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Último dia do CBSementes é marcado pela realização de três simpósios simultâneos

Crédito - R.R. Rufino
Crédito – R.R. Rufino

Agricultura e floresta podem sim andar lado a lado

“Sem florestas não há água, sem água não existe agricultura“, enfatiza a engenheira florestal Márcia Balistiero Figliolia. Este é o tom que o Simpósio de Sementes Florestais, coordenado pelo engenheiro florestal Manuel de Jesus Vieira Lima, traz para as discussões do 19º Congresso Brasileiro de Sementes, que encerra hoje em Foz do Iguaçu ” PR.

Mostrar que o reflorestamento e as atividades agropecuárias podem andar lado a lado e não são assuntos concorrentes, como já se acreditou no passado, é um dos desafios do setor. Ter produtores, pesquisadores e sementeiros reunidos em um mesmo evento é a oportunidade ideal para difundir essas informações. “É muito importante estarmos juntos com o nosso público para sensibilizar sobre a importância de conservar e recuperar as florestas e, principalmente, de que a agricultura e florestas não são antagonistas. Pelo contrário, trabalham juntas com o objetivo de garantir a qualidade de vida do homem e do meio ambiente“, explica a engenheira florestal e participante do Simpósio, Fatima Conceição Márquez Piña Rodrigues.

Hoje, a produção florestal do Brasil se concentra principalmente nas sementes madeireiras, como no plantio de exóticas (Eucalipto e Pinus) ou Teca e Cedro-australiano. Na área de não-madeireiros, o uso das sementes é bastante representativo para extração de óleos, cosméticos, alimentícios e medicinais.

Segundo Piña, o novo código reduziu as áreas disponíveis para restauração, mas não criou um sistema eficiente “de restauração e fiscalização das áreas que se mantem obrigadas a restaurar“. Para a engenheira, isso impactou diretamente nos viveiros, na produção de mudas e, consequentemente, na produção de sementes de espécies nativas, já que, segundo dados levantados pelo LASEM (Laboratório de Sementes e Mudas da UFSCar- campus Sorocaba), 90% da produção de sementes no estado de São Paulo (65% de colheitas próprias dos viveiros) é utilizada na produção de mudas para restauração.

Uma fiscalização mais incisiva por parte do MAPA ajudaria a garantir que as regulamentações previstas no Código Florestal sejam cumpridas, é o que defende Márcia Figliolia. “Se a regulamentação vigente fosse realmente executada, já teríamos um aumento de demanda por sementes florestais considerável e, o mais importante, um crescimento significativo nas áreas recuperadas. Mas para que isso aconteça é preciso fiscalizar“, analisa.

Para Fatima, é importante que o segmento encare o Código Florestal, da maneira como está formulado atualmente e utilize as aberturas permitidas para difundir a silvicultura nacional. “É preciso mostrar que o agricultor pode produzir, sim, em áreas que devem ser recuperadas. Uma alternativa é optar pelo plantio de espécies florestais com potencial de produção, como o Jacarandá Caviúna, que tem um alto valor econômico e pode ser plantado consorciado com pastagem“, exemplifica.

Para concluir, a engenheira florestal ressaltou a importância da parceria com o setor agropecuário nacional. “Existem muitos caminhos e alternativas possíveis para que agricultura e floresta andem lado a lado. Fato que é determinante para garantir a sustentabilidade e potencial produtivo do Brasil. Fato que só aumenta a nossa necessidade de dialogar com o agricultor“.

 

Crédito - R.R. Rufino
Crédito – R.R. Rufino

Mudança de postura do consumidor é essencial para combater pirataria de sementes forrageiras

Colocar em pauta todo o sistema produtivo do setor de sementes de forrageiras, que, apesar de extremamente relevante, ainda carece de aprimoramento e produção de conhecimento técnico e científico. Esse foi o desafio do segundo Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras, realizado durante o 19º Congresso Brasileiro de Sementes.

“O Brasil apresenta mais de 120 milhões de hectares de forrageiras cultivadas, fornecendo alimentação para um rebanho estimado em mais de 170 milhões de cabeças, ocupando posição de destaque com o maior rebanho comercial do mundo e maior exportador mundial de carne bovina“, afirmou a coordenadora do Simpósio, a engenheira agrônoma Jaqueline Verzignassi, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte.

