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Perspectiva para o agronegócio brasileiro

Coluna Pensando Estrategicamente, por Antônio Carlos de Oliveira. Texto publicado originalmente no Diário de Uberlândia.

Antônio Carlos de Oliveira/Reprodução

O agronegócio brasileiro para o ciclo 2024/2025 está repleto de expectativas e desafios. Com o lançamento iminente do Plano Safra 2024/2025, a ser anunciado no próximo dia 03 de julho, o governo brasileiro planeja novos investimentos e políticas para apoiar culturas chave como soja e milho, incentivando a produção agrícola. No entanto, o setor enfrenta um cenário complexo, com variáveis internas e externas impactando os preços e a produção.

A valorização do mercado externo, prêmios de exportação elevados e uma taxa cambial favorável ao dólar (R$/US$) indicam uma tendência de alta nos preços até o final de 2024. Em contrapartida, a expectativa de uma safra recorde nos EUA e o aumento dos estoques globais podem pressionar os preços a longo prazo. Eventos climáticos extremos e escassez de água também apresentam desafios significativos para a produção agrícola e pecuária.

Em resposta, políticas governamentais estão sendo desenvolvidas para mitigar esses impactos e promover a sustentabilidade, enquanto inovações tecnológicas são essenciais para aumentar a eficiência e resiliência do setor. A instabilidade do cenário internacional adiciona um grau de incerteza, com previsões de crescimento moderado do PIB agrícola para o período.

SOJA
A colheita da segunda safra de 2024 está em ritmo acelerado em regiões como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Contudo, a oferta está limitada por produtores atentos aos impactos do clima quente e seco. A redução na área plantada nos EUA para a safra 2024/2025 e a valorização do trigo, que possui alta correlação com os preços globais de milho, indicam uma tendência de alta nos preços futuros. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos em 2025 estão entre US$ 5,00 e US$ 5,15 por bushel. No radar, estão a colheita da segunda safra brasileira e o mercado climático, que pode ser influenciado pela La Niña.

ARROZ
Os preços do arroz em casca tendem a permanecer elevados durante a entressafra, mesmo sem riscos de desabastecimento. O governo brasileiro inicialmente decidiu importar 1 milhão de toneladas de arroz e zerar o imposto de importação até 31/12/24 para conter a alta dos preços, medida posteriormente cancelada por irregularidades no processo.

A safra do Rio Grande do Sul está 95% colhida, com oferta total no país de 12,3 milhões de toneladas contra um consumo de 11 milhões de toneladas. Os preços globais do arroz permanecem elevados desde 2023, influenciados pela proibição de exportações pela Índia devido a uma seca. No radar, estão os leilões de compra de arroz importado pelo governo e os efeitos do zeramento do imposto de importação.

TRIGO
Os preços externos e internos do trigo registram fortes altas, influenciados por condições climáticas desfavoráveis (secas e geadas) na Rússia, maior exportador global. Na Bolsa de Chicago, o trigo Soft Red Winter subiu 14,7% nos últimos 30 dias, enquanto o trigo da Argentina avançou 17,4%, alcançando US$ 297 por tonelada. As altas externas estão impulsionando os valores no Brasil, com cotações oscilando entre R$ 1.450 e R$ 1.500 por tonelada no Paraná e entre R$ 1.300 e R$ 1.400 no Rio Grande do Sul. No radar, estão o encarecimento das importações da Argentina e o plantio da nova safra, afetado pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

FEIJÃO
As cotações do feijão carioca e preto registram queda em relação a maio de 2024. O feijão carioca oscila entre R$ 245 e R$ 275 por saca de 60 kg, enquanto o feijão preto varia de R$ 240 a R$ 260 por saca. A oferta continua acima da demanda, com preços pressionados nas lavouras e no atacado. A projeção de produção total de feijão em 2024 é de 3,32 milhões de toneladas, contra um consumo de 2,85 milhões de toneladas. No radar, estão a colheita da segunda safra em junho, o clima sobre a terceira safra e os impactos da La Niña sobre a primeira safra de 2024/2025.

ALGODÃO
Os preços da pluma têm suporte na paridade de exportação, mas o avanço da colheita da safra recorde de 2023/2024 limita as altas. Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros com vencimentos em 2025 oscilam entre 76 e 82 cents por libra-peso, com viés de baixa. A paridade de exportação Free Alongside Ship é de R$ 4,08 por libra-peso no Porto de Santos/SP, com base no Índice Cotlook A. A recuperação nos preços internacionais estimula novos contratos a termo. No radar, estão o forte ritmo das exportações brasileiras em 2024 e os excedentes de exportação dos EUA em 2024/2025.

CAFÉ
As cotações futuras do café arábica na ICE US estão sustentadas entre 223 e 230 centavos de dólar por libra-peso, devido ao clima seco no Vietnã, maior produtor de robusta. Cerca de 20% da safra 2024/2025 foi colhida, com relatos de grãos menores e com problemas de formação. No mercado interno, as cotações do arábica estão acima de R$ 1.250 por saca de 60 kg, enquanto o robusta está acima de R$ 1.100 por saca. No radar, estão as cotações globais do robusta e os impactos da La Niña sobre a próxima temporada.

AÇÚCAR
As cotações futuras do açúcar na ICE US para os contratos de 2024/2025 recuaram para cerca de 18 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma queda de 26% em 12 meses. A ampla oferta mundial e as fortes exportações do Brasil pressionam os preços futuros. As safras de cana-de-açúcar na Índia e Tailândia poderão ser favorecidas pela La Niña. No mercado interno, o avanço na produção de açúcar da safra 2024/2025 leva as usinas a ofertarem a preços mais baixos. A oferta de etanol também está elevada. No radar, estão a produção asiática de cana, o petróleo e a competitividade do etanol, e o clima sobre a safra brasileira.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O agronegócio brasileiro no ciclo 2024/2025 apresenta um cenário de desafios e oportunidades, marcado por condições climáticas adversas, variações cambiais e oscilações nos mercados globais. A atenção aos fatores climáticos e às políticas governamentais será crucial para a gestão eficiente da produção e comercialização dos produtos agrícolas.

A adaptação às novas realidades do mercado será determinante para o sucesso do setor no próximo ciclo. Este cenário reflete informações coletadas no momento e está sujeito a oscilações imprevistas que podem afetar os resultados.

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