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Sistemas de irrigação por gotejamento

Juliano de Oliveira e Silva juliano.oliveira@emater.df.gov.br

Antônio Dantas Costa Junior antonio.dantas@emater.df.gov.br

Kleiton Rodrigues Aquiles kleiton.aquiles@emater.df.gov.br

Extensionistas rurais da EMATER-DF

Irrigação – Foto: EMATER-DF

A irrigação correta interfere diretamente na qualidade da produção e na produtividade das lavouras de hortaliças. Um levantamento realizado pela EMATER-DF nas bacias do Alto Descoberto e do Ribeirão Pipiripau, nos anos de 2017 e 2020, constatou que quase a totalidade dos sistemas de irrigação utilizados pelos agricultores não foram dimensionados adequadamente.

Somado a isso, as alterações que estão ocorrendo no regime de chuvas (volume e distribuição) estão levando a um conflito pelo uso prioritário dos recursos hídricos para o consumo humano, conforme prevê a Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei nº 9.433 de 08 de janeiro de 1997.

Estes fatos exigem dos prestadores de assistência técnica ações imediatas para apoiar os agricultores no aumento da eficiência de seus sistemas de irrigação, sob o risco de estes não conseguirem se manter na atividade em um futuro muito breve.

Prejuízos da desuniformidade da irrigação

Os sistemas de irrigação não dimensionados aumentam custos de produção, reduzem a produtividade das lavouras e o lucro dos agricultores. Na prática, erros de dimensionamento podem ocorrer desde o mangote de sucção, passando pela motobomba e tubos, até chegar aos gotejadores, sendo comum ocorrerem as seguintes situações:

– O agricultor aplica uma lâmina de irrigação maior para “molhar as áreas secas”, que recebem menos água devido à desuniformidade do sistema de irrigação, e, por consequência, os gastos com energia elétrica aumentam.

– As plantas cultivadas com sistema de irrigação desuniforme estarão mais suscetíveis ao ataque de pragas e, por consequência, os gastos com mão de obra e insumos para o respectivo controle fitossanitário aumentam.

– O excesso de água pode ocasionar a perda de nutrientes por lixiviação, além de favorecer um microclima favorável a doenças nas plantas cultivadas.

– A falta de água resulta em danos às raízes, limitando a absorção de água e nutrientes, diminuindo o crescimento e desenvolvimento das culturas e, por consequência, reduzem a produtividade e lucro dos agricultores.

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Como identificar problemas

O primeiro passo é responder à seguinte pergunta – o sistema de irrigação em avaliação foi dimensionado e montado por um profissional qualificado, experiente e que fez uma visita a sua propriedade para fazer levantamento de campo? Se a resposta for não, comece a se preocupar.

Outras situações muito comuns também indicam provável ocorrência de sistemas mal dimensionados, que normalmente implicam desuniformidade na irrigação:

1. Uso de equipamentos comprados de outro agricultor.

2. Aquisição de tubulações e demais peças em lojas não especializadas, diretamente com o balconista.

Além disso, deve-se verificar outros problemas comuns que também tornam os sistemas de irrigação desuniformes:

1. Os tubos gotejadores ou tapes são da mesma marca, modelo, ou pelo menos oferecem a mesma vazão sob uma determinada pressão de serviço, ou são diferentes?

2. Ocorrem vazamentos por meio de furos ou junções inadequadas nos tubos gotejadores?

3. Foram instalados tubos gotejadores “velhos” junto com tubos gotejadores novos na mesma área de cultivo?

4. Os tubos gotejadores foram instalados “morro acima”, ou em aclive com inclinação superior a 2%?

5. O comprimento dos canteiros é superior ao recomendado pelos catálogos e fabricantes dos tubos gotejadores?

6. A compra do tubo gotejador é feita sem se preocupar com a vazão (litros/hora/metro)?

Recomendações

Para construir um equipamento para avaliar a pressão nos tubos gotejadores será necessário adquirir as seguintes peças: 1 tampão de 1 polegada, 1 niple de 1 polegada, 1 tê rosqueável de 1 polegada, 2 buchas de redução rosqueável de 1 polegada para ¾, 1 bucha de redução rosqueável de ¾ para ½, 1 manômetro de glicerina de 60 a 100 mca, 1 conector inicial de gotejamento com rosca ¾, 1 tê de 16 mm para ½ pol, tê de 16 mm para ½’.

Para usá-lo, em cada setor de irrigação será preciso medir e anotar a pressão de pelo menos quatro diferentes tubos gotejadores, sendo que em cada tubo gotejador deverá ser aferida a pressão tanto no início quanto no final do tubo, totalizando assim oito valores de pressão.

Por fim, leve essas informações para um profissional qualificado e discuta a necessidade ou não de ajustes no sistema de irrigação.

Como fazer o teste do copo?

Uma outra forma de avaliar a uniformidade do sistema de irrigação por gotejamento é coletar, medir e comparar a água que sai de diferentes locais da lavoura. Para fazer esse teste, escolha um setor de irrigação (linha derivação) e coloque copos (coletores volumétricos) debaixo dos gotejadores.

Ademais, será necessário escolher três diferentes tubos gotejadores e em cada tubo serão instalados dois copos para coleta de água no início e fim do mesmo. Após alguns minutos com o sistema de irrigação em funcionamento, medir e comparar o volume de água coletada em cada coletor.

