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Nematoides – O terror das hortaliças

Fábio Ramos Alves

Doutor em Agronomia e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

fabioramosalves@yahoo.com.br

Guilherme de Resende Camara

Mestre e doutorando em Produção Vegetal ” UFES

Crédito Carlos Inácio Garcia
Crédito Carlos Inácio Garcia

Tendo em vista que as hortaliças tuberosas apresentam contato direto com o solo, sendo estruturas total ou parcialmente subterrâneas, elas são mais facilmente propensas ao ataque de pragas e patógenos do solo (insetos, nematoides, fungos e bactérias). Contudo, a presença desses organismos na lavoura nem sempre é um indicativo de perda na produção. Torna-se necessário, portanto, conhecer as pragas ou patógenos mais importantes para cada cultura, assim como suas formas de manejo.

Na cadeia produtiva das hortaliças, diversos são os fatores bióticos e abióticos que dificultam a sua produção e afetam a sua disponibilidade. Os fitonematoides, organismos parasitos de plantas, quando presentes em altas densidades populacionais, afetam consideravelmente a fisiologia da planta hospedeira por prejudicar a absorção e a translocação de água e nutrientes, além de depreciar comercialmente o produto a ser comercializado, constituindo, assim, um dos problemas fitossanitários de maior importância para a produção de hortaliças.

Além disso, a alta capacidade de sobrevivência destes organismos no solo torna o manejo complexo, o qual dependerá de práticas preventivas para uma maior eficiência a campo.

Principais espécies de nematoides

Nematoide Culturas atacadas
Meloidogyne spp. Hortaliças tuberosas em geral: batata inglesa, batata yacon, cenoura, beterraba, inhame e gengibre.
   
Pratylenchus spp. Tubérculos em geral.
Ditylenchusdipsaci Alho e cebola.
Scutellonemabradys Inhame.

Prejuízos

As perdas ocasionadas pelo parasitismo de fitonematoides podem ser expressas tanto pela redução da produção quanto pela depreciação da qualidade do produto a ser comercializado, podendo alcançar 100% de perdas, a depender da intensidade da infestação, da área de cultivo, de fatores climáticos e da cultivar plantada.

Danos aos tubérculos

O fitonematoideDitylenchusdipsaci é altamente destrutivo ao alho e à cebola. Plantas de alho parasitadas apresentam tamanho reduzido e aumento de sua espessura, visto a hipertrofia dos tecidos, os quais tornam-se esponjosos, pouco consistentes e com amarelecimento progressivo das folhas a partir do ápice.

Em ambientes secos, os bulbilhos apresentam-se dessecados e de baixo peso, enquanto que em ambientes úmidos apresentam podridão mole e odor desagradável. Para a cultura da cebola, o nematoide causa deformação foliar acompanhada de enrolamento ou formação de bolhas no limbo.

As folhas crescem desordenadamente e com aspecto flácido, semelhante à murcha, apresentando posteriormente aspecto clorótico. As cebolas infectadas tornam-se inchadas e tendem a apodrecer rapidamente durante o período pós-colheita.

Na cultura da batata, Meloidogyne spp., em altas densidades populacionais, acarreta desuniformidade de tamanho, nanismo e folhas com aspecto murcho e clorótico, ocasionando elevados prejuízos em decorrência da baixa produção. Nos tubérculos, que pouco se desenvolvem, observam-se deformações (galhas radiculares), popularmente conhecidas como “pipocas“, ocasionadas pelo parasitismo do patógeno.

Meloidogyne spp. ou bifurcação na cenoura - Crédito Fábio Ramos
Meloidogyne spp. ou bifurcação na cenoura – Crédito Fábio Ramos

No Brasil, para a cultura da cenoura, os nematoides das galhas (Meloidogyne spp.) estão entre os patógenos mais agressivos. M. incognita e M. javanica são as espécies com maior distribuição geográfica.

A espécie M. incognita possui quatro raças (1, 2, 3 e 4), que são caracterizadas por atacar diferentes espécies botânicas. Outras espécies, como M. hapla e M. arenaria, também são observadas em áreas isoladas do País, todavia danos consideráveis às plantas somente ocorrem em regiões tropicais e subtropicais.

De forma geral, nas raízes laterais e principais, o parasitismo das plantas por Meloidogyne spp. acarreta deformação, bifurcação e alteração na superfície das raízes e baixo desenvolvimento da parte aérea das plantas, assim como na cultura da batata observam-se deformações popularmente conhecidas como “pipocas“.

Fitonematoides do gênero Meloidogyne são os mais agressivos para a cultura da beterraba. O parasitismo deste patógeno provoca redução do crescimento da planta, amarelecimento, murcha e, consequentemente, redução da produtividade.

Scutellonemabradys, conhecido como nematoide da casca preta do inhame, é considerado o fitonematoide de maior importância para a cultura. Na parte aérea, sintomas não são observados. Contudo, as túberas apresentam áreas escuras, profundas e necrosadas, com aspecto de podridão seca. Com o avanço da doença, observa-se o escurecimento interno e rachaduras na casca.

 

 

Essa matéria completa você encontra na edição de março 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

 

 

 

 

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