Sistema Ellepot: novo paradigma tecnológico para a silvicultura mundial

0
520

A substituição dos tubetes por embalagens degradáveis é irreversível e uma realidade nas maiores empresas florestais da África do Sul, Europa e vários países na América do sul, como Chile, Uruguai e o Brasil. Confira no artigo abaixo o que é o Sistema Ellepot.

Créditos Ellepot

Pamela Diniz
Vendas e Marketing – Ellepot A/S
‎pam@ellepot.do

Darcy Werneck
Gerente de Desenvolvimento de Negócios – Ellepot S/A
‎dw@ellepot.dk

Alex Freitas
Pesquisador e consultor em planejamento e gestão de viveiros florestais – Ellepot A/S
aff@ellepot.dk

Glêison dos Santos
Diretor científico da Sociedade de Investigações Florestais (SIF)

Sebastião Valverde
Doutor e professor – Universidade Federal de Viçosa

Rodrigo Nascimento
Gerente – SIF

O Brasil, historicamente, desde o seu descobrimento, tem no extrativismo vegetal, iniciado no pau-brasil, passando às perobas, jequitibás, jatobás e braúnas, dentre outras espécies arbóreas, importantes fontes de divisas.

Pode-se afirmar que o extrativismo florestal teve o bônus econômico da geração de riqueza, melhoria da qualidade de vida dos atores envolvidos e influência positiva na economia nacional. Mas, também, alguns ônus muito relevantes foram alcançados, como a degradação do solo, a extinção de espécies da flora e fauna e a poluição do ar e das águas.

Atualmente, sabe-se que a forma como foi realizada a exploração florestal e a abertura desordenada das áreas para plantios agrícolas, e a pecuária desrespeitou as futuras gerações, já que não se empregavam os conceitos da sustentabilidade produtiva, muito menos ambiental, inexistente naquela época.

Contudo, se por um lado a preservação destes recursos é fundamental à sobrevivência humana, por outro, a sua utilização também o é. Assim, é inevitável a conexão do ser humano ao ser florestal, identificando formas sustentáveis de utilização que respeitem a capacidade de restauração dos ambientes florestais.

Ponto de equilíbrio

Em busca deste ponto de equilíbrio, entre satisfação e reposição, desenvolve-se a ciência florestal, que surgiu na Europa em 1811, na Alemanha, passando por Portugal em 1911 e chegando no Brasil em 1960, com a abertura da primeira Escola Nacional de Florestas, em Viçosa (MG), hoje UFV.

Dentre as funções da ciência florestal está a sustentabilidade produtiva e ambiental da cadeia de valor dos produtos e serviços ofertados pelas espécies florestais.

Para além da pesquisa científica, desde 1972, há 50 anos, quando ocorreu a conferência de Estocolmo, a sociedade busca consolidar um modelo operacional para o desenvolvimento econômico, por meio do uso dos recursos ambientais, principalmente florestais, mitigando as externalidades às gerações futuras.

A demanda, surgida há meio século, está mais atual que nunca com a homologação dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), que forma a Agenda 2030, adotada em 2015, durante a Cúpula das Nações Unidas.

Esta modificação na forma de pensar e agir da sociedade, rejeitando produtos conectados ao desrespeito às gerações futuras, levou à mobilização e engajamento de governos, empresas e universidades para desenvolver novos produtos conectados ao ambiente e à sociedade.

Essa cooperação focada na inovação tecnológica, chamada de “Hélice tríplice” por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff em uma clássica publicação acadêmica da década de 1990, revolucionou a vida humana. Dentre as tecnologias mais impactantes desenvolvidas para o setor florestal está a silvicultura, que é a capacidade de se cultivar árvores para seus diversos fins, assim como ocorre no café, trigo, milho e tantas outras culturas agrícolas.

Evolução da silvicultura

Desde o surgimento da silvicultura, a domesticação das espécies arbóreas foi focada na capacidade de multiplicação em escala destes indivíduos, com o menor custo, maior qualidade e com total autonomia logística das mudas a regiões cada vez mais longínquas.

Para isso, foram necessárias inovações em produtos e processos mais customizados às necessidades de cada empresa, devido às diferentes condições edafoclimáticas, espécies e culturas empresariais vigentes.