Atualmente, o Brasil produz cerca de 60 mil toneladas de sementes de espécies forrageiras puras ao ano. Cerca de 20% desse montante são exportados para mais de 20 países. Considerando apenas sementes de forrageiras tropicais e o mercado formal, o setor movimenta aproximadamente 1,2 bilhão de reais por ano.

Mas grandes produtores tendem a enfrentar problemas proporcionais. No Brasil, um deles é a pirataria. Segundo Verzignassi, a prática é responsável por grandes prejuízos financeiros para o sistema produtivo, para a pesquisa e para o consumidor. “Estima-se que 30% das sementes de espécies forrageiras comercializadas sejam piratas ” o que é sinônimo de perda para todos os envolvidos na cadeia produtiva. O País deixa de arrecadar impostos, os obtentores dos genótipos deixam de arrecadar royalties e, consequentemente, a pesquisa deixa de receber os dividendos para apoio em suas atividades“, apontou.

Outra barreira ao pleno desenvolvimento do setor de forrageiras é a comercialização de sementes abaixo dos padrões mínimos exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Verzignassi explicou que o assunto tem sido bastante discutido pelos diversos setores que compõem a cadeia produtiva de sementes de forrageiras no Brasil e que também será abordado no Simpósio. Assim como o processo de certificação, que vem sendo cada vez mais reconhecido como “ferramenta ligada ao controle de qualidade da produção de sementes e fundamentada na preservação da identidade genética das sementes comercializadas“.

Para o futuro do setor, as expectativas são positivas: o mercado vem crescendo e ganhando notoriedade. “[Esperamos] pela mudança de postura do consumidor no que se refere à escolha das sementes, com a consequente melhoria da qualidade do produto ofertado“, concluiu.

 

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Patologia de sementes pode garantir sanidade e reduzir perdas nas lavouras

As boas práticas da agricultura fazem toda a diferença quando o objetivo é um bom resultado no campo. É preciso investir em uma semente boa e vigorosa e empregar o manejo adequado.  No entanto, nem só de boas práticas se faz uma boa lavoura. É preciso também atentar-se para as doenças que podem acometer a população de plantas e que, se não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem comprometer todo o investimento realizado pelo produtor.

Esse foi o alerta dado durante o 13º Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes, realizado no último dia do 19º Congresso Brasileiro de Sementes e coordenado pela engenheira agrônoma Marlove Fatima Brião Muniz.

Segundo o palestrante, engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), José da Cruz Machado, o setor de patologia só tem a contribuir com a evolução da qualidade sanitária de sementes. “[Existem] métodos eficazes de detecção e controle de patógenos por meio de tratamento de sementes e manejo dos cultivos, além de cuidados necessários na fase pós-colheita“, explicou.

Contudo, o engenheiro ainda fez questão de ressaltar que a maior garantia de segurança sanitária para o produtor é sempre o uso de sementes sadias, vigorosas e de origem conhecida. Ressaltando, mais uma vez, o prejuízo que a pirataria acarreta para todo o setor agropecuário nacional.

Machado disse também que as perdas para o setor sementeiro em razão de patologias são variáveis de acordo com as doenças e a espécie da planta cultivada. “Para alguns patossistemas as perdas diretas são facilmente mensuradas, baseando-se na relação de percentuais de sementes infectadas e os efeitos visualizados no cultivo imediato“. Nesse caso, segundo ele, a perda pode ser total ou em níveis equivalentes ao lucro que os agricultores poderiam alcançar.

“Por outro lado, a introdução de inóculo de muitas doenças nas áreas de produção, significa garantia de ataque gradual e crescente dessas doenças ao longo dos cultivos em sucessão“, ou seja, os efeitos talvez não sejam vistos de imediato, mas, progressivamente, vão surgindo nas culturas plantadas sucessivamente. “Para algumas doenças como mofo-branco em soja, feijão, etc., fusarioses, antracnoses e bacterioses em diversas espécies, as perdas são inestimáveis, principalmente do ponto de vista epidemiológico“, constatou.

Segundo Machado, o objetivo do Simpósio é justamente alertar para a importância do setor de patologia para a agricultura brasileira. “Além de atualização de conhecimentos, o evento é uma oportunidade para reflexão sobre a situação atual da política de inserção e consolidação da patologia no sistema agrícola, fazendo com que correções de rumos e estratégias de ação sejam debatidas e definidas pela comunidade participante“, concluiu.

Fotos: R.R. Rufino

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