da adubação (adubar ou não).

Adubação nitrogenada em sistema de plantio direto

Um dos aspectos mais polêmicos no manejo da adubação nitrogenada na cultura de milho, no sistema plantio direto (SPD), é a época de aplicação de N e a distribuição da quantidade a ser aplicada.

Quanto à adubação nitrogenada na semeadura, diversos autores concordam com doses de 30 a 40 kg ha-1 de N nos primeiros anos de adoção do sistema, reduzindo e/ou eliminando a carência inicial de N, decorrente da imobilização causada pela decomposição dos resíduos da cultura antecessora (Wiethölter, 2000).

Quanto à adubação de cobertura, Ceretta & Fries (1998) resumiram duas estratégias de aplicação na sucessão gramínea/milho: aplicação de N na semeadura da cultura de inverno com doses de pelo menos 30 kg ha-1de N, adubação antecipada (pré-semeadura) ou na semeadura do milho, após o manejo da cultura de inverno.

A aplicação de N mineral em pré-semeadura do milho, embora represente uma atitude de risco, promove acréscimos no teor de N no solo após o manejo das plantas de cobertura (Basso & Ceretta, 2000), o que também poderia influenciar na taxa de decomposição de resíduos vegetais.

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