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Taioba: hortaliça espontânea com potencial para o cultivo

A melhor época para plantar a taioba é de setembro até meados de abril, que são os meses mais quentes do ano. No auge do outono e inverno, a planta entra em período de dormência.

Fotos: Amanda Brasil

Amanda Brasil
Gastróloga, produtora de PANC e bolsista da FAPERJ-CapacitAgro
@panclandia
amandabrasil.panclandia@gmail.com

A Taioba (Xanthosoma taioba) é uma planta herbácea tuberosa, nativa do nosso país, pertencente à família Araceae. É bastante comum encontrarmos essa espécie em áreas sombreadas e úmidas (existe uma espécie semelhante, nativa da América Central, que é a Xanthosoma sagitifolium L.).

No Brasil, é bastante consumida nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, fazendo parte do acervo culinário tradicional da região sudeste, sendo sua folha a parte comumente utilizada. Já no nordeste é mais comum encontrarmos pratos com a utilização dos rizomas.

Nas demais regiões, seus usos são pontuais, fazendo com que uma parte expressiva de pessoas ainda desconheça ou tenha provado essa planta nutritiva e saborosa. Por essa razão, ela está catalogada como Planta Alimentícia Não Convencional (PANC).

Não confunda

Por seu porte robusto, pode ser facilmente confundida com algumas plantas ornamentais que não são comestíveis, sendo inclusive tóxicas, como a Xanthosoma robustum, conhecida popularmente como falsa taioba, ou ainda a Alocasia macrorrhizos, conhecida no paisagismo como orelha de elefante.

Para identificar a verdadeira taioba, é preciso estarmos atentos a algumas características principais, entre as quais podemos destacar suas folhas em formato de coração, com lóbulos acentuados, e recortes que se fundem exatamente onde começa o talo da folha.

Outra caraterística marcante é a presença da margem circundante bem marcada ao redor de toda a extensão da folha da taioba.

É possível cultivar taioba?

A resposta é sim, principalmente se for em regiões de climas tropicais e equatoriais e com bastante disponibilidade de água. A melhor época para plantar a taioba é de setembro até meados de abril, que são os meses mais quentes do ano. No auge do outono e inverno, a planta entra em período de dormência.

A propagação da taioba é feita por meio de rizomas, que devem ser plantados em local definitivo, os quais, segundo os manuais da Embrapa Hortaliças, devem ter espaçamento de 0,8 m a 1,0 m entre as leiras e de 40 cm a 50 cm entre as plantas, em solo rico em matéria orgânica. Por se desenvolverem bem em áreas sombreadas, são excelentes espécies para serem consorciadas sob plantas arbustivas em sistemas agroflorestais.

Fotos: Amanda Brasil

Colheita

As folhas devem ser colhidas quando atingirem de 30 cm a 40 cm de comprimento, o que deve acontecer entre 60 e 75 dias após o plantio, além das sucessivas colheitas das novas folhas que brotarem.

O estudo estima que a colheita seja de 1,5 kg de folhas por planta, rendendo, em um ciclo de oito meses, o equivalente a 30 toneladas de folhas por hectare.

Se o interesse for produzir rizomas de taioba, é importante poupar as folhas de colheitas constantes e a colheita dos rizomas deve ser feita entre sete a oito meses. Nesse caso, a produtividade pode atingir mais de 20 toneladas por hectare, segundo o mesmo estudo.

Os usos culinários da taioba

Ainda que a verdadeira taioba seja a espécie mais segura para a alimentação, é uma verdura para consumir cozida, nunca crua, devido à presença de oxalato de cálcio, uma substância que causa irritação nas mucosas da boca e garganta, além de causar sérios problemas de saúde com o consumo a longo prazo.

A forma tradicional de preparar a taioba é rasgando a folha entre as nervuras, e refogada em algum tipo de gordura. Esse refogado pode ser servido como acompanhamento, ou ainda compor inúmeras preparações. A taioba também pode ser incorporada em receitas doces.

Os rizomas podem ser cozidos ou fritos, e ficam parecidos com o inhame, rendendo pratos como purê, sopas, bolinhos, entre outros.

A taioba guarda uma PANC, que é o talo, uma porção da planta comumente descartada por desconhecimento, mas que após a retirada da película envolvente, o talo se transforma em um novo ingrediente saboroso e nutritivo, usado para receitas doces ou salgadas.

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