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Efeito dos bioestimulantes em mudas de alface

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU

ferbacilieri@zipmail.com.br

Roberta Camargos de Oliveira

Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia

robertacamargoss@gmail.com

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Fitotecnia

ernanelemes@yahoo.com.br

Crédito JKS
Crédito JKS

A produção de mudas é uma etapa muito importante no cultivo de qualquer hortaliça. No caso da alface, os agricultores podem realizar esse processo na mesma propriedade onde é feita a produção final desta folhosa ou contratar o serviço de viveiros especializados que garantirão a produção de mudas padronizadas.

Para obtenção de mudas de alface com alta qualidade existem diversas tecnologias disponíveis aos produtores, dentre elas os bioestimulantes, que são ferramentas voltadas para o manejo fisiológico das mudas.

Ação e reação

Os bioestimulantes não apresentam ação direta contra pragas e doenças e, portanto, não se inserem no segmento regulamentar de defensivos agrícolas como fungicidas, inseticidas, acaricidas ou nematicidas. Embora possam conter nutrientes em suas formulações eles atuam por mecanismos diferentes nas plantas.

Alguns bioestimulantes podem apresentar efeito de reguladores e hormônios vegetais, como giberelinas, auxinas e citocininas, e assim influenciarem processos de desenvolvimento importantes para os vegetais.

A dormência de sementes de alface é bastante citada na literatura e o uso de produtos com efeito de giberelinas aplicados nas sementes proporciona rápida germinção e uniformidade na emergência das plântulas, garantindo padronização das mudas.

Um objetivo comum para uso de bioestimulantes em mudas é estimular o crescimento do sistema radicular, o que pode ser conseguido com o uso de produtos como extratos de algas que apresentem efeito, ou são precursores de auxinas e, desta forma, as mudas terão maior fixação ao substrato, vão absorver melhor os nutrientes,a água e ficarão menos suscetíveis a estresses.

Benefícios

O teor de clorofila nas folhas pode ser favorecido pela aplicação de bioestimulantes, refletindo na capacidade fotossintética e no desenvolvimento da parte aérea das mudas, e com isso as mudas não ficarão mais tempo que o necessário ocupando espaço no viveiro.

Problemas de fitotoxidade também podem ocorrer na produção de mudas, particularmente quando realizada a aplicação incorreta de agroquímicos ou fertilizantes, e quando isso acontece os bioestimulantes formulados com aminoácidos podem ajudar na recuperação das plantas rapidamente, amenizando os danos e “destravando“ as mudas.

Como aplicar

A suplementação com nutrientes via foliar será mais eficiente com o uso em conjunto de bioestimulante. Uma função já conhecida dos aminoácidos é a quelatização de nutrientes acelerando a absorção dos elementos através das folhas.

As substâncias húmicas também podem promover o aumento da absorção de nutrientes por meio de um aumento da permeabilidade da membrana plasmática devido à ativação de H+ -ATPases ou pela ação surfactante dos ácidos húmicos e fulvicos.

Quando as mudas são retiradas do viveiro para serem transplantadas no campo há uma alteração drástica nas condições ambientais, resultando em estresse por temperatura, agua, luz nutrientes, etc. Os bioestimulantes podem ser utilizados para reduzir o estresse no transplantio, a morte das mudas e a necessidade de replantio.

Plantas oriundas de mudas de qualidade e vigorosas terão ciclo de cultivo mais curto, o que permite os agricultores intensificar o número de cultivos por área.

A aplicação de bioestimulantes estimula a clorofila nas folhas - Crédito Shutterstock
A aplicação de bioestimulantes estimula a clorofila nas folhas – Crédito Shutterstock

Para o solo

A prática de irrigação realizada regulamente na produção de mudas resulta no empobrecimento do substrato, com a perda de nutrientes por lavagem ou lixiviação. Bioestimulantes compostos por ácidos húmicos e fúlvicos aplicados ao substrato irão aumentar a capacidade de troca catiônica e os nutrientes ficarão disponíveis por mais tempo às plantas.

Além do benefício sobre o aproveitamento dos nutrientes, as substâncias húmicas também podem influenciar no crescimento e desenvolvimento das mudas. Alguns autores atribuem esses efeitos à atividade hormonal dos ácidos húmicos e fúlvicos, enquanto outros consideram que estes compostos inibem enzimas que degradam hormônios como a IAA-oxidase.

Atenção

Uma dificuldade dos técnicos e produtores para a adesão desse tipo de tecnologia é que os bioestimulantes são registrados como fertilizantes foliares, e isso dificulta a diferenciação entre produtos que apenas fornecem nutrientes e os produtos que, além de nutrientes, apresentam efeitos fisiológicos, como no caso dos bioestimulantes.

A aplicação de bioestimulantes na produção de mudas de alface não deve ser calendarizada, mas sim ser realizada para prevenir ou solucionar problemas fisiológicos.

Algumas perguntas podem ajudar na hora de decidir utilizar tais produtos, dentre elas: 1) O que aplicar? 2) Quanto aplicar? 3) Quando aplicar? 4) Como aplicar? 5) Compensa aplicar? Com essas questões respondidas, fica esclarecida a necessidade ou não do uso de bioestimulantes.

Atualmente, existe à disposição dos agricultores uma gama variada de produtos com proposta de bioestimulação de plantas e com diferentes posicionamentos quanto à dose e época de aplicação. Os usuários devem seguir as recomendações dos fabricantes e dar preferência para produtos de empresas idôneas e tradicionais do mercado.

Essa matéria você encontra na edição de março2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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