A técnica da dupla poda consiste na inversão do ciclo da videira pela realização de duas podas anuais, o que possibilita que a maturação e a colheita das uvas ocorram no Inverno, período com menor incidência de chuvas e elevada amplitude térmica (diferença de temperatura entre o dia e a noite).
O surgimento
De acordo com Claudio Góes, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin), a prática começou a ser testada no início da década de 2000, quando o então pesquisador da Epamig, Murillo de Albuquerque Regina, ex-presidente da Anprovin, retornou de doutorado na França, onde avaliou que as condições necessárias para se produzir uvas sadias e aptas para a obtenção de vinhos finos eram bastante semelhantes às características climáticas do Inverno na região cafeeira do Sul de Minas.
“Os primeiros vinhos obtidos pela técnica chegaram ao mercado no início da última década e logo conquistaram espaço no circuito gastronômico e prêmios em concursos nacionais e internacionais. Hoje, somos reconhecidos mundialmente e a Associação Nacional dos Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin), do qual sou presidente, tem a missão de defender os interesses de seus associados, oferecer orientação e assistência técnica em todas as etapas da cadeia produtiva, incluindo apoio no marketing e nas estratégias de uso da marca Vinhos de Inverno”, conta Claudio.
Benefícios
A dupla poda é uma técnica revolucionária, que colocou o vinho brasileiro em outro patamar. O presidente da Anprovin explica que, como a colheita se dá no outono e inverno, os dias são bastante ensolarados (até 27º), as noites obviamente bem mais frias (cerca de 10º) e a amplitude térmica, que é a diferença do dia e da noite, chega a 15 e 17º, um cenário ideal para as uvas. “Além disso, historicamente, não chove. A chuva é um dos grandes vilões para a uva utilizada na produção de vinhos finos”, completa.
Vale lembrar ao consumidor que existe um selo de autenticidade dos Vinhos de Inverno. Este selo está configurado como um QRCode que permitirá a ele conhecer detalhes de origem do vinho, ou seja, as informações técnicas e sensoriais que a bebida carrega e oferece. O selo apresenta ainda dados do lote de produção, registro no Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), altitude, latitude e produção daquela safra.
Basta, para isso, fazer a leitura do QRCode no contrarrótulo das garrafas de vinho produzidas pelos associados da Associação. “Hoje, temos despertado grande interesse da mídia clássica e especializada. Essa visibilidade tem nos ajudado a dizer ao Brasil que viemos para colaborar e somar dentro do segmento do vinho nacional de qualidade”, conta Góes.
O selo, inclusive, inclui a seguinte chancela: Vinho fiscalizado, certificado e qualificado pela Anprovin, conforme estatuto e regulamento interno do uso da marca coletiva “Vinhos de Inverno”.
Principais etapas
Os produtores precisam conduzir seus parreirais em regime de dupla poda, ou seja, por meio do ciclo invertido, onde maturação e colheita ocorrem durante o período de Outono/Inverno, conforme estabelecido no estatuto da Anprovin.
Claudio ilustra duas etapas bem marcantes: o período de formação e o período de produção. “Fevereiro, março e abril temos chuvas recorrentes, o que deixa tudo em ordem para a brotação dos cachos de uvas. De maio para frente, entra o período da estiagem e do frio. É nesse período que entramos no clima de maturação para a colheita. Todo esse processo tem sido feito com muito rigor técnico e emprego de tecnologia por nossos associados”.
Hoje, os Vinhos de Inverno são produzidos em sete regiões do País (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal). São 48 vinícolas associadas, a maioria no Sudeste.
Esses produtores associados somam aproximadamente 1,2 milhão de pés de uva plantados em suas propriedades, o que resulta numa produção anual de aproximadamente um milhão de garrafas. Temos plenas condições de triplicar esse número pelos próximos três anos.
Impacto da técnica
Além do investimento em tecnologia e no aprimoramento dos processos de cultivo, a combinação de altitude e amplitude térmica (noites frias e grande exposição ao sol ao longo do dia) garante um cenário perfeito para o desenvolvimento das uvas. “O solo e o microclima formam um terroir extremamente favorável à produção de vinhos de altíssima qualidade. Nossos Vinhos de Inverno têm protagonismo e personalidade. São vinhos singulares. A cada safra, nossos associados colecionam conquistas nos concursos mais prestigiados do Brasil e do Exterior”, esclarece.
O Vinho de Inverno chega à taça com uma maturação plena, encorpado e assentado. É um vinho de altíssima qualidade. Os associados utilizam múltiplas variedades de uvas que têm se adaptado no País e garantido uma produção premium reconhecida, como a Syrah, Malbec, Sauvignon Blanc e Cabernert Franc, entre outras.
Claudio encerra convidando para acessar o site da Anprovin (www.anprovin.com.br) para conhecer mais sobre o segmento.