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Silicatos e carbonatos: nutrição equilibrada para bananeiras

O silício, melhora o solo, e reduz a incidência de doenças fúngicas, como a sigatoka-negra e a sigatoka-amarela.

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor de Fertilidade do Solo – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br

Os desafios como a acidez do solo, doenças e estresse ambiental afetam a qualidade dos frutos e, consequentemente, a produtividade da banana. Nesse contexto, o silício tem emergido como um elemento estratégico na correção e melhoria das condições do solo para bananeiras.

Embora não seja considerado um nutriente essencial, o silício desempenha um papel significativo na proteção contra estresses bióticos e abióticos, melhorando a resistência das plantas a doenças e aumentando a tolerância à seca e ao ataque de pragas.

A aplicação de silicatos e carbonatos de cálcio e magnésio oferecem benefícios significativos para a correção da acidez do solo no cultivo de bananeiras, melhorando as condições de cultivo e promovendo o desenvolvimento favorável das plantas.

Uma das principais vantagens dessa prática é a neutralização da acidez e o aumento do pH do solo. Tanto os silicatos quanto os carbonatos são eficazes em reduzir a acidez, diminuindo a presença de íons de hidrogênio e alumínio tóxico, que podem restringir o crescimento radicular e a absorção de nutrientes.

Bom para as raízes e frutos

A elevação do pH cria um ambiente favorável para o desenvolvimento das raízes da bananeira, permitindo um crescimento mais profundo e vigoroso, o que impacta diretamente a produtividade da cultura.

Além disso, esses corretivos de solo fornecem cálcio e magnésio, elementos essenciais para o desenvolvimento das bananeiras. O primeiro fortalece as paredes celulares, aumentando a resistência das plantas contra doenças e condições adversas, enquanto o magnésio é fundamental para a fotossíntese, pois faz parte da estrutura da clorofila.

Ao fornecer esses nutrientes ao solo, a aplicação de carbonatos e silicatos ajuda a garantir uma nutrição equilibrada, promovendo um desenvolvimento vegetativo saudável garantindo a melhor qualidade dos frutos.

Os silicatos, em particular, contribuem para a melhoria da estrutura do solo ao favorecer a agregação das partículas – isso resulta em uma estrutura mais estável, com maior porosidade, o que facilita a infiltração de água.

Essa característica é benéfica em solos compactados ou arenosos, pois reduz o risco de erosão e melhora a retenção de umidade, favorecendo o crescimento das bananeiras, especialmente em áreas com déficit hídrico.

Defensor das plantas

Outro benefício importante dos silicatos é o estímulo à defesa das plantas contra estresses bióticos e abióticos. O silício, disponibilizado pelo uso de silicatos, é absorvido e acumulado nas paredes celulares das plantas, formando uma barreira física que dificulta o ataque de patógenos e pragas.

Além disso, esse elemento fortalece a resposta das plantas a estresses como seca e salinidade, resultando em culturas mais robustas e produtivas.

Relação direta com a CTC

A aplicação de silicatos e carbonatos de cálcio e magnésio não apenas contribui para a neutralização da acidez do solo, mas também desempenha um papel vital no aumento das bases trocáveis da capacidade de troca catiônica (CTC), fator essencial para a melhoria da nutrição das bananeiras.

Com isso, cria-se um ambiente mais equilibrado e propício para a absorção de nutrientes essenciais, fortalecendo o sistema radicular das bananeiras e garantindo um desenvolvimento mais vigoroso.

Além de fortalecer a estrutura celular e otimizar a fotossíntese, a elevação da CTC favorece a retenção de outros nutrientes, como potássio e micronutrientes, indispensáveis para o crescimento saudável e a produção de frutos de alta qualidade.

Próximo passo

Com a CTC equilibrada e maior presença de cátions como cálcio e magnésio, a bananeira passa a ter acesso mais fácil e contínuo a esses nutrientes, que desempenham papéis cruciais na estrutura e metabolismo da planta.

O cálcio é essencial para a integridade das paredes celulares, conferindo resistência e melhorando a defesa contra doenças e estresses físicos. O magnésio, por sua vez, é central na molécula de clorofila, o que é essencial para a fotossíntese, permitindo um crescimento vigoroso e a produção de frutos saudáveis.

Além disso, o aumento da CTC contribui para melhorar a eficiência de absorção de outros nutrientes, como potássio e micronutrientes, que são mais retidos e disponibilizados em solos com CTC alta e equilibrada.

Dessa forma, o processo de troca e neutralização do H+ no solo, promovido pela aplicação de cálcio e magnésio, fortalece o sistema radicular e melhora a nutrição geral da bananeira, resultando em uma planta mais produtiva e com maior capacidade de responder a condições adversas.

