Lucas da R. Garrido
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho
A videira pode ser atacada por muitos patógenos e pragas que, na ausência de medidas adequadas de controle, acarretam perdas significativas na produção. O enfraquecimento da planta pela desfolha e depreciação da qualidade da uva produzida, principais danos do ataque de pragas e doenças, representam a abertura para a infecção da planta por outros patógenos e o comprometimento da safra futura.
O controle deve ser racional e o mais acurado e preciso possível, a fim de evitar tais problemas, com menor impacto negativo sobre o ambiente, menor exposição dos aplicadores de agrotóxicos e, consequentemente, menor resíduo possível no produto final. A qualidade não deve ser vista apenas como a aparência do vinhedo ou da uva produzida, mas como o somatório das variáveis mencionadas anteriormente.
Condições para as doenças
A presença de esporos e/ou outras estruturas reprodutivas de fungos fitopatogênicos sobre a videira não necessariamente resultará no desenvolvimento de doenças. Torna-se chave que a planta seja de uma cultivar suscetÃvel, as condições meteorológicas estejam favoráveis ao patógeno e esse apresente formas virulentas e potencial de inóculo adequado para o início do processo infeccioso.
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O manejo integrado de pragas foi um conceito desenvolvido pela entomologia e posteriormente adaptado para a área de doenças de plantas. Embora alguns patógenos possam, em certos casos, ser controlados por uma única medida de controle, como, por exemplo, a aplicação de fungicidas, a complexidade dos fatores envolvidos pode afetar a eficiência do tratamento, tornando-se necessária a utilização de outras medidas para a obtenção de um controle satisfatório.
É importante a utilização e combinação de diferentes métodos (evasão, exclusão, erradicação, proteção, regulação, imunização e terapia), para obter a otimização na redução da incidência e severidade das doenças na videira e, consequentemente, alcançar o máximo de produtividade sem reflexos negativos no ambiente, de maneira sustentável e economicamente viável.
Além dos métodos citados, a tecnologia de aplicação (conjunto de práticas antes e durante a pulverização)deve receber especial atenção pelo viticultor, por se tratar de uma ferramenta determinante no combate às doenças e pragas da videira.
Métodos de controle
O controle das doenças da videira não deve ser resumido apenas à aplicação de fungicidas, ignorando-se que outras medidas adotadas desde a implantação do vinhedo poderão minimizar os danos dos patógenos sobre a planta e tornar o controle mais fácil. Logo, sempre que possível, devem-se utilizar outras práticas, para um melhor resultado final.
Evasão
As medidas de controle baseadas na evasão visam à prevenção da doença pela fuga em relação ao patógeno e/ou condições ambientais favoráveis, por exemplo, tomando cuidados na escolha da área onde o parreiral será implantado. Outras medidas:
- Evitar áreas recém-desmatadas, pois são mais propÃcias à ocorrência de podridões radiculares;
- Escolher áreas bem drenadas, de preferência as meias-encostas de pouca declividade;
- Evitar terrenos expostos a ventos frios;
- Escolher terrenos em que a exposição proporcione boa insolação;
- Evitar as baixadas, pois nelas se concentram maior umidade e duração do molhamento foliar.
Exclusão
A prevenção da entrada e estabelecimento de um patógeno em uma área isenta é feita por meio de medidas quarentenárias, previstas em legislações fitossanitárias e promulgadas por órgãos governamentais, nacionais e internacionais. Porém, medidas de exclusão, em âmbito mais restrito,podem ser aplicadas pelo próprio agricultor. Entre essas medidas, destacam-se:
ð Utilizar apenas mudas com qualidade fitossanitária e genética garantidas, isentas de podridões internas, na base das mudas e na região da enxertia;
ð Efetuar a desinfestação periódica de ferramentas durante as operações de poda;
ð Efetuar a desinfestação de implementos e rodas de tratores após trabalho em áreas contaminadas com fungos de solo, a fim de evitar sua dispersão.
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