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Fertilidade biológica – A compreensão do solo como sistema de produção sustentável

 

Ricardo BemficaSteffen

Doutor em Ciência do Solo e Pós-Doutor em Organismos do Solo e Insumos Biológicos pra Agricultura

agronomors@gmail.com

Gerusa Pauli Kist Steffen

Doutora em Ciência do Solo e pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI)

 

Crédito Pixabay
Crédito Pixabay

Logo seremos um planeta com mais de 7,6 bilhões de habitantes e com 30% de seu solo agricultável em diferentes estágios de degradação. Com base nestas informações, questiona-se como alimentar tanta gente, sendo eficaz e preservando os recursos naturais? Esta pergunta é inquietante, pois nossos sistemas de produção estão cada vez mais agredindo os recursos naturais, e se não agirmos logo, teremos sérios problemas a reparar.

Neste contexto, estão inseridos grandes grupos de agricultores e cientistas, a fim de buscar respostas e dar uma direção para o rumo da tão sonhada “sustentabilidade“ para nossos sistemas de produção de alimentos e insumos, sendo cada vez mais atual a busca da humanidade por soluções para os problemas ambientais que vêm acometendo o planeta. Dentre as preocupações, encontra-se o uso sustentável do solo agrícola para produção de alimentos, fibras e energia.

Poro formado por minhocas - Crédito Ricardo Bemfica Steffen
Poro formado por minhocas – Crédito Ricardo Bemfica Steffen

Soluções

Para chegarmos a possíveis soluções para estes problemas, precisamos, antes de tudo, compreender o que significa ecossistema. Fazemos parte de um grande sistema complexo com diversos seres vivos que interagem entre si na mais perfeita ordem. Contudo, esta ordem tem sido afetada pelo crescimento desenfreado da agropecuária mundial e, não diferente, da agropecuária brasileira.

Sabendo que a agricultura é fundamental para a manutenção da vida, e que o setor agropecuário depende diretamente do solo para a sustentação e continuidade de todas as formas de vida, isso nos direciona para uma compreensão maior do solo. Se limitar à definição de que o solo é um sistema aberto e trifásico (sólido, líquido e gasoso) é extremamente simplista.

Precisamos, sim, compreender que a biodiversidade nos ecossistemas, em especial no ecossistema solo, é a base da produção agrícola. Precisamos compreender também que em um ecossistema a rápida resposta dos processos microbianos e da estrutura das comunidades às alterações físicas, químicas e biológicas constitui o aspecto central da qualidade do solo. Precisamos, finalmente, compreender que o solo é um ecossistema vivo.

Organismos decompositores, presentes no solo - Crédito Ricardo Bemfica Steffen
Organismos decompositores, presentes no solo – Crédito Ricardo Bemfica Steffen

Pesquisas

A história da agricultura moderna se confunde com o avanço das pesquisas relacionadas a manejos, genética, mecanização e tecnologias envolvidas com o aumento de produtividade e melhoria da qualidade do setor agropecuário.

Após a revolução que o sistema plantio direto proporcionou ao manejo das lavouras, em especial em áreas de clima tropical e subtropical, as evoluções quanto à fertilidade e nutrição de plantas aparentemente atingiram um patamar produtivo que pouco evoluiu nos últimos anos.

No período pré-revolução verde, antes da adição massiva de moléculas químicas sintéticas provocar um desbalanço nutricional, hormonal e enzimático nas plantas, a proteção ao ataque de pragas, bem como a fertilização dos cultivos era realizada por agentes biológicos, ou seja, por organismos e microrganismos benéficos envolvidos na ciclagem, fixação e solubilização de nutrientes, bem como na proteção vegetal.

Posteriormente, na evolução das ciências biológicas e da terra, o conhecimento sobre o comportamento vegetal em solos equilibrados deu início à teoria de trofobiose. Após a revolução verde, com o incremento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, passou-se a utilizar insumos inerentes ao aumento produtivo das culturas, tanto para atender a demanda crescente por fibras, alimentos e energia, como para aumentar a margem de lucro dos envolvidos na cadeia produtiva.

Embora a linha de raciocínio da pesquisa da época estivesse correta ao dar suporte ao crescimento do setor agrícola, os efeitos ou consequências deste novo conceito produtivo seriam evidenciados apenas no momento em que a intervenção do homem, em desacordo com os processos naturais, viesse a desestabilizar o sistema produtivo.

Foto 04

Desequilíbrio do solo

Em que momento ocorreu o desequilíbrio no sistema agrícola, comprometendo a qualidade dos solos? A questão certamente poderá resultar em diferentes respostas. No entanto, boa parte delas irá circundar o entorno da utilização desproporcional de insumos externos, principalmente fertilizantes minerais e moléculas químicas sintéticas.

É necessário, neste momento, compreender que, embora os macro e micro elementos utilizados na agricultura sejam essenciais para o desenvolvimento das plantas e fundamentais para a obtenção das produtividades esperadas, as formulações às quais estes elementos estão disponíveis apresentam efeito salino no solo, resultando na diminuição da atividade microbiana e redução das interações entre a fração viva do solo e plantas cultivadas. A diminuição das simbioses rizosféricas resulta em limitações tanto na absorção de água e nutrientes quanto no efeito essencial que exsudatos microbianos exercem no desenvolvimento e crescimento das plantas.

Crédito Daniel Vieira
Crédito Daniel Vieira

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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