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Brasil pode dobrar exportações de frutas para o Reino Unido

Frutas – Crédito: Shutterstock

Brexit e hábitos alimentares mais saudáveis dos britânicos abrem oportunidades para exportador brasileiro, apontou estudo da Apex-Brasil apresentado em webinar promovido pela Agência com participação da Abrafrutas  

Para 2022, o Brasil tem perspectivas promissoras de aumento de exportação de frutas exóticas e superalimentos, como mangas, mamões, pêssegos, nectarinas e berries, para atender o Reino Unido.  

Dois fatores são determinantes no contexto do País: a mudança de hábitos de consumo alimentar dos britânicos e o Brexit, que passa a vigorar no próximo ano com a implementação de barreiras sanitárias aos produtos da União Europeia – atualmente principal região exportadora para o País.  

Este foi o cenário apresentado no Webinar Oportunidades para Frutas no Reino Unido, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), nesta quinta-feira (30).  

O evento teve como objetivo atender as empresas brasileiras e ajudá-las na tomada de decisão para entrar no mercado do Reino Unido, com base em dados do estudo “Frutas no Reino Unido”, elaborado pela Gerência de Inteligência de Mercado da Apex-Brasil. O documento (aqui) faz uma análise detalhada de cenário e de mercado com ênfase em cinco frutas: uvas frescas, maçãs, mamões, mangas e limões.  

A reunião virtual contou com a participação dos analistas da Gerência de Inteligência de Mercado da Apex-Brasil, Guilherme Nacif e Patrícia Steffen, do adido agrícola do Brasil no Reino Unido, Augusto Luís Billi, e do representante da Abrafrutas, Jorge de Souza.  

“Para se ter uma ideia do potencial gerado pelo Brexit, o Reino Unido importa 88% das frutas que consome, sendo que metade dessas importações vêm da União Europeia. O ano de 2022 será chave, pois a região começará a implementar barreiras sanitárias aos produtos da UE, o que irá diminuir as importações oriundas do bloco, trazendo mais oportunidades para os exportadores brasileiros”, destacou Augusto Billi. 

O adido agrícola ainda mostrou as reduções tarifárias e de regulação que foram aplicadas para a importação de frutas de países de fora da EU. Houve facilitação, inclusive, no controle de pragas, o que também auxilia a entrada dos produtos brasileiros no Reino Unido.  

Jorge de Souza destacou que o Brasil é o terceiro produtor mundial de frutas, mas exporta muito pouco. O mercado mundial de exportação de frutas movimenta US$ 150 bilhões por ano, sendo que o País tem apenas 0,6% de participação nesse total. “Nós precisamos crescer esses números, pois a fruticultura gera renda inclui pequenos e médios produtores, contribui para o desenvolvimento das regiões onde está presente e muda a realidade objetiva desses locais, ou seja, melhora a vida das comunidades”, destacou o representante da Abrafrutas.  

A expansão dos negócios de frutas brasileiros para o Reino Unido tem potencial de aumento também porque os britânicos têm monitorado sua alimentação para controlar o peso e estão mais atentos a informações nutricionais nos rótulos de alimentos e bebidas, com o incentivo do governo britânico, que tem feito campanhas relativas ao tema. Segundo a pesquisa Lifestyles Consumer Survey, da Euromonitor de 2020, 34% dos britânicos monitoram sua alimentação para controlar o peso e 32% leem as informações nutricionais nos rótulos de alimentos e bebidas.  

Essa tendência explica o aumento no consumo de frutas que são superalimentos, como blueberries e cranberries. Considerados itens de luxo há alguns anos, eles passaram a integrar a mesa do público cada vez mais preocupado com uma alimentação balanceada. Entre 2019 e 2020, as exportações nacionais de frutas para o Reino Unido tiveram um aumento de 44%, saltando de US$ 95,8 milhões para US$ 138 milhões. A previsão é de que, até 2023, a taxa de crescimento médio anual destes produtos seja de 3,3%, em termos de volume. 

Os participantes do Webinar ainda destacaram os impactos da Covid 19 neste cenário. As lojas de alimentos, isentas das medidas de fechamento, tiveram crescimento de 10,4% em suas vendas. Além disso, a expansão das vendas online de produtos frescos, incluindo frutas, aumentou em 4,7%.  

Canais de distribuição 

O estudo aponta as várias opções que os produtores brasileiros que desejam exportar para o Reino Unido têm para adentrar este mercado, como redes de supermercados, atacadistas, lojas de descontos, lojas étnicas e especializadas. A variedade de canais e opções de distribuição, no entanto, dependem da qualidade dos produtos oferecidos no mercado.  

Segundo Billi, “o mercado do Reino Unido é uma vitrine para o mundo, mas é muito exigente, pois há a preocupação com a sustentabilidade, se o produto possui certificações ambientais, sociais, de comércio ético. O que comove o coração do consumidor é ver ou saber quem colheu a fruta, sua história, o carinho com que tudo é feito e como a produção muda a vida daquelas pessoas”, concluiu.  

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