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Solução para deficiência de fósforo no algodoeiro

Crédito Shutterstock

Victória Chaves Valdovino
Graduanda em Agronomia – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Gisele Elisa Cossa
Maria Juliana Ferreira Perciani
Jéssica Gorri

gorrijer@gmail.com
Engenheiras agrônomas
Luisa Carolina Ricci Lucon
Bióloga

O algodoeiro exige alta fertilidade do solo que recebe a cultura para boa produtividade, principalmente em profundidade, para garantir raízes bem desenvolvidas para absorver água e nutrientes, resultando em fibras de qualidade.
As plantas de algodão, diferente dos cereais, têm um sistema radicular com menor crescimento, sendo que a fase de desenvolvimento das raízes é a vegetativa, que é a mais curta do ciclo. Dessa maneira, já no início da cultura o solo precisa estar apto física e quimicamente.
Referente às características químicas, os cerrados (onde está a maior produção de algodão) têm características de solos tropicais que os tornam pouco ricos nutricionalmente para a cultura em questão, como por exemplo:
• Alto grau de intemperismo;
• Baixos teores de nutrientes;
• Alta quantidade de fósforo não disponível (adsorvido em argila);
• Altos índices de acidez.

Soluções

Uma maneira de contornar alguns dos fatos negativos citados deve ser feita antes mesmo que o manejo de fertilidade tradicional seja realizado, com a calagem, gessagem, potassagem e a fosfatagem.
Diante da importância do macronutriente fósforo para o algodão (atuação em processos de transferência de energia das células da planta, crescimento e desenvolvimento), solos com baixos teores de fósforo podem contornar este problema com a fosfatagem, sendo o fósforo um dos nutrientes que mais limita a produção no Cerrado e um dos que tem maior custo no processo produtivo, mas essencial para que se alcance altas produtividades.

Fosfatagem

 Ação corretiva para fornecer altas doses de fósforo para que os sítios de adsorção fiquem preenchidos e, assim, aumentar a eficiência de posteriores adubações fosfatadas;
 Poupança de fósforo no solo para que desde o início da cultura seja disponibilizada a quantidade adequada do nutriente.

A prática tem como objetivo os seguintes pontos positivos:
• Maior quantidade de fósforo em contato com o solo (disponível para a planta);
• Maior volume de solo explorado pelas raízes;
• Maior absorção de água e nutrientes;
• Maior aproveitamento do fósforo aplicado no sulco de plantio.

Como implantar a técnica

O algodoeiro é uma planta exigente em solos corrigidos em fósforo para se desenvolver e produzir adequadamente. A cultura exige cerca de 25 kg/ha de P2O5 para cada tonelada de algodão em caroço produzida, porém, a resposta a adubação com fósforo depende da dose aplicada, da área de contato, do adubo utilizado e do teor de P disponível na área.
A adubação com P geralmente é realizada de duas maneiras – na primeira aplica-se na linha de plantio toda a quantidade de P que a cultura necessitará no momento da semeadura; na segunda é realizada aplicação de P a lanço com incorporação (pré-semeadura), corrigindo-se o solo até o limite considerado necessário, e no momento da semeadura faz-se a adubação de manutenção com base na extração total da cultura e na produtividade alcançada.
A aplicação de grandes quantidades de P2O5 a lanço com incorporação pode vir a promover o acesso da maior parte do sistema radicular ao fertilizante, pois este se encontrará diluído sobre toda a camada superficial do solo.
Já a aplicação de pequenas quantidades de P2O5 na linha permite colocar no solo, ao lado e abaixo da semente, as quantidades de nutrientes necessárias ao desenvolvimento inicial da planta.
Tanto para a adubação fosfatada de correção para a de manutenção, a escolha do modo de aplicação dependerá de diversos fatores, como a fonte, sistema de preparo, teor de P no solo, sistema de cultivo e declividade do terreno.

Produtividade

O fósforo, no algodoeiro, estimula o crescimento das raízes, sendo importante para o florescimento e desenvolvimento dos frutos. A adubação fosfatada também resulta em maior produtividade das culturas, como por exemplo o favorecimento de produção de massa seca e, na fibra o P favorece o comprimento e resistência da mesma.
Em campo, a adubação fosfatada é uma prática agrícola que tem um elevado custo no cultivo do algodoeiro no Brasil e pode atingir cerca de 20 a 30% do custo total de manejo. Devido a isto, é extremamente importante que a adubação seja realizada de forma eficiente e para que a cultura consiga absorver os nutrientes disponíveis e assim atinja altas produtividades.
Deve-se salientar que a adubação mineral na cultura do algodoeiro deve ser planejada considerando a disponibilidade de nutrientes do solo, exigência nutricional da cultura e os fatores que afetam a eficiência do fertilizante. Para isso, recomenda-se realizar a coleta de solo para análise química e realização da adubação corretiva.

Particularidades

A região do Cerrado brasileiro é caracterizada como a maior produtora de algodão do Brasil e possui solos naturalmente pobres em fósforo, demandando grandes quantidades de fósforo para correção e manutenção dos teores do nutriente no solo.
A adubação fosfatada pode ser realizada de duas formas distintas: a adubação corretiva total, em que o fertilizante é aplicado de uma só vez e posteriormente é realizada apenas a adubação de manutenção, ou então a correção gradativa, pelo fracionamento da adubação de correção sendo aplicada junto à adubação de manutenção na base, pela deposição do adubo na linha de semeadura e a lanço durante o desenvolvimento da cultura.
Ainda, o fósforo pode ser incorporado ou não, dependendo do sistema de semeadura adotado pelo produtor.

Fosfatagem

O fósforo é um nutriente de difícil absorção e a planta do algodoeiro possui sistema radicular rudimentar, com pequena quantidade de raízes secundárias para absorção de nutrientes. Assim, torna a planta pouco responsiva à adubação fosfatada. A prática da fosfatagem vem como uma alternativa para aumentar a eficiência da adubação fosfatada na cultura do algodão.
Sabe-se que as maiores produtividades de algodão são obtidas em solos com disponibilidade de P na classe adequada ou acima dela, ou seja, acima de 15 mg.dm-3 a 20 mg.dm-3 de P extraído pelo método da resina. Com isso, grandes quantidades de P devem ser aplicadas no sistema para garantir altas produtividades.
Em relação aos resultados observados com a implantação da técnica de fosfatagem a campo, a adubação proporciona o aumento do teor de P disponível no solo, permitindo então que a planta do algodoeiro absorva e acumule nas folhas quantidades maiores do nutriente.
Além disso, a fosfatagem acarreta maior crescimento de planta, maior incremento nos componentes de produtividade, como número e massa média de capulhos, além da produtividade de pluma.
Outros aspectos que devem ser considerados são em relação à qualidade da fibra, redução do alongamento à ruptura e índice de amarelecimento, fatores que, atrelados, acarretam uma maior produtividade da cultura. Ainda, a adubação corretiva permite uma redução no uso de fertilizante fosfatado na linha de semeadura, aumentando assim a margem de lucratividade do produtor.

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