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Sistema Antecipe: redução dos riscos associados às incertezas climáticas

Guilherme Viana

Décio Karam
decio.karam@embrapa.br
Emerson Borghi
emerson.borghi@embrapa.br
Doutores e pesquisadores da Embrapa

O Sistema Antecipe é uma estratégia de diminuição de riscos na produção do milho safrinha. É importante destacar que a Embrapa não está recomendando que o Antecipe seja utilizado em toda a propriedade, e sim em talhões, onde, em função da capacidade operacional, o milho safrinha sempre foi semeado em condições restritivas à produtividade, como a falta de chuva.

A antecipação do cultivo de milho nas entrelinhas da soja aumentará a produtividade em relação ao milho semeado fora da janela definida pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Até 20 dias antes da colheita, mas, para a melhor tomada de decisão, o produtor precisa conhecer em detalhes a cultivar de soja e seu ciclo, para que possa efetuar o cultivo intercalar sem prejuízo à colheita da soja e não ultrapassando o limite de crescimento do milho (V5). Em algumas regiões, o Antecipe poderá ocorrer em R6, por exemplo.

Influência direta na produção de milho safrinha

Em experimentos no campo, em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Paraná, a antecipação da semeadura do milho segunda safra permitiu ganhos que variaram entre 20 e 50%, a depender da região, do ano agrícola e das cultivares de soja utilizadas. O ganho de produtividade com o Sistema Antecipe chegou a 1,5 saca por hectare para cada dia de antecipação na semeadura.

Principais desafios

O Antecipe exige planejamento, que começa antes da semeadura da soja. Se ele for realizado após a maturidade fisiológica da soja, as chances de abertura de vagens por deiscência são maiores. Por isso, o Sistema Antecipe não deve ser realizado próximo da época de colheita da soja. Nessa condição, recomenda-se a colheita da soja e a semeadura do milho safrinha na sequência.

Para implantação, são sugeridas várias recomendações, entre elas, que o milho esteja no momento da colheita da soja até o estádio de desenvolvimento V5, pois, até esse estádio, o ponto de crescimento do milho encontra-se abaixo da superfície do solo.

Para que não ocorram perdas de vagens por deiscência, o Antecipe requer que essa semeadura ocorra sob determinadas recomendações, entre elas, que seja executada a partir do estádio R5 da soja (a depender da região).

Décio Karam mostrando o enraizamento do milho no Sistema antecipe
Crédito:  Sinval Lopes

Em 2010, para uma nova etapa da pesquisa, foi desenvolvida uma semeadora-adubadora para realizar esse plantio intercalar. A tecnologia foi desenvolvida para não dificultar as operações na fazenda. Se o produtor resolver adotar o Antecipe em parte de sua área (até mesmo porque não é preciso antecipar toda a fazenda), não serão necessários ajustes no espaçamento entrelinhas.

Isso só foi possível porque a semeadora-adubadora para o Antecipe foi desenvolvida para trabalhar nos mesmos espaçamentos que qualquer semeadora existente no mercado. Assim, se a soja é semeada no espaçamento de 50 cm entrelinhas, por exemplo, no momento da entrada da máquina para o Antecipe, o espaçamento do milho também continuará com 50 cm, pois a semeadora-adubadora desenvolvida permite essas regulagens de espaçamento.

Cuidados

Porém, alguns cuidados devem ser considerados. Você poderá entender todas as recomendações para que possa ser implementado o Sistema Antecipe a partir da página 98 do livro, seção “Recomendações técnicas para implantação do Antecipe” (disponível em www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1135680/1/COT-253-Recomendacoes-tecnicas-trator-semeadora-adubadora-sistema-Antecipe.pdf).

A partir da página 34 do livro, que estamos disponibilizando gratuitamente para download, são explicadas as bases fisiológicas da desfolha precoce de plantas de milho. Os pesquisadores Paulo Cesar Magalhães (Embrapa Milho e Sorgo) e o professor Thiago Corrêa de Souza (Universidade Federal de Alfenas) explicam com detalhes, utilizando uma ampla literatura conceitual, que o milho, até o estádio de desenvolvimento V5, tem o seu ponto de crescimento abaixo da superfície do solo.

O Antecipe exige planejamento, que começa antes da semeadura da soja. Para implantação, são sugeridas várias recomendações, entre elas, que o milho esteja no momento da colheita da soja até o estádio de desenvolvimento V5, pois, até esse estádio, o ponto de crescimento do milho encontra-se abaixo da superfície do solo. Para isso, ajustes no conjunto trator e semeadora (permitindo ao equipamento transitar entre as linhas da soja) e conhecimento agronômico para identificar estádios fenológicos são essenciais para que o Antecipe tenha sucesso. As publicações para essas recomendações estão disponibilizadas no portal do Antecipe.

Projeto inédito

A semeadora-adubadora é exclusiva do Sistema Antecipe e tem patente requerida pela Embrapa, pois não há nenhuma máquina que consiga fazer essa operação de plantio sem danificar a soja. Entre 2010 e 2019, essa máquina foi testada em diferentes condições, para que pudesse realizar o plantio sem danos à soja. Em 2019, foi feita uma parceria público-privada com uma empresa brasileira e, desde 2020, a semeadora está disponível aos produtores brasileiros nas versões de quatro, seis e nove linhas (esta última só semente, sem os depósitos de fertilizante).

Aplicativo

Para ajudar o produtor a identificar o momento ideal de iniciar o planejamento do cultivo no Antecipe, a Embrapa desenvolveu um aplicativo para dispositivos móveis específico para o sistema. Assim, será possível identificar, com precisão, todas as fases fenológicas do milho e da soja, e saber como proceder em cada etapa desse sistema.

No portal do Antecipe, existem palestras e cursos gravados que detalham sobre o cultivo intercalar. Além disso, a Embrapa realiza treinamentos e capacitações técnicas com parceiros (cooperativas e técnicos de assistência técnica pública e privada) para que o Antecipe consiga chegar aos produtores com mais rapidez e assertividade.

No portal, existe um link com perguntas e respostas frequentes. Lá, o produtor poderá ter mais informações sobre manejo de pragas, adubação e outros questionamentos já respondidos pela equipe que desenvolveu a tecnologia.

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