Dentre as diversas inovações desenvolvidas por esse modelo de inovação cooperativa está o surgimento de embalagens para a produção de mudas, que tornou possível otimizar o processo de produção em viveiro e os rendimentos operacionais em campo durante a implantação florestal, favorecendo o êxito dos plantios florestais e a conexão do ser humano ao ser florestal.

A partir deste momento, a sociedade passou a ter oportunidade de ganhar escala produtiva na silvicultura, ampliando áreas cultivadas, assim como a produtividade das florestas por meio da utilização de mudas com melhor qualidade morfológica, fisiológica e genética.

Paradigmas

O desenvolvimento cooperativo tecnológico foi construindo e destruindo paradigmas com o surgimento do torrão paulista, da sacola plástica, do tubete de polietileno e das embalagens degradáveis produzidas a partir de celulose e outras fibras vegetais.

Esse fenômeno e descrito por Joseph Schumpeter em sua obra “Capitalismo, Socialismo e Democracia”, de 1942, como processo constante de “destruição criativa”, por meio do qual um paradigma tecnológico é desenvolvido incessantemente, destruindo o anterior e imediatamente buscando alternativas para suplantar o existente. Este fenômeno já foi vivido pelas câmeras de fotografia, pelos celulares, modelos de carros e tantos outros exemplos ao nosso redor.

O processo de inovação conectado ao desenvolvimento de embalagens para a produção de mudas florestais em seu gênese teve como preceitos a produtividade do viveiro, a qualidade morfológica e fisiológica da muda expedida e os rendimentos na implantação florestal.

Embalagens florestais

Com a evolução dos conceitos gerenciais, exigindo da indústria interagir com o ambiente e a sociedade, responsabilizando-se por suas externalidades e respeitando todos os stakeholders, foi inserido ao processo de seleção de embalagens florestais a necessidade de maior sustentabilidade produtiva, maior ergonomia para os colaboradores, menor consumo de água e energia e, recentemente, menor emissão de gás de efeito estufa.

Ao analisar a história evolutiva das embalagens florestais percebe-se ganhos econômicos muito significativos sempre que ocorreu a substituição de uma tecnologia por outra. Todas as inovações foram fundamentais para construir a potência florestal que o Brasil é hoje para o globo, e precisam ser lembradas e estudadas.

Vejamos o caso da inserção do torrão paulista e demais embalagens que substituíram a técnica de plantio de raiz nua, o surgimento das sacolas plásticas com o ganho de rendimento no preparo das embalagens e a inserção do velho e bom tubete de polipropileno, que promoveu uma verdadeira revolução nos viveiros e na silvicultura, com a melhoria da ergonomia, redução de custos, tornando as implantações florestais uma verdadeira linha industrial de plantio de árvores.

O que vem por aí

Com o surgimento da tecnologia de embalagens degradáveis, há 30 anos, proposto pela então Ellegaard, hoje chamada de Ellepot A/S, com todas as boas características do tubete, mas também conectada aos novos indicadores socioambientais, as maiores empresas de base florestal do mundo vêm aposentando o tubete, devido à impossibilidade deste atender algumas exigências da Agenda 2030.

Não somente as empresas de celulose e papel, siderurgia e mineradoras, mas também aquelas voltadas à floricultura, hortifruticultura e à produção de mudas nativas com fins de produção de madeiras tropicais, neutralização de carbono e ainda restauração florestal.

Não ocorrerá o desuso do tubete de polipropileno nas próximas décadas, da mesma forma que as sacolas plásticas permanecem nos viveiros familiares. Mas, a substituição dos tubete por embalagens degradáveis é irreversível e uma realidade nas maiores empresas florestais da África do Sul, Europa e vários países na América do sul, como Chile, Uruguai e o nosso Brasil. O processo de quebra do paradigma já aconteceu. Agora, a realização completa da transferência de tecnologia é uma questão de tempo.

Ellepot

A Ellepot A/S, líder global em inovação para produção de mudas em embalagens degradáveis, oferece soluções integradas, certificadas e usadas em mais de 120 países, que utilizam em suas operações máquinas automáticas, papéis, membranas e bandejas customizadas para cada cultura e necessidades operacionais do viveiro e do campo.

