Os valores do café registram um aumento significativo ao longo de 2024, tanto no mercado doméstico quanto internacional, impulsionado pela alta procura externa e questões climáticas que resultaram em um recuo da produção. Isadora Araújo, economista da GEP Costdrivers, destaca que enquanto a produção brasileira deve registrar queda de 0,5% em 2024, o volume das exportações do país subiu 40,1% entre janeiro e agosto em relação ao ano anterior, evidenciando o desequilibro entre oferta e demanda. Diante deste cenário, espera-se que o preço continue em alta, com o valor internacional do atacado crescendo 24,67% este ano.
Justificada principalmente pelo impacto das condições climáticas adversas – como estiagem, chuvas dispersas e altas temperaturas –, a queda da produção interna deverá ser puxada pela situação das principais regiões: Minas Gerais deve registrar queda de 3,27% no ano; e Rondônia e Bahia devem ter recuos de 16,73% e 13,05%, respectivamente, no café robusta. Como resultado, nos últimos 12 meses, o preço doméstico desse grão registrou um aumento de 119,30%, enquanto o café arábica teve uma variação de 78,43%, e o mercado internacional 63,42%.
Ao mesmo tempo, a exportação brasileira de café registrou uma valorização significativa (40,1%) entre janeiro e agosto de 2024, comprovando que a demanda externa se encontra aquecida e criando um cenário favorável para a alta dos valores. Além disso, a elevação da commodity no mercado internacional junto ao aumento do dólar no Brasil, colaboram ainda mais para esse crescimento.
Diante desses fatores, a GEP Costdrivers projeta aumentos anuais acumulados em 2024 para os preços domésticos em atacado do item: 52,21% para o café arábica; e 87,79% para o café robusta. Já o preço internacional indica valorização de 24,67% no ano, sendo impulsionado principalmente pela situação do café robusta, que vem acumulando perdas na produção mundial total desde a safra 2022/23 e 2023/24, em -1,64% e -4,10%, respectivamente, puxadas pela contração da produção vietnamita, brasileira e indonésia.
Até o momento, Araújo afirma que as estimativas de safra global 2024/25 são positivas, projetando uma melhora de 4,17% para a produção global, ao mesmo tempo que o consumo deve crescer em um ritmo menor, a 1,85%, e os estoques finais devem ter aumento previsto de 7,73%, indo na contramão dos futuros do item na Bolsa de Nova Iorque, que precifica queda acumulada em 2025 em torno de -4,88%. “É importante ressaltar que a projeção da bolsa se altera diariamente, já que considerada os preços negociados pelos agentes para as datas futuras; portanto conforme a expectativa muda, o preço futuro também deve ser alterado”, aponta a especialista.
A expectativa é que os agentes alterem a projeção por conta do La Niña, que ocorrerá na época de plantio do grão no Brasil – neste último trimestre – e que deve afetar negativamente a safra. Apesar disso, de acordo com a economista “a alta deve ser contida, tendo em vista que há perspectiva de safra crescente, suprindo o esperado para o consumo total. Também se espera que os EUA, principal destino das exportações brasileiras de café, cresça menos em comparação a 2024, o que deve desacelerar a demanda externa pelo item, contendo as possíveis altas”.