André dos Santos Melo – Mestrando em Entomologia – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – andre.mello004@gmail.com
Pablo Henrique de Almeida Oliveira – Mestrando em Produção Vegetal – UFRPE – pablohenrickk@gmail.com
Dhyene Rayne dos Santos Becker – Mestranda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA) – drayneagro@gmail.com
O tomateiro é uma planta com elevada demanda hídrica. Dependendo da cultivar, dos aspectos ambientais e do sistema de irrigação, a quantidade total de água necessária é de 300 a 650 mm.
O tomate pode tolerar déficit hídrico em determinados níveis, no entanto, é importante manter a umidade do solo acima de 50% sem perdas de rendimento. É essencial conservar os coeficientes adequados de água no solo, sobretudo na fase inicial do plantio. Durante o pico de desenvolvimento da planta, o consumo médio de água chega a 7,0 mm em regiões subtropicais e 9,0 mm em regiões semiáridas.
Apesar da tolerância à seca, o excesso de água reduz a qualidade dos frutos em função do acúmulo de nitrato na polpa. A maior demanda hídrica do tomateiro é no estágio de floração e enchimento dos frutos, não podendo haver oscilações no teor de umidade no solo. Isso pode provocar rachaduras nos frutos, abortamento de flores, frutos ocos e redução no pegamento.
Água na medida certa
Como a maioria das culturas, a necessidade hídrica do tomate é estimada por meio da ETc (evapotranspiração da área de cultivo). Essa quantidade de água deve ser necessária pra manter a faixa de solo de ocupação do sistema radicular úmida, em profundidade de pelo menos 40 cm.
Nesse aspecto, o método de irrigação por gotejamento proporciona melhor aproveitamento da água no solo, otimiza a aplicação de defensivos químicos, permite melhor manejo no controle de plantas daninhas e evita perdas de nutrientes por lixiviação.
A água é o fator preponderante para a maximização da produtividade, aliada a outros fatores inerentes à nutrição, material genético e sanidade do cultivo. A eficiência no uso da água consiste no fornecimento na quantidade certa e no momento adequado requerido pela planta, nas suas diferentes fases de desenvolvimento.
A aplicação de água localizada permite aumento de produtividade e redução da lâmina de água fornecida. Por não molhar a parte aérea, a irrigação por gotejamento contribui com a diminuição de doenças fúngicas, reduzindo até 50% as aplicações de fungicidas.
Na tomaticultura
[rml_read_more]
Em cultivos de tomate, a irrigação por gotejamento aliada à fertirrigação permitiu aumento da produtividade de 20 a 30% e diminuição no consumo de água em 30%, comparado com o sistema convencional por aspersão.
As limitações no uso desse sistema partem do custo de instalação e manutenção, problemas com entupimento dos emissores e permissão limitada de sucessão de cultura após o ciclo do tomateiro, além da pouca disponibilidade de mão de obra para instalação e desinstalação do sistema nas entressafras.
O monitoramento da umidade real do solo é outro fator limitante para um bom planejamento de irrigação com maior precisão. Métodos como o gravimétrico (padrão), por exemplo, são trabalhosos e o tempo de resposta é de 24 horas para obtenção dos resultados.
Entretanto, outros métodos já estão sendo aplicados, como o da Reflectometria no Domínio do Tempo (TDR) e a Reflectometria no Domínio da Frequência (FDR), que são métodos alternativos na obtenção de dados de umidade do solo, fornece leituras precisas e rápidas em diferentes profundidades.
Detalhes importantes
O turno de rega é um fator imprescindível no manejo de irrigação. Nesse aspecto, as recomendações para o manejo da água devem ser específicas, pois pode sofrer variações em função das condições de clima e solo. Comprovações em campo evidenciam que turnos de rega fixo diário não promoveram aumento de produtividade, comparado ao turno de rega com intervalo de dois dias.
No manejo do turno de rega de dois dias, a produção de massa de frutos se manteve semelhante ao turno de um dia, o que torna mais econômico para o produtor, pois diminui os custos com energia e água, reduz a mão de obra e permite mais tempo do operante em outras atividades.
Otimização do sistema
O bom dimensionamento e manejo de um sistema de irrigação deve ser feito com base em dados climáticos precisos da região e do potencial hídrico do solo. Deve-se conhecer também o volume aplicado, a vazão do gotejador, o disco saturado e a condutividade elétrica do solo.
Cuidados com a manutenção do sistema são necessários para uma maior uniformidade de distribuição de água no solo, como o espaçamento entre gotejadores e vazão dos emissores, práticas necessárias para manter uma sobreposição do bulbo molhado, e uma uniformidade mais eficiente nas camadas mais profundas.
Resultados em campo evidenciam que o efeito da sobreposição tem importância na uniformidade e distribuição da umidade horizontal ao longo do perfil de solo.