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Trichoderma + fósforo

Fábio Olivieri de Nobile Professor titular do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB) fabio.nobile@unifeb.edu.br

Maria Gabriela Anunciação Engenheira agrônoma – UNIFEB

Feijão – Créditos: shurtterstock

O feijão é um clássico na alimentação do brasileiro, apresentando grande importância econômica e social. O grão é uma das principais fontes proteicas, em todas as esferas sociais. Dessa maneira, é preciso citar que a área de produção implantada com feijoeiro apresenta certa estabilidade, mas apresenta grande variabilidade em relação ao método de manejo, podendo ser, em sua maioria, sequeiro ou irrigado.

Apesar das novas tecnologias genéticas e de insumo, o sistema agrícola não é exatamente acompanhado pela redução de risco, em especial os sistemas irrigados que possuem acúmulo de diversos patógenos e pragas, beneficiados pela umidade e sucessão de culturas hospedeiras.

Dados da Embrapa resumem que, no Brasil, o feijoeiro possui sete patógenos de solo com acentuada importância, sendo seis fungos e uma bactéria. As podridões secas, compreendidas pelos fungos do gênero Fusarium, integra este grupo de patógenos do solo transmitidos também por sementes.

Os fungos do gênero Fusarium são favorecidos por temperaturas altas, compactação e alta umidade do solo, condições comuns onde há cultivo intensivo, especialmente irrigado.

Dentre as formas de tratamento, pode-se destacar o uso de fungicidas no tratamento inicial de sementes e o uso de cultivares que produzam maior volume de raízes, utilizando uma boa densidade de semeadura e evitando práticas que possam gerar ferimentos nas raízes.

Danos fatais

As doenças de solo compõem um dos principais pilares da perda de produtividade do feijoeiro, sendo que o complexo de fungos do gênero Fusarium pode causar até 100% de perda.

As plantas afetadas podem ser identificadas pelo aspecto das folhas, visto que estas se tornam pálidas e flácidas, amareladas até, finalmente, caírem, de forma a causar a morte da planta.

Relata-se que a murcha é mais comum na fase reprodutiva, no entanto, plantas jovens, onde o caule ainda não apresenta alta lignificação, apresentam um murchamento muito rápido que leva à morte da planta.

No caule também é possível observar lesões avermelhadas, quando cortado de maneira longitudinal. Os tecidos vasculares apresentam coloração escura, e fisiologicamente falando a planta se torna incapaz de transportar nutrientes e água.

Solução

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Uma alternativa viável e eficiente é o uso de controle biológico de fitopatógenos com fungos antagonistas presentes no gênero Trichoderma que, por meio de diversos mecanismos complexos, atuam nos micélios e estruturas de resistência dos fungos fitopatogênicos. Há eficiência relatada para diversos tipos de patógenos que acometem várias culturas como, por exemplo, os causadores de tombamentos e mofo-branco.

Além de atuar como agente de controle, o Trichoderma também apresenta ação como promotor de crescimento, indutor de resistência e solubilizador de minerais pouco solúveis ou insolúveis, como fosfatos de rocha e óxidos de manganês e ferro. Em razão disso, o Trichoderma se tornou um dos fungos mais pesquisados como agente de controle de doenças de plantas para a formulação de biodefensivos.

Dentre os fatores que podem atuar no controle de Fusarium está, além do controle preventivo (químico ou biológico), o balanço nutricional adequado de todos os nutrientes indispensáveis para a cultura, pois a nutrição está relacionada com o desencadeamento de estruturas de defesa da planta, desde modificações na anatomia até a produção de fitoalexinas.

A deficiência de nutrientes necessários para a síntese de compostos químicos e barreiras físicas, em pontos de infecção, pode tornar as plantas mais suscetíveis.

O patógeno é capaz de penetrar nos tecidos radiculares do feijoeiro, mas também no hipocótilo e em tecidos radiculares mais desenvolvidos, geralmente por ferimentos ou aberturas naturais. Um exemplo é a presença de Meloidogyne incognita, Meloidogyne javanica e Pratylenchus spp, nematoides capazes de causar ferimentos e aberturas que podem favorecer a entrada do patógeno no sistema radicular. Podem ser citadas, também, algumas larvas de coleópteros que podem favorecer o ataque do patógeno.

Viabilidade

Ao integrarmos o fungo Trichoderma junto a uma ação eficiente de fósforo no plantio, fornecendo o nutriente de maneira adequada, estamos garantindo um sistema radicular estruturado, atenuando a ação do patógeno que ataca os vasos das plantas através das raízes e causa um colapso fisiológico.

A aplicação eficiente e na quantidade ideal de fósforo vai garantir o desenvolvimento inicial das plântulas. É importante citar que muitos isolados de Trichoderma estão intimamente relacionados à solubilização de fósforo, sendo este um ponto muito positivo.

Além disso, o sistema radicular estará protegido, visto que espécies de Trichoderma são capazes de suprimir o desenvolvimento de vários fungos fitopatogênicos e seus mecanismos antagonistas possuem amplo espectro de ação.

Ao aplicar o fungo, por tratamento de sementes ou através de sulco de semeadura, ele irá colonizar a rizosfera e ter efeito contínuo, diferente dos produtos químicos aplicados no tratamento de sementes que duram em torno de 20 dias, sendo uma prática eficiente a utilização dos dois.

Trabalhos relatam que a aplicação via sulco de semeadura é mais eficiente, justamente por não causar um contato direto entre o fungicida e o fungo antagonista. No entanto, hoje em dia já existe recomendação de aplicação de Trichoderma na parte aérea das plantas, uma vez que o microrganismo possui eficiência em patógenos da parte aérea também.

Custos

Para produtos à base de Trichoderma, o custo é muito variável, dependendo da empresa e da formulação do biodefensivos. No entanto, de maneira generalizada, podemos citar que a base é entre R$ 40,00 e R$ 125,00 por hectare, levando em consideração também a dosagem, que pode ser de 150 a 300 mL.ha.

Vale ressaltar que é de extrema importância procurar produtos provenientes de empresas idôneas, cujo biodefensivo passou por registro, o que vai garantir a qualidade do que está sendo aplicado no campo, pois uma concentração exponencial de microrganismos menor do que a relatada ou a presença de contaminantes pode causar ineficiência do produto, de modo que a severidade do ataque do patógeno irá causar perdas potencialmente irreversíveis.

O controle biológico é uma prática de manejo de extrema eficiência e muito sustentável, no entanto, é preciso que este seja feito de maneira correta e assertiva, pois o uso de microrganismos tem um potencial enorme para a agricultura moderna.

Isso pode ser facilmente observado com o interesse de empresas nacionais e multinacionais por fazer parte deste mercado. Entretanto, é preciso que o manejo seja feito de maneira adequada, com a escolha correta dos produtos, dosagens e formas de aplicação.

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