Em parceria com as maiores empresas de base florestal do mundo, como a Suzano (Brasil), Storaenso (China); April (Indonésia); The Navigator Company (Portugal); Smurfit Kappa (Colombia), Sappi, CPS, Ezigro Seedlings, Sunshine, Sutherland Seedlings (África do Sul), UPM e Montes Del Plata (Uruguay), Arauco (Chile), além de grandes viveiros florestais do Brasil, como a Tecnoplanta (Rio Grande do Sul) e viveiro Camará (São Paulo), assim como grandes centros de inovação, como a UFV e a SIF, o processo de inovação não para e é realizado com a mesma metodologia validada pelo setor florestal brasileiro, a Hélice tríplice, sempre tendo a ciência florestal como base de tomada de decisão.

A parceria com as empresas de base florestal e com as universidades mundo afora atua não somente na propagação massal de espécies exóticas como o eucalipto e pinus, mas também em diversas culturas como flores, frutas, hortaliças e espécies nativas florestais e epífitas.

Dentre as empresas destes nichos estão a Investancia Group BV da Holanda que, no Paraguai utiliza o sistema Ellepot para alcançar a meta de plantar mais de 120.000 hectares de terras degradadas e onde produzirá muitos milhões de pongamia.

No Brasil, a Suzano, Klabin, Eldorado e outras grandes empresas já validaram a tecnologia para a restauração florestal, plantando mudas nativas oriundas de viveiros como o Anauá da Bahia, a Apremavi de Santa Catarina e o Viveiro Camará de São Paulo. A empresa Hidrelétrica Itaipu Binacional também utiliza a tecnologia Ellepot para produção de mudas nativas voltadas a doação para diversas instituições.

Sabe-se que, apesar do investimento inicial um pouco mais elevado, comparativamente à manutenção do sistema atual de tubete de polietileno, a transferência de tecnologia para o Sistema Ellepot fomenta a redução do capital de giro necessário para a manutenção do viveiro e a redução do custo silvicultural, somado ao ganho de sustentabilidade ambiental, que paga a conta da transição tecnológica.

Competitividade

A redução do capital de giro dos viveiros está conectada à catalisação do processo produtivo, com oportunidade de expedição de mudas próximo de 45 dias, no caso de eucaliptos tropicais. Outros fatores que elevam a competitividade da embalagem degradável Ellepot é a menor emissão de carbono devido a extinção da logística reversa, necessária ao tubete plástico.

O menor consumo de energia e mão de obra no preparo das embalagens com a aposentadoria das máquinas de esterilização e compactação dos tubetes é apontado por gestores de todo o mundo como um grande diferencial do sistema Ellepot, que é integrado e não necessita da realização destes processos.

Com as novas bandejas projetadas para condições tropicais, foi possível customizar as dimensões às bancadas do pátio de crescimento, projetadas para os velhos tubetes, eliminando a necessidade de adaptações, o que era um desafio econômico.

Além disso, as novas bandejas proporcionaram redução do consumo de água e de fertilizantes por meio do novo layout, promovendo a otimização das estruturas das casas de vegetação devido à aceleração do processo de enraizamento e, para muitos clones, otimizações deste indicador operacional.

As raízes na propagação florestal em escala, como no caso dos viveiros clonais de eucalipto, são muito pouco auditadas devido a impossibilidade imposta pelos tubetes. Estas embalagens dificultam a auditoria da fração radicular da planta em produção e, muitas vezes, favorece ambientes hipóxicos (pouco oxigênio) devido à dificuldade de escoamento de água.

Isto prejudica o crescimento radicular, podendo levar à necrose do tecido e morte do indivíduo, e até de todo o lote, promovendo prejuízos incalculáveis, quando o foco está em espécies nativas desafiadoras, como aquelas pertencentes à família Fabaceae ou mesmo aos genótipos de difícil enraizamento, adventício como os clones do gênero Corymbia ou mesmo Eucalyptus subtropicais como o E. dunni, E. Benthami e E. globulus, que são mais desafiadores, já que ambientes com baixa concentração de oxigênio inibem o enraizamento adventício, impedindo o êxito das metas gerenciais.

