Abraão Carlos Verdin Filho
Mestre em Produção Vegetal e pesquisador no Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)
Recentemente foi lançada uma nova técnica de poda para o café arábica, denominada Poda Programada de Ciclo para o Café Arábica (PPCA). Originada do conilon, esta técnica está sendo bastante empregada por produtores de arábica, com resultados de pesquisa e prática junto aos produtores.
A técnica consiste em inserir hastes ortotrópicas nas plantas de café arábica e efetuar a retirada da saia (baixeiro), após as colheitas. A inserção destas hastes será possível após uma recepa da lavoura.
Há, entretanto, duas primÃcias básicas:
ð Inserção de hastes ortotrópicas nas plantas;
ð Retirada da saia ou baixeiro após as colheitas.
No conilon, a poda pode representar até 35% de sua produtividade. Atualmente, são comuns produções entre 70 a 80 sc/benef/ha/ano, porém, em algumas lavouras com produção superior a 120 sacas, antes de efetuar esse manejo no conilon a produtividade média era de 45 sacas/ha/ano.
No café arábica a média das lavouras mais tecnificadas nas regiões de montanhas do Espírito Santo variam na faixa de 35 sc/benef/ha/ano. Com o manejo da Poda Programada de Ciclo – PPCA, conseguimos uma média superior a 46 sc/benef/ha/ano.
Manejo
As principais etapas da metodologia são:
üRecepa da lavoura: pode ocorrer entre os meses de julho a setembro,dependendo da região a ser aplicada. Posteriormente, efetuar a desbrota e condução da brotação;
üCondução das plantas recepadas: conduzir com oito a 12 mil hastes ortotrópicas/ha, na maioria dos casos variando com duas ou três hastes por planta, utilizando sempre os ramos ortotrópicos mais vigorosos;
ü1ª colheita: realização da primeira colheita no ano seguinte e após efetuar a poda de limpeza dos ramos plagiotrópicos e desbrota;
ü2ª colheita: realização da segunda colheita sem poda de limpeza dos ramos plagiotrópicos e com desbrota;
ü3ª colheita: realização da terceira colheita, e após efetuar a poda de limpeza dos ramos plagiotrópicos e desbrota;
ü4ª colheita:realização da quarta colheita, sem poda de limpeza dos ramos plagiotrópicos e com desbrota;
ü5ª colheita: realização da quinta colheita. Após, deixar apenas uma haste ortotrópica por planta, selecionando a mais vigorosa e ainda nas laterais da planta, promovendo assim maior luminosidade na base da planta, condição ideal para desenvolvimento de ramos com maior potencial produtivo. Concomitante entre 40 a 60 dias após a poda das hastes, realizar a primeira desbrota, deixando o mesmo número de hastes definido anteriormente, ou seja, de dois a três brotos;
ü6ª colheita: realização da sexta colheita, retirada da haste ortotrópica envelhecida e condução dos brotos novos, formados a partir do 6º ano.
A melhor época para realizar as podas é sempre após a colheita, mas esse período pode variar de região para região, geralmente entre julho a setembro.
Sem erros
Na recepa e na PPCA, efetuar a desbrota com brotos no máximo a 20 cm.Em anos de safra baixa não será necessário efetuar a poda de limpeza dos ramos plagiotrópicos, salvo após a primeira colheita. Não conduzir lavouras com mais de 12.000 hastes/ha.
Custo
Custo de uma lavoura conduzida por PPCA e por poda tradicional
Valor dh = R$ 50,00 (considerando esse valor como a diária de um homem para os dois sistemas);
Valor da sacade 60 kg = R$ 400,00 (considerando esse valor de uma saca/60 kg/ benef.)
Experimento com café em poda tradicional = 35 sacas/ha
Experimento com poda PPCA = 46 sacas/ha
Custo com a poda e desbrota
A produção de somente 28% a mais já paga o investimento no novo sistema, além de agregar várias outras vantagens, enumeradas a seguir:
ðRedução média de 50% de mão de obra na colheita;
ð Elimina a recepa na lavoura: reduz o Ãndice de morte de raízes das plantas;
ðPadroniza o manejo da poda; traz facilidade de entendimento e execução;
ð Padroniza a densidade de hastes verticais na planta e área;
ðMaior facilidade de locomoção dentro da lavoura; tratos culturais e fitossanitários;
ðAumenta o Ãndice de matéria orgânica no solo, devido às podas;
ðMaior uniformidade na florada e maturação dos frutos;
ðMenor pressão de pragas e doenças na lavoura, com menor área de abrangência;
ðReduz a bienalidade da lavoura, com maior estabilidade e qualidade final do produto;
ðAumento de produtividade média em até 26% da lavoura.
Por fim, ressalto que esse manejo é recomendado para regiões de agricultura familiar, com topografia acidentada ou não, com colheita manual, com peneiras e lonas ou derriçadeiras.