20.6 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 8, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesSelic em alta, tensão hlobal e incertezas fiscais: o desafio de controlar...

Selic em alta, tensão hlobal e incertezas fiscais: o desafio de controlar a inflação em um cenário de crise

Antônio Carlos de Oliveira/Reprodução

Por Antônio Carlos de Oliveira

Análise da Semana Anterior e Perspectivas para a Semana que se inicia

1. Aumento das Expectativas para a Selic

  • Relatório Focus: A semana começa com a elevação da expectativa dos investidores para a Selic, projetada agora em 11,50% até dezembro. Este aumento reflete uma deterioração das expectativas econômicas, que resultou da reunião do Copom nos dias 17 e 18 de setembro.
  • Impacto da reunião do Copom: Embora a alta de 0,25 ponto percentual tenha sido esperada, o tom “duro” do comunicado indicou maior risco de desancoragem das expectativas inflacionárias. Isso fez com que o mercado ajustasse suas projeções para uma nova elevação de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.
  • Desdobramentos: A Ata da reunião, a ser divulgada na terça-feira (24), será crucial para esclarecer se o Copom manterá essa postura austera ou suavizará o discurso. O cenário atual coloca a Selic como ferramenta central para conter a inflação, mas as incertezas fiscais pesam negativamente.

2. Cenário Fiscal e Contas Públicas

  • Contas Públicas: O desequilíbrio fiscal é um ponto de preocupação crescente, ampliado após o relatório de receitas e despesas da última sexta-feira (20). A falta de comprometimento com o equilíbrio fiscal pode neutralizar o efeito das políticas monetárias, mesmo com a elevação dos juros.
  • Mercado em alerta: A deterioração fiscal reforça as expectativas de mais aumentos da Selic e gera incertezas sobre a capacidade do governo em alcançar suas metas fiscais. O contingenciamento de despesas anunciado nesta segunda-feira (23) trouxe alívio momentâneo, mas os desafios estruturais permanecem.

3. Federal Reserve e Políticas Globais

  • Decisão do Fed: Na quarta-feira (18), o Federal Reserve cortou as taxas de juros para 4,75%, movimento esperado, mas que demorou a se concretizar. Esse corte estimula o apetite por risco global, mas no Brasil, a política monetária segue o caminho oposto com a alta da Selic.
  • Repercussão no Mercado: A decisão do Fed gerou otimismo nas bolsas asiáticas, enquanto na Europa, os dados econômicos frustrantes, como o declínio do PMI na Alemanha e França, limitam o crescimento. A China também agiu ao cortar suas taxas de recompra, indicando um esforço conjunto de afrouxamento monetário no Oriente.
  • Efeitos nos ativos: A redução de juros nos EUA pode estimular ativos de risco, mas a resposta no Brasil tende a ser mais cautelosa, com os investidores atentos à situação fiscal e às políticas locais.

4. Geopolítica: Conflito no Oriente Médio

  • Escalada de tensões Israel-Hezbollah: O conflito entre Israel e o Hezbollah aumentou significativamente. A ordem de evacuação de edifícios pelo Hezbollah sugere uma retaliação iminente, o que elevou as preocupações geopolíticas. O impacto direto no mercado se dá pelo aumento no preço do petróleo, que tende a pressionar ainda mais a inflação global.
  • Posição dos EUA: O governo Biden busca evitar uma escalada, enquanto pressiona por soluções diplomáticas. No entanto, o aumento da violência pode trazer consequências ainda mais graves, ampliando a crise no Oriente Médio e afetando o mercado de commodities.

5. Visita de Zelensky aos EUA

  • Conflito Rússia-Ucrânia: A visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aos EUA no domingo (22) marca um ponto crucial na guerra contra a Rússia. O pedido de armas de longo alcance à administração Biden pode intensificar o conflito, adicionando mais incerteza ao cenário geopolítico.
  • Efeitos nos mercados: O prolongamento da guerra pressiona os mercados globais, com reflexos nos preços de energia e nos custos logísticos, influenciando decisões de investimento em várias regiões.

6. Atividade Econômica Global

  • Europa em retração: O PMI da Alemanha e da França revelou contrações acentuadas nas duas maiores economias da Zona do Euro, acentuando os temores de uma recessão na região. A crise na atividade empresarial europeia limita as perspectivas de recuperação e pode influenciar decisões futuras do Banco Central Europeu.
  • China e Japão: A semana também foi marcada pela recuperação dos mercados asiáticos, com o Banco Central da China cortando taxas e injetando liquidez. No Japão, o mercado permaneceu fechado na segunda-feira (23) devido a um feriado.

7. Mercado de Ouro e Commodities

  • Ouro estabilizado: O preço do ouro se manteve próximo de níveis recordes. A estabilização do metal reflete a incerteza sobre os futuros cortes de juros nos EUA e a resposta da economia global a essas mudanças. Com a inflação ainda preocupante, o ouro continua sendo uma reserva de valor atrativa.
  • Petróleo em alta: A escalada de tensões no Oriente Médio adiciona pressão ao preço do petróleo, que tende a continuar subindo, exacerbando as preocupações inflacionárias.

Conclusão

O cenário analisado destaca um ambiente econômico desafiador, com a alta da Selic, desequilíbrio fiscal, estresse geopolítico e políticas monetárias divergentes entre o Brasil e os EUA. Esses fatores elevam a incerteza sobre a inflação e o crescimento econômico, exigindo atenção redobrada dos investidores e do governo. O aumento do preço do petróleo no Oriente Médio adicionaram pressão inflacionária global, enquanto a Europa e a China enfrentam desafios econômicos significativos. O controle da inflação no Brasil dependerá da interação complexa entre política fiscal e monetária, além dos desdobramentos globais

ARTIGOS RELACIONADOS

Produção de café robusta

O documentário “Robustas Amazônicos - Aroma, sabor e histórias que vêm ...

Híbridos de cenoura – Mais uniformidade da lavoura

Laércio Boratto de Paula  Engenheiro agrônomo, DSc em Fitotecnia e professor do IF Sudeste MG, campus Barbacena laercio.boratto@ifsudestemg.edu.br A cultura da cenoura, ao longo do tempo, sempre...

Manejo de nematoides no quiabeiro

  Jadir Borges Pinheiro jadir.pinheiro@embrapa.br Ricardo Borges Pereira ricardo-borges.pereira@embrapa.br Agnaldo Donizete Ferreira de Carvalho agnaldo.carvalho@embrapa.br Engenheiros agrônomos, doutores e pesquisadores da Embrapa Hortaliças Cecilia da Silva Rodrigues Engenheira agrônoma, mestre e doutoranda na...

Adjuvantes protegem os defensivos

O potencial produtivo das culturas pode ser influenciado por problemas fitossanitários.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!