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Por que optar pelos fertilizantes de liberação lenta em florestas?

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Fitotecnia

ernanelemes@yahoo.com.br

José Geraldo Mageste

Engenheiro florestal, doutor e professor – ICIAG-UFU

jgmageste@ufu.br

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU

ferbacilieri@zipmail.com.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Os fertilizantes classificados como de liberação lenta (FLL) foram desenvolvidos para aumentar a eficiência no uso dos nutrientes. Esta característica está associada à dissolução/liberação vagarosa do nutriente presente nos grânulos. Isto faz com que haja redução das perdas, principalmente pela volatilização, lixiviação ou adsorção às argilas.

Os FLL geralmente são envoltos por polímeros, películas ou resinas que permitem a solubilização ou a liberação do nutriente gradativamente, aumentando o tempo de liberação após a aplicação.

Os FLL possibilitam a disponibilização dos nutrientes de uma forma constante às plantas, de maneira a facilitar seu aproveitamento. Por outro lado, considerando que as espécies florestais possuem tempo de vida mais longo que as espécies anuais, a liberação prolongada possibilita o fornecimento do nutriente-alvo muito além do momento do plantio.

A marcha de absorção de nutrientes por estas espécies pode ser do início do desenvolvimento até o arranque inicial, evitando assim a falta do nutriente num período que possa comprometer o crescimento e produtividade dos povoamentos.

Para as mudas

A disponibilidade gradual e constante de nutrientes permite às plantas um crescimento adequado e ininterrupto ao longo de seu ciclo. No estágio de muda, as plantas precisam de ampla disponibilidade de alguns nutrientes, como potássio e nitrogênio, que influenciarão a produtividade futura.

A utilização de FLL em substrato para a nutrição de mudas é indicada para evitar que as plantas jovens sofram qualquer restrição nutricional durante seu desenvolvimento inicial. As doses recomendadas de FLL podem variar entre 02 e 05 kg/m3 de substrato, conforme a concentração de nutrientes na formulação do FLL.

FLL x fertilizantes convencionais

O mogno possui ciclo longo e absorve nutrientes em todas as fases, portanto, é interessante o uso de fertilizantes de liberação lenta - Crédito: Adilson Santos
O mogno possui ciclo longo e absorve nutrientes em todas as fases, portanto, é interessante o uso de fertilizantes de liberação lenta – Crédito: Adilson Santos

Em comparação com os fertilizantes tradicionais, de dissolução rápida, os FLL também aumentam a eficiência das fertilizações por reduzirem as perdas. Os nutrientes sendo liberados gradativamente na solução do solo e não tudo em um curto período, como ocorre nos fertilizantes tradicionais, estão menos sujeitos a serem perdidos por adsorção aos minerais do solo ou lavados e lixiviados pela água da chuva.

Outra forma de perda dos nutrientes nos fertilizantes é por meio de reações químicas, como ocorre com o nitrogênio (N), que pode volatilizar pela desnitrificação quando a umidade do solo é alta e o fertilizante não é incorporado, como no caso da ureia.

Perda de nutrientes

Outro fator que contribui para a redução da eficiência das adubações é a condição física e química do solo inadequada. Grande parte dos solos destinados a florestamentos e/ou reflorestamentos não são os mais férteis nas propriedades rurais.

A maioria dos sites se encontra em estado crítico de nutrientes ou necessidade de correção do pH. Por outro lado, estes solos são muito intemperizados e, consequentemente, ricos em óxidos de ferro (Fe) e alumínio (Al),chegando a inibir a absorção de fósforo (P), cloro (Cl), molibdênio (Mo) e potássio (K).

Muitos desses solos são arenosos, com baixa capacidade de troca catiônica (CTC), e por isso a perda de nutrientes via lixiviação é grande, principalmente quando são aplicados fertilizantes de rápida dissolução ou fertilizantes tradicionais.

Mais vantagens

Outro benefício associado aos FLL refere-se à praticidade de trabalho, pois como são mais persistentes no solo, então precisão ser aplicados com menor frequência. Considerando ainda que os fertilizantes representam até 50% do custo variável da produção agrícola, então a utilização de FLL é uma alternativa promissora, além de ser uma grande vantagem a praticidade da sua utilização, resultando num ganho operacional para o produtor.

Em constante evolução

Em espécies florestais, atualmente a aplicação de FLL é mais conhecida para produção de mudas. Em povoamentos adultos ainda está se desenvolvendo e aperfeiçoando a tecnologia. Mas, por outro lado, para a maioria dos macronutrientes a aplicação em florestas adultas necessita de outras considerações.

Os FLL são mais caros que os fertilizantes tradicionais por quantidade de nutriente fornecido. Então, sua aplicação está condicionada ao futuro uso da madeira produzida neste povoamento. Produtos de maior valor econômico justificam ainda mais o uso desta nova tecnologia.

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro/outubro 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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