Recomendações

A aplicação de silicatos e carbonatos de cálcio e magnésio é uma prática comum na correção da acidez do solo para o cultivo de bananeiras. As doses ideais desses corretivos variam conforme o tipo de solo, sua capacidade de troca catiônica (CTC) e o nível de acidez presente.

Para determinar a quantidade adequada, é essencial realizar uma análise química do solo, que fornecerá informações precisas sobre a necessidade de calagem.

Para os carbonatos de cálcio e magnésio, também conhecidos como calcário, a necessidade de calagem é calculada com base na elevação da saturação por bases (V%) para um nível desejado, geralmente em torno de 70%.

A fórmula utilizada é: NC (t/ha) = ((V2 – V1) × CTC) / PRNT, onde NC é a necessidade de calagem em toneladas por hectare, V2 é a saturação por bases desejada, V1 é a saturação por bases atual (solo), CTC é a capacidade de troca catiônica em cmolc/dm³, e PRNT é o Poder Relativo de Neutralização Total do calcário.

Em solos com baixa saturação por bases e alta acidez, as doses podem variar de 2,0 a 4,0 toneladas por hectare, dependendo dos resultados da análise de solo.

No caso dos silicatos de cálcio e magnésio, a aplicação visa, além da correção da acidez, fornecer silício, elemento benéfico para a resistência das plantas a estresses bióticos e abióticos.

As doses recomendadas variam conforme o produto e a necessidade do solo, geralmente entre 1,0 a 2,0 toneladas por hectare. É importante consultar as recomendações do fabricante e ajustar conforme a análise de solo.

Cuidados

Alguns cuidados devem ser tomados na aplicação. Primeiramente, a análise de solo é fundamental para determinar as necessidades específicas de correção e evitar excessos ou deficiências de nutrientes.

Após a aplicação dos corretivos, recomenda-se a incorporação ao solo, especialmente na profundidade de 0 a 20 cm, para garantir uma distribuição uniforme e eficaz na correção da acidez.

É aconselhável aplicar os corretivos com antecedência mínima de 45 a 90 dias do plantio, dependendo do valor do PRNT do produto, período que permite que as reações químicas ocorram e estabilizem o pH do solo.

Após a aplicação, é importante monitorar frequentemente o pH e os níveis de nutrientes do solo para avaliar a necessidade de reaplicações ou ajustes no manejo nutricional.

A aplicação de silício em cultivos de bananeiras tem mostrado resultados promissores no campo, tanto em produtividade quanto em relação à sanidade e resistência das plantas. O silício, embora não seja considerado um nutriente, age como um elemento benéfico, acumulando-se nas paredes celulares e formando uma barreira física que ajuda a proteger a planta contra diversos estresses.

Relação com a produtividade

Com relação a produtividade, a suplementação com silício tem sido associada a um aumento significativo no crescimento vegetativo das bananeiras. Estudos de campo revelam que as plantas tratadas com silício apresentam folhas mais robustas e uma área foliar maior, o que melhora a eficiência fotossintética.

Esse aumento na capacidade fotossintética contribui diretamente para uma maior produção de biomassa e, consequentemente, incremento na quantidade e qualidade dos cachos de bananas produzidos.

Além disso, o silício melhora a absorção de outros nutrientes importantes, como o fósforo e o potássio, devido à sua influência na estrutura e no equilíbrio do solo.

Atuação na sanidade das frutas

Na sanidade das bananeiras, o silício tem desempenhado um papel crucial, reduzindo a incidência de doenças fúngicas, como a sigatoka-negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis, e a sigatoka-amarela, promovida por Mycosphaerella musicola.

A barreira física proporcionada pelo acúmulo de silício nas folhas e caules dificulta a penetração de patógenos, reduzindo os danos das infecções e a necessidade de fungicidas. Esse benefício tem se traduzido em menores custos de controle e em uma produção mais limpa, com menos resíduos químicos, o que é um diferencial em mercados que priorizam a segurança alimentar.

Rresistência a estresses abióticos

Em relação à resistência a estresses abióticos, como seca e salinidade, a aplicação de silício fortalece a estrutura das células e melhora a retenção de água nos tecidos das plantas, tornando-as mais tolerantes a condições de estresse hídrico.

Esse efeito é especialmente benéfico em regiões sujeitas a períodos de seca ou com baixa disponibilidade de água para irrigação. O silício também ajuda a reduzir o impacto da salinidade, que pode comprometer o crescimento das raízes e afetar a absorção de nutrientes, facilitando o cultivo em solos mais desafiadores.

Esses resultados destacam o silício como uma ferramenta agronômica eficaz para promover o crescimento saudável das bananeiras, aumentar a produtividade e reduzir a incidência de doenças e estresses.

A aplicação de silício proporciona uma cultura mais resistente e produtiva, com impactos positivos tanto na qualidade do produto quanto na sustentabilidade do sistema de produção.

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