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Vira-cabeça pode causar prejuízos de100% à alface

 

Addolorata Colariccio

Pesquisadora científica, doutora/Laboratório de Virologia Vegetal/ Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal/ Instituto Biológico

colariccio@biologico.sp.gov.br

Diversos sintomas de vira-cabeça na alface - Crédito Addolorata Colariccio
Diversos sintomas de vira-cabeça na alface – Crédito Addolorata Colariccio

A doença conhecida como vira-cabeça, que pode ser causada por uma das espécies de vírus: Tomatospottedwiltvirus (TSWV); Tomatochlorotic spot virus (TCSV); Groundnutringspotvirus (GRSV); Zucchinilethalchlorosisvirus (ZLCV) ou Chrysanthemumstemnecrosisvirus (CSNV), todas pertencentes ao gênero Tospovirus, família Bunyaviridae, sempre causou grandes prejuízos às culturas do tomate, alface, abobrinha e ornamentais em várias partes do mundo.

Recentemente, tem provocado grandes perdas econômicas em cultivos de alface em vários países, fato que já havia sido reportado na década de 90, quando ocorreramepidemias no Havaí, Brasil, Austrália e Portugal, com perdas de até 100% da produção.

Segundo levantamento realizado no Brasil, em 1986, plantas de alface quando infectadas pelo TSWV podem sofrer perdas de até 100%. No Brasil há poucos estudos quantitativos das perdas provocadas pelos tospovírus em nível de campo, entretanto, estes vírus são os que causam mais danos econômicos em hortaliças.

Danos

 As perdas econômicas são maiores nos períodos de primavera e verão, quando ocorre um aumento da população do tripes vetor Frankliniellaschultzei (Trybom) (Thysanoptera: Thripidae), que em períodos de seca migram para a cultura da alface.

Outro fator importante das perdas é a presença de um grande número de plantas hospedeiras dos tospovírus, tanto entre as plantas cultivadas, como amendoim, girassol, melancia, soja, tomate, pimentão, pimenta, como entre as espécies da vegetação espontânea que atuam como reservatórios do vírus e como colonizadoras do vetor, na ausência das culturas no campo.

O vira-cabeça também ataca plantas de tomateiro - Crédito Wellington Brito
O vira-cabeça também ataca plantas de tomateiro – Crédito Wellington Brito

Hospedeiras

Em levantamento realizado no campus da UNESP, em Jaboticabal (SP), foram identificadas 19 hospedeiras do tripes. Dentre estas, rabanete, nabiça e mostarda foram as que apresentaram as maiores porcentagens de F. schultzei, 45, 27 e 17% respectivamente, um inseto polífago que predomina em plantas daninhas como a artemísia e a falsa serralha que já foi descrita, em São Paulo, como hospedeira do TSWV.

O Tripes tem muitos abrigos alimentares, onde vivem, alimentam-se e fazem o seu ciclo criatório. Quando há uma seca, as pragas simplesmente migram para as alfaces.

Se não for controlada a tempo, a doença pode devastar uma lavoura de alface - Crédito Sílvio Calazans
Se não for controlada a tempo, a doença pode devastar uma lavoura de alface – Crédito Sílvio Calazans

Regiões atacadas

As regiões de Sumaré, Raffard e Monte Mor, no interior paulista, têm baixa incidência de tospovírus nas áreas de canaviais, pois o tripes não coloniza essa cultura. Entretanto, na Serra Gaucha a incidência na cultura do tomateiro é muito alta, devido, principalmente,à diversidade de plantas, que são reservatórios do vírus e colonizadoras do tripes vetor.

Muitas espécies de tripes têm um grande círculo de hospedeiras, tanto nas plantas cultivadas quanto em vegetação espontânea, e se mantêm na ausência da cultura nas espécies da vegetação espontânea.

Em alface, há registros de 82,4% da presença de F. occidentalis e de 8% de F. schultzei. Em geral, o aumento populacional de tripes está relacionado a condições de alta temperatura e clima seco, sendo sua maior sua incidência no período de novembro a março, nas principais regiões produtoras de alfaces dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

A adoção de variedades resistentes está entre as saídas mais eficientes para conter o vira-cabeça - CréditoShutterstock
A adoção de variedades resistentes está entre as saídas mais eficientes para conter o vira-cabeça – CréditoShutterstock

Sintomas no campo

Os sintomas no campo podem ser identificados devido à paralisação do crescimento das plantas de alface e da ausência de formação da parte interna das plantas (miolo da alface), podendo ocorrer a paralisação de um dos lados do miolo da planta, sintomas que ocorrem nas diferentes variedades da alface. Inicialmente, em plantas jovens os sintomas se manifestam nas folhas como um mosaico esbranquiçado, com a formação de anéis que podem ser cloróticos ou necróticos.

Em plantas mais velhas ocorrem manchas necróticas e bronzeamento das folhas, geralmente em um dos lados da folha. A infecção sistêmica é caracterizada por murcha marginal, amarelecimento e bronzeamento de folhas internas e da nervura. As infecções que ocorrem no início do desenvolvimento das plantas são mais severas e geralmente causam a morte.

A variação dos sintomas apresentados pelas plantas é determinada em função da espécie hospedeira, idade e estado nutricional da planta, época do plantio e das condições climáticas.

Plantas de alface afetadas por tospovírus apresentam coloração amarelo e verde claro, tornando-se mais atrativas aos tripes do que a plantas sadias, com tons de verde mais escuro. Esta maior atratividade por cores claras pode também ser responsável pela maior preferência para alimentação e oviposição em plantas com sintomas de doença.

 

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