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Silício no maracujá

Daniele Maria do Nascimento daniele.nascimento@unesp.br

Marcos Roberto Ribeiro Junior marcos.ribeiro@unesp.br

Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia/Proteção de Plantas – UNESP – Botucatu

Maracujá – Fotos: Shutterstock

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, com produção em torno de 593 mil toneladas em uma área de aproximadamente 41 mil hectares. Os maiores estados produtores são a Bahia e Ceará, com 168 e 142 mil toneladas, respectivamente (IBGE, 2019).

A produtividade, no entanto, é considerada baixa em algumas regiões. A média é de 14/toneladas/ha, mas na Bahia, um valor bem abaixo foi observado na colheita de 2019: em torno de 10 t/ha. Os produtores do Distrito Federal, por sua vez, alcançam produtividades de até 27 t/ha.

Uma das principais razões para alguns produtores não atingirem altas produtividades é por não serem usadas cultivares melhoradas geneticamente. Muitas vezes, as sementes são obtidas de frutos coletados em pomares comerciais ou mercados, sem procedência conhecida. Além do mais, o manejo adotado na propriedade também pode influenciar no rendimento da cultura, entre eles, as medidas de controle fitossanitário.

Várias doenças podem acometer essa cultura, reduzindo sua produtividade e comprometendo a qualidade dos frutos. Dentre elas, destaca-se a mancha bacteriana, causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae. Presente em todas as regiões produtoras do País, essa bacteriose é fator limitante na produção do maracujá, principalmente se ocorrerem condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como nas regiões mais quentes e úmidas.

Mancha bacteriana

O primeiro relato dessa doença no Brasil ocorreu no Estado de São Paulo, na região de Araraquara, em 1967. Também conhecida por crestamento bacteriano, mancha-oleosa, morte precoce, ou apenas bacteriose do maracujá, as plantas afetadas por essa bactéria morrem rapidamente. A expectativa de vida de um maracujazeiro infectado é de 12 a 18 meses, em comparação com os até quatro anos da planta sadia.

Nas folhas são observadas pequenas lesões encharcas e translúcidas, que passam a necrosar e formam um halo clorótico ao redor da mancha. Posteriormente, essas folhas secam e começam a cair, ocorrendo uma desfolha severa. Em cultivares altamente suscetíveis, a bactéria se propaga por todos os tecidos da planta, provocando a morte.

Nos frutos, ocorrem lesões de coloração parda ou esverdeada, com bordos bem delimitados. Apesar das lesões serem superficiais, sob condições favoráveis, a bactéria pode atingir a polpa, contaminando as sementes e inutilizando os frutos para o consumo.

É facilmente disseminada para novas áreas por sementes e mudas, daí a importância de se usar sempre mudas sadias e certificadas. Dentro da lavoura, a disseminação é através da água (irrigação ou chuvas), vento e insetos.

Manejo da bacteriose

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Doenças causadas por bactérias representam um verdadeiro desafio no que diz respeito ao controle. Uma vez instaladas na área, ao contrário de doenças fúngicas, em que muitas vezes o controle químico é eficiente, para bactérias, essa medida pode levar o produtor a frustação.

Bactérias se reproduzem rapidamente, dobrando a população várias vezes ao dia, principalmente em culturas irrigadas. De modo geral, o controle é quase que limitado as medidas de exclusão, ou seja, evitar a introdução do patógeno na área.

Como dito anteriormente, é essencial o uso de sementes e mudas sadias. O tratamento térmico das sementes, em água quente (50ºC) por 30 a 60 minutos, pode erradicar a bactéria. O produtor também deve optar por instalar novos plantios em locais distantes de plantios que possam estar infectados.

Para bacterioses, de modo geral, produtos à base de cobre e antibiótico (casugamicina) vêm sendo empregados no controle, mas já foram relatados, inclusive, isolados de X. axonopodis pv. passiflorae resistentes ao cobre. Além do mais, não existem atualmente produtos registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para controle dessa bactéria em maracujazeiros.

Pesquisas

As pesquisas demonstraram que, tanto mudas de maracujá previamente infectadas com a bactéria, como as mudas sadias, que foram tratadas e, posteriormente, infectadas, responderam bem as pulverizações com argila silicatada.

Após 22 dias da infecção pela bactéria, o índice de severidade da mancha bacteriana nas folhas de maracujá, é severamente reduzido pela aplicação desse nutriente, nas concentrações de 1,0 e 2%.  No entanto, deve-se manter a periodicidade nas aplicações.

Como age o silício

Embora não seja considerado um nutriente essencial para as plantas, o Instituto Internacional de Nutrição de Plantas, na Geórgia, EUA, classificou o Si como uma “substância benéfica”. Os numerosos estudos já realizados comprovam que o Si pode ‘aliviar’ tanto o estresse biótico como o abiótico.

Uma barreira física é formada nas folhas, devido à deposição de Si, impedindo o contato entre patógeno e tecido vegetal. Além do mais, estudos demonstraram que o Si aumenta os níveis de transcrição de genes relacionados à defesa da planta, aumentando assim a atividade de compostos e enzimas. Plantas de pepino tratadas com Si mostraram um aumento na atividade das enzimas peroxidase, polifenoloxidase, b-1,3 glucanase e quitina, em resposta à infecção por patógenos.

No maracujazeiro, o mecanismo de ação do Si ainda é incerto. Sabe-se que ele atua diretamente sobre o patógeno, mas possivelmente também possa estar relacionado à indução de resistência da planta. A campo, os produtores que já aplicam esse nutriente em maracujazeiros infectados pela bactéria e outras doenças relatam maior resistência das folhas.

O bolso do produtor também é beneficiado: menos aplicações de defensivos químicos são requeridas, uma vez que o Si atua não só na bacteriose, mas também nas doenças fúngicas e em insetos.

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