26.6 C
Uberlândia
quarta-feira, abril 30, 2025
- Publicidade -spot_img
InícioNotíciasSolo perde mais carbono virando monocultura do que pegando fogo

Solo perde mais carbono virando monocultura do que pegando fogo

Práticas de agricultura regenerativa ajudam a diminuir a perda de carbono em monoculturas; estoque é associado à saúde e fertilidade do solo, indica estudo.

Karina Custódio
Analista de comunicação IPAM

Monoculturas submetidas a práticas insustentáveis armazenam menos carbono do solo do que florestas queimadas periodicamente. É o que mostra pesquisa publicada na revista científica Catena, com colaboração de pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
 

Realizado na Estação de Pesquisa Tanguro, o estudo mostra que solos usados para plantio de uma única cultura por mais de uma década perdem 38% dos seus estoques de carbono. Nas florestas, há 16% de perda em solos queimados anualmente e 19% de perda em solos que sofreram incêndios a cada três anos. Ou seja, o solo perde o dobro de carbono quando é transformado em monocultura em comparação a florestas que sofrem queimadas recorrentes. Ao comparar com o carbono presente no solo de florestas conservadas, a concentração é três vezes menor.
 

Leonardo Maracahipes-Santos, pesquisador do IPAM e coordenador da Estação de Pesquisa Tanguro, um dos autores do estudo, destaca a necessidade de ampliar as práticas sustentáveis na agricultura, uma vez que essas ações podem mitigar a emergência climática.
 

“A perda de carbono em sistemas agrícolas varia conforme as práticas de manejo e o tipo de cultivo. Agroflorestas, que integram árvores e produção agropecuária, geralmente aumentam ou mantêm os estoques de carbono devido à capacidade das árvores de sequestrar carbono e melhorar a qualidade do solo. Já as monoculturas, mesmo sem queimadas, podem perder carbono por outros fatores, tais como erosão do solo e uso intensivo de maquinário”, explica Maracahipes-Santos.
 

O pesquisador aponta ainda que a inserção de práticas da agricultura regenerativa em monoculturas reduz a perda de carbono do solo, diminuindo, consequentemente, as emissões de gás carbônico e mitigando a emergência climática. Entre essas práticas estão a cobertura vegetal, a restauração de florestas ao redor de lavouras e o plantio direto.
 

“A Amazônia tem enfrentado queimadas florestais frequentes e conversão de floresta para agricultura. Grande parte das pesquisas focaram em quantificar os impactos desses usos sobre a biomassa acima do solo. Nosso estudo mostra o legado e a magnitude de queimas frequentes e conversão de floresta para agricultura sobre a matéria orgânica do solo e outros atributos de saúde do solo no Arco do Desmatamento Amazônico”, indica Mário Medeiros-Naval, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) e primeiro autor do artigo.
 

Saúde do solo
 

As análises também identificaram uma correlação entre o aumento de estoque de carbono e a maior fertilidade do solo. Isso indica que adotar práticas mais sustentáveis em monoculturas, que favoreçam o acúmulo de carbono, pode gerar solos mais férteis e reduzir a necessidade de fertilizantes.
 

A pesquisa atesta que a saúde do solo em monoculturas é pior do que em florestas queimadas anualmente. O solo presente nas lavouras é mais compactado, com menor teor de nitrogênio e matéria orgânica, o que reduz a capacidade de armazenar nutrientes e dificulta o crescimento de plantas, aumentando a dependência de fertilizantes.
 

A área de monocultura estudada já adotava o plantio direto e aplicação de calcário, práticas mais sustentáveis, desde 2008, o que reduziu a acidez do solo e aumentou a disponibilidade de alguns nutrientes. No entanto, a redução de matéria orgânica levou a características incompatíveis com solos saudáveis.
 

Como a pesquisa foi feita
 

Recolhimento das amostras (Foto: Mário Naval-Medeiros)

Para determinar o nível de carbono e saúde do solo, os pesquisadores selecionaram quatro áreas na mesma região: uma floresta queimada experimentalmente anualmente, uma queimada a cada três anos e uma área de floresta intacta.
 

Amostras de solo foram coletadas em 11 pontos em cada área, foram analisadas tanto partes mais superficiais do solo (10 a 20 centímetros), quanto mais profundas (20 a 30 centímetros).
  Os pesquisadores avaliaram, em laboratório, a presença de carbono, nitrogênio, matéria orgânica, densidade e outros nutrientes. Permitindo determinar a qualidade dos solos examinados.

ARTIGOS RELACIONADOS

Adubação foliar – Suprimento nutricional imediato das deficiências

Autores Elisamara Caldeira do Nascimento Pós-doutoranda PPG – Agricultura Tropical – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Talita de Santana Matos Pós-doutoranda PPG –...

Cerrado – A fosfatagem ideal para cada tipo de solo

AutoresLeandro Pereira dos Santos Graduando em Engenharia Agronômica e coordenador de Ensino do G-Fert Pedro Augusto Silva Fernandes Graduando em Engenharia Agronômica...

Autoridades do agro participam do Congresso da ABAG

Evento acontece na segunda-feira (07), em formato híbrido. As inscrições para participar tanto no modo presencial como no virtual podem ser feitas pelo site oficial.

Nova tecnologia contra ferrugem e nematoides

Com um portfólio completo para as mais variadas culturas e regiões produtoras, a IHARA, especializada em tecnologias para a proteção de cultivos, estará no IX Congresso ANDAV....

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!