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terça-feira, abril 16, 2024
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Silício é ferramenta contra doenças das folhosas

Foto Shutterstock

Marcos Roberto Ribeiro-Junior
Engenheiro agrônomo e doutorando em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
marcos.ribeiro@unesp.br
Daniele Maria do Nascimento
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Fitopatologia e professora – UNESP

As folhosas fazem parte da dieta da maioria da população mundial, estando sujeitas a uma ampla gama de estresses bióticos e abióticos. Para superarem isso, essas plantas requerem um suprimento adequado de macro e micronutrientes, como o silício (Si).
Embora nem sempre tenha sido considerado um elemento importante, sabemos hoje que o Si desempenha um papel fundamental na proteção da planta contra pragas e doenças. Aproximadamente 27% da crosta terrestre são compostos de Si, que geralmente ocorre na forma de silicatos ou óxidos de silício. Contudo, as formas de Si destinadas às plantas são escassas.
Dentre os estresses abióticos que acometem as plantas e que são minimizados pela aplicação de Si, podemos citar a radiação ultravioleta e a toxicidade por metais pesados. Metais pesados são prejudiciais ao crescimento das plantas, as quais acumulam esses compostos, que também representam um perigo à saúde humana. A aplicação de Si reduz essa toxicidade.

Mudanças climáticas

Nos últimos anos, em decorrência das mudanças climáticas, temos observado um aumento das temperaturas. Algumas culturas podem ser mais sensíveis a isso, como o agrião e o almeirão, que crescem em temperaturas entre 14 a 25ºC.
Plantas sob condições de estresses produzem espécies reativas de oxigênio (ROS), e o Si, ao induzir a produção de compostos fenólicos, com ação antioxidante, pode amenizar o estresse devido às altas temperaturas.

Controle de doenças

O Si tem apresentando bons resultados no controle das mais diversas doenças, como brusone (Pyricularia oryzae) no arroz; murcha de phytophthora (Phytophthora capsici) em pimentão; oídio (Blumeria graminis f.sp. tritici) no trigo, entre outras.
Mudas de ervilha infectadas pelo fungo Mycosphaerella pinodes, agente causal da podridão de micosferela, e tratadas com silicato de potássio apresentaram maior atividade de quitinase e b-1,3-glucanase, enzimas relacionadas à defesa e que vão combater os eventuais patógenos.
Em sistemas hidropônicos, o uso do Si também vem sendo estudado. A aplicação de silicato de potássio em pó reduziu significativamente a incidência de míldio em morango e tomate cultivados hidroponicamente.

Folhosas

Dentre as doenças foliares da alface, o míldio, causado pelo fungo Bremia lactucae merece atenção devido às enormes perdas geradas. Seu manejo depende exclusivamente do uso de variedades resistentes e produtos químicos, e ambas as estratégias podem ser comprometidas pelo surgimento de cepas resistentes, bem como novas raças do patógeno.
Atualmente, 12 produtos encontram-se registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle dessa doença. Um deles, inclusive, à base de algas marinhas.
Em cultivos hidropônicos, o silicato de potássio fornecido por meio de solução nutritiva, na concentração de 100 mg/L, reduz a incidência de míldio em variedades de alface altamente suscetíveis. A possibilidade de aplicação de Si em vegetais conduzidos em sistemas hidropônicos é particularmente interessante, uma vez que esse tipo de cultivo está aumentando.

Silício

O uso do Si reduz o número de pulverizações químicas, além de ser compatível com o manejo integrado e sustentável de doenças. Níveis adequados de Si, assim como fósforo e potássio, também reduzem a incidência de mofo-branco e fusariose em brássicas.
Em uma variedade de couve-flor suscetível à podridão negra (Xanthomonas campestris), plantas infectadas pela bactéria responderam bem à adubação foliar com Si, apresentando plantas mais produtivas e com menos sintomas.

Modo de ação

Existem basicamente dois modos de ação pelos quais o Si pode proteger plantas contra infecções. O primeiro é pela deposição de camadas de Si nos tecidos vegetais, impedindo a penetração de patógenos ou atrasando o crescimento e desenvolvimento de micélios fúngicos.
Estudos já evidenciaram que o Si pode ainda ser translocado pela folha até o local onde estão os apressórios (estrutura de fixação dos fungos), circundando os mesmos e formando uma barreira física, impossibilitando sua penetração.
O segundo modo de ação está relacionado à indução de resistência. Isto evidencia-se pelo aumento na produção de enzimas, compostos fenólicos, quitinases e fitoalexinas, todos metabólitos secundários associados à defesa da planta.

Resultados

O Si é um dos elementos mais abundantes na terra, e demonstramos seu papel na proteção das folhosas contra algumas doenças. Embora a absorção e disponibilidade de Si seja baixa em condições naturais, ele pode ser fornecido às plantas como silicato de potássio, por exemplo.
Em cereais, o Si está prestes a se tornar um fertilizante regular e esperamos que essa tendência também acompanhe as folhosas. Além de auxiliar as plantas a superarem diferentes tipos de estresses abióticos e bióticos, também melhora as condições do solo com níveis tóxicos de metais.
Em relação às doenças, o Si proporciona uma barreira física aos fitopatógenos e sua aplicação também interfere nas atividades fisiológicas e metabólicas das plantas. Compreender todas essas funcionalidades e saber manejar esse nutriente pode aumentar a produtividade das folhosas, bem como diminuir sua suscetibilidade a uma ampla gama de patógenos.

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