Alfredo JuniorPaiola Albrecht
Leandro Paiola Albrecht
Professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ” Setor Palotina e Supervisores do Grupo Supra Pesquisa
Arthur Arrobas Martins Barroso
Professor da UFPR ” Setor de Agrárias em Curitiba
Fernando Storniolo Adegas
Pesquisador da Embrapa Soja
Juliano Bortoluzzi Lorenzetti
Acadêmico de Mestrado UFPR ” Setor Palotina
A buva é uma planta daninha que tem causado grandes preocupações e prejuízos aos agricultores dos Estados de Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, grandes regiões produtoras de soja, milho e trigo. No entanto, esta infestante também tem aparecido como problema em várias outras regiões do Brasil, como o Cerrado, se espalhando com muita velocidade.
Uma planta de buva pode produzir, dependendo da espécie, até 350 mil sementes, que por serem muito pequenas e leves são levadas pelo ventoa grandes distâncias. Além do controle químico, realizado em pré e pós-emergência, outras práticas de manejo, como a cobertura de solo, sãoconsideradas fundamentais.O fato é que o controle de mais este inimigo da agricultura é difícil, exigindo a adoção de diferentes estratégias que serão abordadas neste artigo.
Espécies e danos causados
As plantas do gênero Conyza, conhecidas como buva, cujas principais espécies presentes no Brasil sãoConyzacanadensis, Conyzabonariensis e Conyzasumatrensis, são originárias das Américas.
O ciclo da buva é anual para C. bonariensis e C. sumatrensis e pode ser bianual para a C. canadensis, de ocorrência na primavera/verão. Sua dispersão ocorre exclusivamente por meio de sementes, que são de fácil disseminação pelo vento.
Com relação ao número de sementes produzido por planta, são encontrados vários relatos que comprovam a produção de até 250 mil, porém, trabalhos técnicos mais recentes concluemque para C.sumatrensis esse número pode chegar a 350 mil sementes produzidas durante o ciclo da planta.
Além de produzir esta quantidade imensa de sementes, a buva pode produzir aleloquímicos e tambémpode servir de “ponte verde“, abrigando pragas e doenças. Fato comum entre a colheita do milho de segunda safra (safrinha) e a semeadura da soja (período de entressafra) é encontrar percevejos e lagartas abrigados nas plantas de buva, que se tornam um problema, poisassim que a soja for instalada na área eles já estarão lá prontos para o “ataque“.
Menos produtividade
Segundo resultados de trabalho apresentado noCongresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas de 2010, porGazziero e colaboradores, populações de buva de 4,7 plantas m-2 ocasionaram perda de produtividade de 23% na soja. Populações altas, como 16 plantas m-2 causaram redução 41%, e 18 plantas m-2 reduziram 48% a produtividade.
Resultados obtidos por Fornarolli, com auxÃlio de outros pesquisadores,demonstraram que a presença de 01 plantam-2 teve capacidade de reduzir a produtividade da soja em cerca de 1.500 kgha-1. Nessa mesma pesquisa, em um nível intermediário, de 11 plantasm-2houve redução de 2.500 kgha-1, e no maior nível de competição, com 33 plantasm-2, a soja perdeu produtividade na ordem 3.500 kg ha-1.
Contudo, a redução da produtividade causada pela interferência das populações de buva podem ser diferentes de acordo com a cultivar de soja utilizada. A fim de determinar isso, o professorMichelangelo Trezzi, da UTFPR de Pato Branco, com auxÃlio de colaboradores, avaliou sete cultivares de sojaem situações de ausência e de presença de 13,3 plantasm-2 de buva, sendo observado perdas de até 30% de produtividade na soja com a interferência da infestante.