Autores
Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Maria Gabriela Anunciação
Graduanda em Engenharia Agronômica -UNIFEB
Estima-se que cerca de 100 mil produtores estejam envolvidos no cultivo de cebola no Brasil e, ainda, que cerca de 250 mil empregos indiretos sejam gerados. Dessa maneira, a quantidade de cebola produzida no Brasil chega próxima a 1,5 milhão de toneladas.
A produtividade é junção de uma série de fatores que contribuem para que cultura possa expressar todo seu potencial e, por conta disso, é preciso levar em conta uma série de fatores, que vão desde a escolha da cultivar, condições adequadas de luz e temperatura, irrigação e aspectos relacionados à nutrição de plantas.
Todos esses parâmetros, que devem ser muito bem planejados, refletem em todo o ciclo da cultura, desde a duração da fase vegetativa até a formação dos bulbos.
A cebola é rica em compostos que apresentam propriedades antioxidantes, em especial os compostos fenólicos, capazes de eliminar os radicais livres, protegendo contra a oxidação celular. As concentrações de tais componentes são influenciadas por fatores genéticos, condições ambientais e condições de manejo.
A cebola
No quesito nutricional, é importante levar em consideração que as plantas possuem um equilíbrio, portanto, é necessário estudar o balanço adequado de macro e micronutrientes. No caso da cebola, por exemplo, há uma grande demanda por potássio (K).
Vale lembrar que os nossos solos são naturalmente pobres desse elemento, em função de perdas por lixiviação e erosão, por exemplo, sendo necessário repor de forma adequada para que a cultura consiga completar seu ciclo e garantir bons resultados ao produtor.
Os fertilizantes, de forma geral, encarecem os custos de produção, no entanto, é necessário atender as condições da cultura de interesse para que seja possível externar de forma eficiente a produtividade. Diante disso, faz-se preciso estar atento ao mercado e às formas de inovação disponíveis.
As necessidades de K na cultura são relativamente altas. Estima-se que seja necessário 40 g.kg-1 do nutriente para que a cultura consiga se desenvolver de forma satisfatória. Isso ocorre devido às diversas funções do K na planta, que variam desde a regulação osmótica e ativação metabólica.
É justamente na função de ativação metabólica, uma vez que o K não possui função estrutural, que o nutriente se mostra como limitador ou precursor de sucesso na produtividade. A ativação metabólica é essencial para a síntese proteica, de forma a influenciar no acúmulo de matéria seca e, por consequência, no peso dos bulbos.
Vantagens
Os efeitos do K na cebola são largamente discutidos, em função de sua importância. No entanto, uma nova forma de aplicação está sendo estudada e mostrando resultados em diversos pontos do País.
A nova forma estudada consiste em aplicar, durante o período de enchimento do bulbo, uma fonte altamente concentrada de potássio por meio de pulverização foliar, que vai resultar em ativação de sínteses proteicas e, como já explicado, no acúmulo de matéria seca e peso do bulbo.
Além disso, também tem sido efetivo na indução de resistência contra fatores abióticos como, por exemplo, a seca, por meio de melhorias nos efeitos do estresse hídrico e térmico. Aliado ao K está o uso de aminoácidos, com o intuito de fornecer energia para a cebola, aumentando seu metabolismo e promovendo um carreamento maior de fotoassimilados para o bulbo, o que ocasiona elevadas produtividades.
Fontes de aminoácidos
Outro ponto observado é que, quando atrelado a fontes de aminoácidos, também podem ocorrer aumentos de produtividade, uma vez que o aumento no fornecimento de energia melhora a capacidade do carreamento de fotoassimilados.
O uso de aminoácidos já foi relatado em diversas culturas, causando melhorias como, por exemplo, aumento no número de sacas por hectare de soja, quando utilizados no tratamento de semente. Na cebola não é diferente, a tecnologia também tem resultados, visto que os aminoácidos, de maneira geral, vão melhorar a absorção, transporte e assimilação de K pelas plantas. Sendo assim, além de melhorar a ação do nutriente na planta, os aminoácidos vão trabalhar na redução de perdas, uma vez que potencializam a absorção.
De maneira simplista, a influência do K no enchimento de bulbos da cebola se dá, especialmente, pela regulação osmótica, aumentar a disponibilidade desse nutriente durante a fase de enchimento de bulbo significa promover melhor entrada de água e fotoassimilados e, por consequência, causar melhorias no enchimento de bulbos.
A função do aminoácido nessa equação é melhorar a capacidade da planta em absorver o nutriente potássio para que, assim, ele consiga realizar suas funções.
No entanto, é preciso ressaltar que as pesquisas realizadas hoje em dia com cebola e o complexo K + aminoácidos vem demonstrando que os benefícios não param por aí. Existem relatos de que o uso de aminoácidos promove o crescimento de plantas mesmo em condições de estresse.
A aplicação de aminoácidos também tem sido ligada à tolerância de plantas e estabilização das membranas celulares, além da indução de resistência contra agentes abióticos e bióticos.
Análise de solo
A aplicação de qualquer nutriente de plantas deve ser mediante a análise prévia de solo, correlacionada com a necessidade da cultura, levando em consideração o número de aplicações e pacote tecnológico do produtor. Bons resultados foram encontrados com cerca de 150 kg.ha-1 de K2O, mas é importante ressaltar que o produtor não vai obter as respostas esperadas quando a quantidade de fertilizante for insuficiente ou exagerada, ou quando a aplicação for numa fase não responsiva da cultura.
Sendo assim, é importante consultar um engenheiro agrônomo para garantir que as doses sejam efetivas e, no caso da época de aplicação, deve levar em função o momento de maior extração de K pela cultura, sendo este momento a partir de 85 dias até 145 dias.
Viabilidade
O custo-benefício da aplicação do complexo potássio + aminoácidos irá refletir em diversos níveis da produção, por exemplo, na utilização de insumos, uma vez que será reduzida a perda de potássio, ou seja, aumento da eficiência de utilização do nutriente e a nível de produção, visto o maior peso dos bulbos que irá causar satisfação, tanto ao produtor quanto ao consumidor final.
Na vertente econômica, é uma opção viável, além disso, ao aumentar a eficiência de utilização através da diminuição de perdas por erosão e lixiviação, tem-se uma vertente ambiental muito importante na agricultura moderna.
Devemos lembrar que os aminoácidos são fontes de proteínas e os vegetais têm a capacidade de produzi-los. Portanto, a maior resposta em produtividade é o uso de produtos com a capacidade de induzir a planta à produção de aminoácidos essenciais à sua síntese de proteínas, ao invés de fornecer aminoácidos específicos que podem não ser aproveitados pela cebola.