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Safra Planejamento já começou

Fotos Shutterstock

De fato, já é momento de se preparar para o próximo ciclo produtivo da safra 2019/20. E alguns pontos estão no radar do consultor em agronegócio, Enilson Nogueira, para a próxima temporada. “O primeiro fator, e provavelmente o mais determinante, é a queda dos preços internacionais. Os estoques globais elevados e a guerra comercial entre EUA e China continuarão a dar o tom negativo nas cotações mundiais de grãos no restante desse ano. Para o ano que vem, ainda dependeremos das condições de safra nos EUA, entretanto, fica o alerta, pois, se as produtividades vierem dentro do normal, os preços baixos deverão estar presentes também em 2020”, ressalta o especialista.

O segundo fator destacado por Enilson é o dólar que, até então, ainda faz com que os preços dos grãos não tenham uma queda ainda mais expressiva. Contudo, esse mesmo dólar tende a elevar os preços dos insumos agrícolas, em especial de fertilizantes e químicos. “O comportamento do dólar será direcionado a curto prazo pelas discussões da Reforma da Previdência. Ainda que a reforma passe dentro das expectativas do mercado e o dólar se desvalorize, acredito que não haverá tempo para o produtor aproveitar toda a possível queda, uma vez que as indústrias já teriam importado tais insumos com o dólar mais caro. Logo, 2019/20 deverá ser mais uma safra com custos elevados, o que pressiona a margem e preocupa o produtor”, define.

Desafios continuam

Para Jair Leão da Silva Junior, engenheiro agrônomo e consultor em agronegócio, a safra 2019/20 já começa desafiadora, e a razão financeira será o principal guia para que alcançar a lucratividade. “Passamos por um momento muito desfavorável para definição de custos para a próxima safra e são em momentos como esses que devemos ter em mãos um bom planejamento”, define.

Ainda segundo ele, o atual cenário se mostra complexo para realizar novos negócios devido ao baixo preço das commodities, e ao falar especificamente sobre a soja, isso se torna ainda mais complicado. “As compras de insumos, de maneira geral, estão paradas, principalmente em relação aos adubos, que representam entre 20 e 30% do custo de produção. Isso vem ocorrendo devido às frequentes altas do dólar, disparada dos preços dos fertilizantes e, na contramão de disso temos contínuas quedas nos preços de soja a nível global, que são, em parte, consequência dos elevados estoques mundiais da oleaginosa”, lamenta o especialista.

E como na agricultura não há tempo para pausas, a recomendação é utilizar o conhecimento em cultivo e produção para garantir que ao menos da porteira para dentro o produtor possa fazer seu dever. Traduzindo, conhecer o ambiente de produção, ou seja, em cada ‘talhão’ ou unidade produtiva é preciso avaliar as necessidades de adubação por meio da análise de solo, para então adubar na quantidade certa, de maneira correta, conhecer as limitações e potencias produtivos para a escolha da cultivar ou híbrido que possam expressar seu potencial dentro desse ambiente. “Tudo isso deve ser aliado a uma assistência técnica que possa, em conjunto com o agricultor, encontrar as melhores estratégias para implantação e condução da lavoura”, destaca Jair Leão.

De dentro para fora

No cenário interno, o cenário de juros baixos, inclusive em termos históricos, é favorável para investimentos necessários na infraestrutura da fazenda e na renovação de maquinário.

No entanto, Enilson Nogueira pontua que ainda é necessário saber qual será o volume de crédito oficial destino pelo MAPA, que deve ser anunciado ainda em maio de 2019. A depender dos últimos passos do governo em diminuir os gastos públicos, parte dessa conta poderá chegar ao produtor, via menor disponibilidade de crédito no próximo ciclo. “No conjunto desses fatores, se pudesse resumir o panorama para os produtores, a dica seria ter cautela e só incorrer em investimentos que caibam no bolso, sem depender de volumes consideráveis de crédito de terceiros”, recomenda.

Novidades

Para a safra 2019/20, Jair diz que são poucas as novidades em sementes, em termos de tecnologia, porém, estão sendo lançadas cultivares com potencial genético cada vez mais                 adaptadas às regiões que produzem grãos. “Estamos acompanhando as evoluções de cultivares com maior tolerância à ferrugem asiática e resistência à seca, e acredito que a nova geração de materiais de soja serão contempladas com essas características”, avalia.

Mas, antes de tudo, ele ressalta que ter um bom planejamento em mãos é essencial para se obter resultados produtivos e financeiro para o agricultor.

Possibilidades

Na região centro-oeste de Goiás, alguns negócios para soja futura safra 2019/20 já foram realizados, com o objetivo principal de definir custos. Isso ocorreu no primeiro trimestre, e hoje, Jair relata que as negociações tiveram uma pausa, devido às baixas de preços futuros, o que faz com que o agricultor aja de forma cautelosa.

“Entretanto, para ter uma melhor relação custo/benefício, ou benefício/custo positivo, deve-se ter clareza do que se quer e do que pode ser produzido. Entender os potenciais e limitações, problemas e oportunidades que estão à sua frente, é fundamental. A agricultura é um negócio em que razão e emoção caminham juntos em vários momentos. Porém, devemos, na próxima safra, colocar a razão financeira e o planejamento como principais guias para passar por esse momento de turbulência que o País e o mundo estão atravessando”, considera Jair Leão.                                                                                                                                        


Tecnologia a favor do produtor

Já existem alguns softwares bastante interessantes no mercado, atualmente, como o Aegro. No entanto, mais importante que o software é o produtor ter a consciência da necessidade de um planejamento claro das suas atividades, mesmo que seja numa planilha de excel.

Por fim, é importante destacar que um bom planejamento começa por uma análise crítica do produtor em relação ao seu desempenho técnico e financeiro dos anos anteriores. “Após entender o que fez de certo e errado, o produtor consegue ter melhor noção para a preparação da safra futura. Além disso, deve ter uma lista de bons parceiros e fornecedores para a compra de insumos e tentar, dentro do possível, pagar suas contas com antecedência. O pagamento antecipado diminui consideravelmente os custos de compra, podendo chegar a até 20% menos que numa negociação parcelada”, conclui Enilson Nogueira.

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