Aqui, novamente vale a dica: uma vez identificada a necessidade de ajustes, deve-se procurar um profissional qualificado para ajustar o sistema de irrigação.

Motobomba de irrigação

Inúmeros agricultores acham que a potência de uma motobomba (por exemplo 3 cv ou 5 cv) indica a “força ou capacidade de irrigação” da mesma, e, por consequência, escolhem ou compram sua motobomba baseados apenas nesse fator, e aqui cabe um alerta – isso é um mito.

Independentemente do fabricante, as motobombas são diferentes e possuem características específicas que interferem na vazão (litros por hora) e capacidade de elevação da água (metros de coluna de água).

Em outras palavras, cada propriedade/lavoura precisa de uma motobomba sob medida, personalizada ou específica. Vamos exemplificar melhor com caso recente, em que verificamos que um sistema de irrigação por gotejamento exigia uma pressão de 18 mca e uma vazão de 26.000 litros/hora, bem como foram encontradas duas motobombas no comércio local.

Tabela 1: comparação da vazão proporcionada por duas motobombas de diferentes modelos em um sistema de irrigação que exige 18 mca de pressão.

Marca Modelo Potência Vazão a uma pressão de 18 mca
THEBE Motobomba THL-13 3 cv 28.000 litros/hora
SCHNEIDER Motobombas BC-92 3 cv 18.200 litros/hora

Veja que o exemplo indica que apenas a motobomba modelo THL-13 seria adequada para atender as condições do projeto, e caso fosse adquirida a outra motobomba o sistema de irrigação seria desuniforme.

Por fim, caso você deseje alterar a configuração do sistema de irrigação, seja para ampliar a área irrigada ou melhorar a eficiência do mesmo, procure um profissional qualificado para redimensioná-lo.

Na ponta do lápis

Mesmo que haja pressão suficiente fornecida pela motobomba, é muito comum ocorrer um erro no momento da montagem do ramal ou linha de derivação (cano onde são instalados os tubos gotejadores). Muitas vezes, o agricultor instala um número de tubos gotejadores que exigem mais água do que o cano deste ramal ou linha de derivação é capaz de fornecer e, por conseguinte, ocorre desuniformidade de irrigação.

Vale destacar que o número máximo de canteiros que podem ser irrigados ao mesmo tempo em um mesmo ramal ou linha de derivação leva em consideração o comprimento dos canteiros, a vazão do tubo gotejador, número de tubos instalados por canteiro, o modelo do cano da linha de derivação e a vazão da motobomba.

Vejamos alguns exemplos:

Tabela 2: simulação do número máximo de canteiros que podem ser irrigados ao mesmo tempo:

Como desentupir um tubo de gotejamento?

Quem nunca se deparou com o entupimento dos tubos gotejadores, seja por precipitação de cálcio e ferro presentes na água ou ainda sujeiras (areia, argila, plástico, algas e mucilagem bacteriana)?

Neste contexto, existem algumas ações que reduzem o entupimento do gotejamento:

1. Fazer a análise de água para identificação de possíveis elementos formadores de cristais (cálcio, magnésio, enxofre, etc.);

2. Após a instalação e montagem de canos e tubos gotejadores, fazer a limpeza do sistema para eliminação de restos de plásticos;

3. Evitar a mistura de adubos incompatíveis (exemplo: nitrato de cálcio + MAP);

4. Fazer a manutenção (limpeza) periódica dos filtros;

5. Instalar válvulas de final de linha em cada tubo de gotejamento;

6. Usar ácido fosfórico (70 – 100 ml por cada 1.000 metros de tubo gotejador), com aplicação semanal.

Como comprar um tubo de gotejamento?

A realidade da área rural de Brasília (DF) tem mostrado que poucos agricultores buscam saber a vazão dos tubos gotejadores no momento da compra e montagem do seu sistema de irrigação.

E pode até parecer exagero, mas inúmeros agricultores desconhecem que o mercado local oferece tubos com vazões diversas, variando de 5,0 litros/hora/metro até mais de 10 litros/hora/metro.

A escolha do tubo gotejador para um determinado projeto de irrigação depende da fração granulométrica do solo (teores de areia, silte e argila), qualidade da água (quantidade de cálcio, magnésio, matéria orgânica, etc.), comprimento da linha lateral e demanda de água da cultura irrigada.

Aqui, novamente vale a dica: se você desconhece qual foi a vazão projetada para o tubo gotejador, procure um profissional qualificado para dimensionar a vazão do tubo, uma vez que tubos com elevada vazão exigem maiores vazões da motobomba, menor comprimento dos canteiros e/ou do número de canteiros irrigados ao mesmo tempo para manter a uniformidade do sistema.

Como tonar seu sistema de irrigação uniforme

Por fim, os ajustes mais comuns e que apresentam custo reduzido passam pela:

1. Substituição do mangote, que deve possuir um diâmetro maior que o cano de recalque;

2. Aumento do tamanho do filtro;

3. Redução do tamanho dos canteiros ou linha de plantio;

4. Aumento do diâmetro do cano da linha adutora;

5. Reposicionamento da linha adutora e reservatório de água no terreno;

6. Redução do número de canteiros irrigados ao mesmo tempo por gotejamento;

7. Instalar válvulas de pressão para sistemas de irrigação montados em áreas declivosas.

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