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Torrãozinho – Ameaça às lavouras de soja

Autor

Germison Vital Tomquelski
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da Fundação Chapadão
germison@fundacaochapadao.com.br

O torrãozinho (ou cascudinho, como alguns produtores o chamam – Aracanthus spp. Coleoptera: Curculionidae) é uma praga desfolhadora, que leva a um menor desenvolvimento das plantas, consequentemente menor produtividade.

É uma praga que muitas vezes o produtor não a encontra em função do seu hábito, se escondendo em determinadas horas do dia, tanto no solo como na palhada, dificultando o seu controle.

Prejuízos

O torrãozinho pode levar a prejuízos na ordem de 30% (áreas monitoradas pela Fundação Chapadão na região norte do Mato Grosso do Sul). A desfolha provocada na soja é diferente dos demais Coleópteros encontrados na cultura. Ela acontece na região do pecíolo (base e final), o que leva a uma grande desfolha, haja visto que há queda do trifólio inteiro.

Comparado às demais pragas, a desfolha é maior, e desta forma compromete mais o desenvolvimento da planta, a fotossíntese e, consequentemente, a produtividade.

Identificação

O torrãozinho é um coleóptero com 04-05 mm de comprimento, de coloração acinzentada-amarronzada. Os adultos habitam as plantas conforme o horário – exposição à luz do dia.

Ao mexer na folha eles caem no solo, se impregnando com as partículas presentes, e se mimetizando com os torrões, fingindo de morto. A praga costumeiramente leva à queda dos trifólios, quebras dos pecíolos e, consequentemente, à desfolha da cultura.

Seu hábito é principalmente noturno, no entanto, em altas infestações o mesmo pode atacar diurnamente, preferencialmente em dias nublados. É uma espécie com ciclo em torno de 100 dias, na região do cerrado (Centro-Oeste).

As larvas habitam o solo, principalmente em áreas com maior quantidade de palha. Os primeiros ataques ocorrem a partir da bordadura, entrando para o interior do talhão.

As regiões da planta mais afetadas são o terço médio e ponteiro das plantas. Podem atacar a gema apical, quando em altas infestações. A desfolha provocada pela praga varia em prejuízos, principalmente dependendo da fase da cultura.

Outro aspecto importante é a capacidade de regeneração aos danos provocados pela praga, com a cultura em condições de seca. Nesta condição, a praga, mesmo na fase vegetativa, pode comprometer 10% da produtividade, como é o caso de áreas arenosas e com menor poder regenerativo.

Causas

Os fatores para a ocorrência desta praga são diversos. Por isso, deve-se citar o uso de coberturas, como as espécies de braquiárias e mesmo o milho (palhada da 2ª safra). Vale ainda destacar que o clima se apresenta como um fator para a maior frequência da praga, haja vista a dificuldade de controle – manejo, quando as condições climáticas não são favoráveis às aplicações. Em áreas arenosas é comum encontrar a praga.

Controle

O controle da praga é realizado na presença dos primeiros sintomas de desfolha, devendo o produtor se atentar ao horário de amostragem, para a melhor detecção da praga. O tratamento de sementes pode auxiliar como uma medida preventiva em áreas com histórico da praga.

De modo geral, esta praga apresenta poucas alternativas eficientes. Para seu controle ainda são recomendados inseticidas mais antigos, de amplo espectro, como aqueles com moléculas à base de clorpirifós, tiametoxan, bifentrina associado a carbosulfan, ou mesmo fenitrothion associado a esfenvarelato, entre outros.

Em tratamento de sementes (TS), inseticidas à base de fipronil apresentam controle de 50% na população, no entanto, o residual curto e a sobreposição de gerações comprometem a eficiência deste método. A pesquisa ainda está trabalhando para trazer mais ferramentas para o manejo da mesma.

Sem errar

O principal erro no controle desta praga está no horário de aplicação, sendo recomendadas as primeiras horas do dia, e ainda buscar utilizar gotas finas, que promovem maior penetração na cultura a fim de atingir o alvo.

Os erros ainda podem ser evitados com uma boa regulagem do equipamento de pulverização, além de se observar estes aspectos do horário para o manejo da mesma, e a busca por ferramentas mais efetivas.

Custo

De modo geral, a presença da praga tem elevado os custos na ordem de três sacas de soja, em condições mais críticas. No entanto, como relatado anteriormente, seu prejuízo pode ser bem superior a este custo de controle.

É uma praga que, a partir dos históricos de ocorrência, exige estratégias para seu manejo e TS, além das pulverizações, conforme o monitoramento. Em áreas com altas infestações vale a sistematização das pulverizações a fim de manejar os picos populacionais da mesma.

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