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sexta-feira, abril 19, 2024
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Poda programada do café canephora

Autores

Thales Resende Barcelos
Doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Dalyse Toledo Castanheira
Pós-Doutoranda – UFLA
dalysecastanheira@hotmail.com A

O cultivo de café no mundo se dá praticamente com duas espécies – Coffea arábica L. e Coffea canephora Pierre, que possuem um alto poder produtivo. As características destes dois tipos de cafés são distintas, porém, ambos possuem valor e lugar no mercado.

O Brasil é o maior produtor de café do mundo, mas grande parte da produção brasileira é da espécie Coffea arabica L.. A produção de Coffea canephora se restringe a Estados onde a adaptação do café arábica não é satisfatória, como por exemplo, nos dois maiores produtores de café canephora do País: Espírito Santo e Rondônia.

O canephora possui uma característica de produtividade maior que o arábica, devido a sua alta rusticidade e ao seu tipo de morfologia multicaule. Por outro lado, essa espécie necessita obrigatoriamente da realização constante de podas para garantir as altas produtividades esperadas nesse sistema de cultivo.

Entretanto, para se obter o sucesso com a utilização das podas é importante levar em consideração fatores como: material genético das plantas, espaçamento, idade da lavoura, depauperamento e até mesmo a tendência de preços do produto.

O café canephora

Existem vários tipos de podas para o café canephora:

_ Poda de formação: tem por objetivo induzir o crescimento de brotos para formação da copa;

_ Poda de produção ou de frutificação: responsável por garantir as altas produtividades da cultura, sendo realizada tanto nos ramos ortotrópico quanto nos plagiotrópicos (produtivos), quando estes já atingiram 70% do seu potencial produtivo após, aproximadamente, de três a quatro colheitas;

_ Decote herbáceo ou capação: consiste na eliminação do meristema apical e lateral da planta, estimulando o crescimento de novos ramos e delimitando a altura das plantas. Este tipo de poda é pouco utilizado devido à adoção frequente de podas de produção;

_ Poda de renovação ou recepa: tem por objetivo a recuperação da parte aérea da planta e a formação de uma nova copa. Essa poda é comum em lavouras depauperadas ou com algum tipo de problema na parte aérea, como escaldaduras excessivas, chuvas de granizo, entre outras adversidades que podem ocorrer nas lavouras.

Podas programadas

O sistema de podas programadas para o café canephora engloba vários tipos de podas, associados a um manejo que proporciona maior longevidade e produtividade da cultura. No primeiro ano de formação da lavoura as atividades consistem apenas em desbrotas para eliminação de excesso de brotos e em condução da arquitetura da planta, onde realiza-se o “vergamento” da planta para estimular a brotação.

Para a formação da lavoura, o número ideal de hastes a serem conduzidas depende do espaçamento e da tecnologia a ser empregada na área, mas o ideal de hastes por hectare está entre 10.000 a 15.000.

Após o manejo de formação da lavoura, a próxima atividade a ser realizada é a programação para as podas de produção, as quais são responsáveis por garantir a produtividade elevada das lavouras de canephora.

Este sistema consiste na eliminação de brotos excessivos e de ramos que já atingiram 70% da sua capacidade produtiva, o que pode ocorrer após a segunda, terceira ou até mesmo a quarta colheita.

 O sistema de podas programadas garante para a planta uma reserva de nutrientes que será gasta apenas com os ramos que possuem total capacidade de produção. Com isso, não há desperdício de reservas com hastes que não apresentam potencial produtivo.

Quando se realiza esse sistema de eliminação, tanto de ramos verticais (ortotrópicos) quanto de ramos horizontais (plagiotrópicos), é necessário que o planejamento seja realizado na lavoura de forma que sempre sejam mantidos outros ramos para a substituição dos ramos eliminados. Com isso, a bienalidade das lavouras de canephora é bem menor, quando comparada às lavouras de arábica.

Decisão

A tomada de decisão para se realizar as podas é feita levando em consideração o fechamento da lavoura, vigor e crescimento desta para a outra safra. Um exemplo de programação de poda em uma lavoura de canephora é apresentado por pesquisadores do Incaper:

Para uma lavoura pouco fechada, com densidade de 3.000 plantas/ha e conduzida com quatro hastes/planta (12.000 hastes/ha), cuja indicação é a poda de 75% das hastes/planta na quarta colheita, recomenda-se eliminar um total de 9.000 hastes verticais imediatamente após a quarta colheita e as 3.000 hastes verticais restantes, após a quinta colheita.

Nos anos seguintes, inicia-se um novo ciclo, ou seja, da sexta à oitava colheita realiza-se a retirada dos ramos horizontais e as desbrotas; na nona colheita, a retirada de cerca de 75% hastes verticais, ramos horizontais e desbrota; na décima colheita, a retirada do restante das hastes verticais e desbrotas; e assim sucessivamente (Verdin Filho et al., 2008).

Vantagens

O sistema de podas programadas para o café canephora possui vantagens como:

– Menor necessidade de mão de obra;

– Praticidade e padronização no manejo de podas;

– Maior facilidade para realização da desbrota e dos tratos culturais na lavoura;

– Uniformização das floradas e da maturação dos frutos;

– Aumento na produtividade e na qualidade do café;

– Redução da bienalidade.

Equipamentos e maquinários disponíveis

As podas podem ser realizadas por meio de diversos equipamentos, desde os mais simples até os mais tecnológicos. Os equipamentos mais comuns são: motosserra, foice, facão, serrinha, podões e podadoras motorizadas.

Salienta-se, ainda, a possibilidade de realizar a poda por meio de uma tesoura podadora, que é ligada a um compressor, facilitando o corte de ramos mais grossos. As podadoras motorizadas são disponibilizadas em equipamentos manuais ou como implementos operados por um trator.

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