Eficácia das embalagens degradáveis

Quando avaliamos o uso de embalagens degradáveis Ellepot, verifica-se a ausência de oxidação e desenvolvimento pleno das raízes, devido à absorção mais homogênea e oxigenação plena.

A tecnologia do sistema Ellepot é disruptiva, diferente do processo atual, tirando os gestores dos viveiros da “zona de conforto” (se é que alguns viveiristas têm conforto gerencial), pois o processo de gestão da produção requer atenção a pequenos ajustes para se alcançar o potencial máximo da tecnologia.

Reduzir a umidade da casa de vegetação posterior ao período de climatação das miniestacas pós-colheita; aumentar o turno e diminuir o tempo de rega no pátio de crescimento; auditar o desenvolvimento aéreo e radicular das mudas, para estimar a aplicação de fertilização localizada, são ações de baixo investimento com grande retorno econômico e ambiental.

Um bom gestor é aquele que avalia cada pacote tecnológico, customizando o processo sempre que necessário, rumo à maior produtividade, menor custo e sempre norteado pela sustentabilidade.

Buscando aproximar-se ainda mais de seus parceiros e fomentar os melhores resultados operacionais com a tecnologia Ellepot, a empresa desenvolveu o setor científico para tratar dos assuntos conectados à pesquisa, inovação e transferência de tecnologia, a fim de atender toda a América Latina, principalmente o Brasil.

Produção com menor custo

O setor formado por profissionais com expertise em engenharia financeira, planejamento e gestão de viveiros florestais, tem como missão apoiar o empreendedor no processo de transição tecnológica, para garantir a máxima produção e o menor custo produtivo.

A equipe Ellepot Brasil e Ellepot América Latina está atuando para desenvolver e disponibilizar procedimentos operacionais, treinamentos e auditorias do processo produtivo, além de manter a conexão com as principais empresas do mercado consumidor de mudas, focando sempre na melhoria contínua e na ampliação das oportunidades.

O time está composto por Alex Freitas, doutor em Ciência Florestal pela UFV, especialista em gestão da produção de sementes e mudas florestais nativas e exóticas e que atua há mais de 20 anos em desenvolvimentos tecnológicos para viveiros florestais do Brasil e do mundo; Pamela Diniz, pós-graduada em gestão comercial e agrobusiness pela UNIP, especialista em desenvolvimento de novos mercados do agronegócio e Darcy Werneck, jornalista, graduado em comércio exterior, com longa experiência em exportações de tecnologias dinamarquesas para vários continentes e há vários anos na gerência do setor florestal global da Ellepot A/S, de Esbjerg, na Dinamarca.

A cidade selecionada para receber a sede científica da Ellepot A/S foi Viçosa (MG), no Brasil, devido à sua história no desenvolvimento tecnológico agroflorestal com a presença da centenária Universidade Federal de Viçosa, berço da ciência florestal no Brasil e da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), duas instituições inovadoras na vanguarda internacional do mundo florestal e que agora fazem parte do time global de parceiros da Ellepot A/S.

Visando dar continuidade ao processo de inovação tecnológica, a Ellepot A/S trouxe para Viçosa uma de suas modernas máquinas semiautomáticas, a H212, com alternadas linhas de produção em Ø30,Ø35,Ø40 e Ø80mm, para que juntos da UFV, da SIF e das empresas florestais da América Latina, possamos continuar com o processo de inovação florestal e apoiar o Brasil e todos os países da América Latina, no desenvolvimento econômico, ambiental e principalmente social.

Todos estão convidados a participar de nosso time de inovação. Esperamos, junto com todos os interessados, construir o futuro que desejamos e contribuir como agentes de transformação na importante e necessária meta: Net-Zero 2050.

Alcançar a neutralidade climática requer mudanças estruturais em nosso sistema econômico, com soluções que funcionem em todos os setores. E uma dessas soluções passa pela tecnologia de propagação de plantas. Produção de qualidade em larga escala requer meios apropriados. Árvores saudáveis, vigorosas e bem produzidas são fundamentos para essa desejada transformação. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!