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Tratamento das mudas com reguladores vegetais para enraizamento

José Geraldo Mageste

Doutor e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

jgmageste@ufu.br

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia na UFU

ferbacilieri@zipmail.com.br

Vinicius Evangelista Silva

Engenheiro florestal, mestre e especialista em Nutrição e Manejo da Eldorado Brasil

vinicius.silva@eldoradobrasil.com.br

Sharlles Christian Moreira Dias

Engenheiroflorestal, mestre e coordenador de Nutrição, Manejo e Proteção Florestal da Eldorado Brasil

sharlles.dias@eldoradobrasil.com.br

Crédito Fibria
Crédito Fibria

Reguladores vegetais podem ser definidos como substâncias sintéticas ou naturais que, quando aplicadas às plantas, possuem ações similares aos grupos de hormônios vegetais auxinas, giberelinas, citocininas, ácido abscísico, etileno, brassinosteróides, poliaminas, jasmonatos, salicilatos, entre outros.

Normalmente esses compostos estão presentes na formulação de produtos conhecidos como bioestimulantes, que são originados de misturas de reguladores vegetais, ou de reguladores vegetais com outros compostos de natureza bioquímica diferente, como aminoácidos, nutrientes e vitaminas.

A raiz é um órgão essencial para a vida útil das plantas, e vem sendo objetivo de numerosos estudos nos últimos anos. Dentre as principais funções, destaca-se a absorção de água e nutrientes, sustentação da planta no solo, armazenamento de reservas e a síntese de hormônios vegetais.

O crescimento radicular é um processo complexo, no qual os efeitos de fatores ambientais e mecanismos endógenos estão envolvidos. Além da temperatura e do conteúdo de água do solo, os hormônios vegetais têm papel fundamental no processo de crescimento.

O crescimento do sistema radicular na fase juvenil da planta é de extrema importância, pois quando as plantas estão em intenso desenvolvimento da parte aérea, os ramos, folhas e flores atuam como drenos consumidores de carboidratos, competindo com o sistema radicular, que terá menores chances de crescimento.

Atuação dos reguladores

Em viveiros florestais pode-se melhorar a germinação das sementes, o enraizamento de estacas ou estimular o desenvolvimento da parte aérea das plantas, dentre outros. Pode-se citar, por exemplo,as auxinas, que quando aplicadas sobre as mudas florestais aumentam a velocidade, a qualidade e a uniformidade de enraizamento em sistemas de produção de mudas via estaquia.

Plantas que possuem um sistema radicular longo e profundo, com maiornúmero de raízes laterais, radicelas e pelos absorventes, possuem, em geral, menoresproblemas de deficiência nutricional e hídrica, debilidades provocadas por patógenos. Estas plantas possuem, ainda, um maior enfolhamento e produzem uma copa de maior qualidade.

A utilização de reguladores vegetais ou bioestimulantesé amplamente difundida em florestas, pois os cultivos, muitas vezes, ocorrem em regiões com elevado déficit hídrico, bem como em solos muito arenosos, os quais não oferecem condições mínimas necessárias para o desenvolvimento inicial das mudas e nem para manutenção das plantas nos primeiros dias após o plantio.

Em regiões onde ocorrem períodos de seca acentuados, um sistema radicularprofundo e com maior volume de raízes é de fundamental importância para a planta,pois estas raízes preencherão mais espaços no solo e promoverão uma maior absorção de água que, com o aumento do período de seca, ocorre em maioresprofundidades.

Absorção

A principal via de absorção de nutrientes se dá pelas raízes das plantas. Paraque ocorra a absorção de nutrientes é necessário, primeiramente, o contato entre onutriente e a raiz. Com isso, quanto maior a área das raízes, maiores chancesocorrerão para a interceptação e consequente absorção de nutrientes.

Plantas comraízes bem desenvolvidas, mais finas e bem distribuídas absorvem mais nutrientes,especialmente elementos cujo contato com a raiz sefaz por difusão.

Um sistema radicular mais desenvolvido terá mais sítios (locais) para a síntesede hormônios vegetais, em especial citocininas, que são produzidas também nosápices das raízes. Estas citocininas são transportadas para a parte aérea da planta esão importantes para o desenvolvimento de brotações laterais, folhas, além de serem os principais hormônios que proporcionam resistência ao estresse para as plantas.

Um maior desenvolvimento radicular também pode aumentar a tolerância relativa das plantas a ataques de pragas, como por exemplo, os cupins de solos, principalmente do gênero Syntermes. Também aumenta a tolerância de plantas a estresses ocasionados por hipoxia, que podem ocorrer em condições de excesso de umidade do solo, reduzindo a disponibilidade de oxigênio para as raízes.

Manejo

Para produção de mudas por meio de sementes, o uso de giberelinas é recomendado para quebra de dormência e consumo das reservas do endosperma para fornecer energia utilizada pelo embrião no desenvolvimento inicial.

Mais especificamente no plantio das mudas, podem-se destacar os estimulantes de raízes à base de auxinas devido a sua importância para o “arranque inicial“ e estabelecimento das culturas florestais.

Convencionalmente, utilizam-se soluções com monoamônio fosfato (MAP) e inseticidas durante o tratamento das mudas, tratando-se apenas o sistema radicular das mesmas. No entanto, existem outras tecnologias disponíveis como, por exemplo, ácidos orgânicos (ácidos húmicos e fúlvicos), que também são moléculas biologicamente ativas a podem potencializar a ação dos nutrientes e agroquímicos e melhorar o desenvolvimento das plantas.

Para minimizar os custos com eventuais replantios e obter um rápido “arranque inicial“, frequentemente os silvicultores incluem em seu manejo o tratamento das mudas com os reguladores vegetais ou bioestimulantes.

Do ponto visto prático, é uma técnica muito interessante, pois se tem a oportunidade de aplicar juntamente com os estimulantes de raízes os agroquímicos e garantir o vigor necessário para as mudas suportarem as adversidades ambientais e eventuais danos por pragas e doenças na fase inicial de desenvolvimento das florestas.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro/fevereiro 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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